O Governo pôs fim ao impasse de quase uma década no antigo ramal ferroviário da Lousã com o lançamento do concurso para a instalação do Sistema de Mobilidade do Mondego, ligando os municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã e servindo 14 milhões de passageiros por ano.
O Primeiro-Ministro António Costa, acompanhado do Ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, presidiu, em Miranda do Corvo, ao lançamento do concurso para a empreitada no canal do antigo ramal ferroviário que foi desativado em janeiro de 2010.
«Foi necessário definir um modelo de transporte, mas mais importante do que isso foi essencial garantir o financiamento da solução aqui prevista», disse António Costa referindo-se à reprogramação dos fundos do Portugal 2020, que foi concluída em dezembro de 2018, disponibilizando dinheiro para a obra.
125 milhões de investimento
O Sistema de Mobilidade do Mondego prevê a instalação de autocarros elétricos (metrobus) entre Serpins (Lousã) e a estação de caminho-de-ferro Coimbra B, com uma linha urbana até ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, numa extensão total de 42 quilómetros e num investimento total estimado de 125 milhões de euros.
O concurso lançado para o arranjo do antigo canal ferroviário do troço suburbano representa um investimento de 25 milhões de euros. A empreitada deverá estar concluída no prazo de 15 meses após a adjudicação, prevendo-se que o sistema de transportes comece a funcionar de forma faseada a partir de 2021.
António Costa afirmou que o Sistema de Mobilidade do Mondego é também o «melhor projeto que se adapta à revitalização da cidade de Coimbra, porque esta solução [metrobus] tem a vantagem de não ficar às portas da cidade, pode entrar no miolo e ajudar à revitalização do conjunto da cidade».
Este projeto é ainda um exemplo de como «o País precisa de um Programa Nacional de Infraestruturas que seja devidamente debatido, discutido e ponderado nas diferentes soluções alternativas e depois haja decisão e determinação na sua execução», para que não se repitam estes atrasos.
A melhor solução
O Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse que a opção por autocarros elétricos no Ramal da Lousã privilegia a descarbonização e serve melhor as populações do que o antigo transporte ferroviário.
Pedro Marques afirmou que a nova versão do Sistema de Mobilidade do Mondego – em que a ideia inicial de um metropolitano é substituído pelo metrobus – é «um sistema que serve muito mais a mobilidade», além de «servir melhor as populações».
Pedro Marques reconheceu que as populações de Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra não compreenderam o encerramento do Ramal da Lousã em janeiro de 2010, e ainda não compreendem a opção pelo metrobus.
Economicamente viável
Todavia, hoje, «não era economicamente viável», o investimento num sistema de metro ligeiro ou de ferrovia, com comboios a ligar o interior do distrito à cidade de Coimbra e à Linha do Norte, como aconteceu desde que o ramal da Lousã abriu, em 1906.
Esta opção implicava a reconstrução da via (desmantelada para a construção do metro ligeiro, que não veio a verificar-se) e dos sistemas de controlo, e a sua eletrificação para comboios.
A opção pelos autocarros elétricos é «uma solução à altura daquilo que as populações mereciam», «é uma mobilidade limpa, uma mobilidade do futuro», sublinhou Pedro Marques.
Desde que o Ramal da Lousã foi encerrado, os utentes do antigo comboio passaram a ser transportados em autocarros de empresas privadas, ao abrigo de sucessivos concursos públicos que custaram à CP cerca de 10 milhões de euros.