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2018-07-06 às 22h01

Portugal e Moçambique têm uma «relação única»

Primeiro-Ministro António Costa e Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, Maputo, 5 julho 2018 (Foto: António Silva/Lusa)
Portugal e Moçambique têm uma «relação única», afirmaram o Primeiro-Ministro António Costa e o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, no final da visita oficial do Chefe do Governo português ao país irmão. Ambos agradecerem também o apoio mútuo nos períodos de crise económica e financeira de Portugal e Moçambique.

No banquete em honra do Primeiro-Ministro ao Presidente Nyusi, retribuindo o que lhe fora oferecido na noite anterior, o Primeiro-Ministro recordou uma frase que ouviu a crianças de São Tomé e Príncipe e que deve sintetizar o espírito das relações entre os países lusófonos.

«Vizinhos de tão longe, mas amigos de tão perto e esta é a relação que nós temos. A distância separa-nos, mas a amizade une-nos», disse, acrescentando que esta tem de ser a base sobre a qual Portugal e Moçambique têm de continuar a construir uma parceria estratégica «virada para o futuro».

Na resposta, o Presidente Filipe Nyusi afirmou que as conclusões da III Cimeira bilateral o deixaram com um sentimento de «missão cumprida» e com a certeza de que a visita de António Costa reforçou «uma ponte para uma nova era de aproximação entre os dois países».

Processo de estabilização

O Primeiro-Ministro desejou «os maiores sucessos à consolidação do processo de paz e, recordando uma frase que dizíamos muito em Portugal em 1975, na época da Revolução, é que o voto é a arma do povo e que em democracia o voto é a única arma que se deve fazer ouvir». 

António Costa acrescentou que «é o que desejamos a Moçambique e todos os moçambicanos», no final da visita à Assembleia da República. Moçambique terá eleições autárquicas ainda este ano e eleições parlamentares em 2019.

A Presidente do Parlamento moçambicano, Verónica Macano, afirmou um «grande orgulho» na visita do Primeiro-Ministro português, acrescentando que «vamos efetivamente utilizar essa arma para continuarmos a melhorar a vida dos moçambicanos».

O Primeiro-Ministro insistiu na importância do processo de pacificação, no encerramento do seminário empresarial. Perante muitas dezenas de empresários, afirmou que «apoiamos ativamente a estabilização e a concretização do grande esforço do Presidente Nyusi para retomar e concluir o processo de paz, muito bem encaminhado, e que culminará certamente dentro de alguns meses em eleições autárquicas e a conclusão do processo de descentralização».

A existência de um quadro de estabilidade e confiança é «a primeira condição para o investimento», assinalou, referindo que Portugal apoiará esse processo, quer através do programa quadro de cooperação na Defesa, assinado em fevereiro, quer dos acordos na área da Administração Interna, assinados no dia 5 de julho, na III Cimeira Luso-moçambicana.

Financiar o investimento

O Primeiro-Ministro destacou, para que haja investimento, a importância do financiamento às empresas e o uso de instrumentos multilaterais, apontando em especial a CPLP, que na sua próxima cimeira – em Cabo Verde, dentro de 15 dias - irá assinar um acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento para criação de um fundo dedicado a investimento nos países de língua portuguesa.

«Sair de crises profundas exige esforço, trabalho, persistência e também alguma paciência, mas se há algo que é absolutamente imprescindível é a capacidade de resiliência dos agentes económicos e essa as vossas empresas sempre demonstraram bem, quer em Moçambique quer em Portugal», disse.

O Ministro da Economia e das Finanças de Moçambique, Adriano Maleiane, afirmou que «a realização deste seminário é o culminar do compromisso entre autoridades dos dois países em desenvolver ações mútuas de cooperação empresarial», referindo que os indicadores de mercado que registam melhorias significativas desde há um ano.

Armando Maleiane destacou a assinatura, no seminário, de um protocolo entre a Agência para o Investimento e Comércio de Portugal e a Agência para a Promoção de Investimento e Exportação de Moçambique, afirmando que «Portugal tem sido um dos dez principais investidores estrangeiros em Moçambique, e nos últimos cinco anos financiou cerca de 500 projetos envolvendo investidores privados portugueses e que criaram mais de 28 mil postos de trabalho».

Cooperação militar

Na visita ao Instituto Superior de Estudos de Defesa, o Primeiro-Ministro apontou a importância de «trabalhar em conjunto e com os demais países da CPLP para realizar e participar em missões conjuntas em outros pontos de mundo onde é necessário estarmos à disposição, em particular, das Nações Unidas».

António Costa referiu a participação das Forças Armadas portuguesas em missões no Mali e na República Centro-Africana como exemplos «da mais valia que seguramente representaria no futuro desenvolver estas missões com Forças Armadas» dos países africanos lusófonos.

Recordando que, após a assinatura do Programa Estratégico de Cooperação 2017-2021, o primeiro programa quadro a ser assinado foi o de Defesa, em fevereiro, acrescentou que «desde há muito damos prioridade à cooperação técnico-militar, no caso de Moçambique desde 1988 (…) Os resultados que temos tido nestes 40 anos têm sido francamente positivos e desejamos reafirmar o nosso compromisso com Moçambique e as suas Forças Armadas».