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Histórico XXIII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2022-09-28 às 11h30

«Este é mais um passo na revolução que estamos a levar a cabo na ferrovia em Portugal»

Cerimónia de apresentação da Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa
Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, discursa na cerimónia de apresentação da Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa, Estação Ferroviária de Campanhã , 28 setembro 2022 (foto: Rui Manuel Farinha/ Lusa)
«Depois de décadas de desinvestimento na ferrovia, de encerramento de linhas e de prioridade à rodovia e ao transporte individual que nos trouxeram a uma enorme dependência do automóvel, estamos a levar a cabo uma revolução», afirmou o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na cerimónia de apresentação da Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa, que teve lugar na Estação Ferroviária de Campanhã - Terminal Minho e Douro.

O Ministro referiu que essa revolução teve um primeiro momento de recuperação e de estabilização. «Era preciso travar a queda e foi nesse momento que reintegramos a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) na CP, reabrimos a oficina de Guifões, recuperámos dezenas de comboios que estavam encostados em Portugal, compramos material circulante usado fora do País, renovado através da indústria nacional, reforçámos os quadros de pessoal da CP e das Infraestruturas de Portugal (IP), criámos um Centro de Competências Ferroviárias e passámos dos projetos às obras, do papel ao terreno».

Como resultado, Pedro Nuno Santos apontou «as carruagens, locomotivas e automotoras que há bem pouco tempo estavam ao abandono e que atualmente estão a circular como novas; uma redução drástica das supressões; já conseguimos fazer alguns aumentos de oferta, mesmo que pontuais; e temos quase todas as principais linhas do País, de norte a sul, do litoral ao interior em obra».

«Mas nós sempre soubemos que esse era apenas o início. Medidas para nos dar o tempo suficiente de planear e preparar o segundo momento em que agora entramos. Esse segundo momento é o da transformação», revelou.

O Ministro salientou que o Governo lançou «o maior concurso de sempre» para a compra de comboios novos. Serão 117, que deverão vir a ser produzidos em Portugal ou «a integrar muita produção nacional». 

«Mas a transformação começa, desde logo, pela forma como vemos o transporte ferroviário numa sociedade moderna», frisou. Pedro Nuno Santos destacou a importância da confiança nos horários dos comboios, o conforto, a rapidez e a flexibilidade como fatores e atratividade.

«Imaginem chegar à estação em Coimbra ou Leiria e ter um comboio que me leva a Lisboa, a Aveiro ou ao Porto em menos de uma hora. Imaginem saber que passa sempre, pelo menos, um comboio a cada hora ao longo de todo o dia e que, por isso, não preciso de me preocupar a planear a minha viagem antecipadamente. Simplesmente, chego à estação a qualquer hora do dia e sei que há um comboio que me leva onde eu preciso», exemplificou.

Uma mudança de paradigma

«Isto é, verdadeiramente, uma mudança de paradigma na forma como o serviço ferroviário se relaciona com o passageiro», garantiu.

«Com esta nova linha, colocamos as nossas duas Áreas Metropolitanas a pouco mais de 1h15 de distância; colocamos Aveiro, Coimbra, Leiria e todo o eixo entre Braga e Setúbal, onde vivem cerca de 8 milhões de pessoas, a pouco mais de 2 horas de viagem entre si», concluiu.

Para Pedro Nuno Santos, esta é muito mais do que uma nova linha entre o Porto e Lisboa. «É uma nova linha que estrutura a rede existente, dando-lhe uma velocidade e uma capacidade incomparáveis às atuais».

As reduções de tempos de viagem chegarão também às ligações à Beira Interior, ao Minho, ao Alentejo ou ao Algarve. Com esta nova Linha Porto-Lisboa a Guarda poupará 1h20 na viagem para o Porto e 50 minutos na viagem para Lisboa. Leiria ficará a 40 minutos de Lisboa. Braga a 2h. «Aproximamos o Norte e o Sul do país e aproximamos o Interior do Litoral. Vamos, verdadeiramente, encolher o País», afirmou.

Ligação em Alta Velocidade do Porto ao Minho e à Galiza

«É certo que a nova linha entre o Porto e Lisboa não vai resolver, por si só, todos os problemas de acessibilidade ferroviária no País, mas é o primeiro passo, um passo indispensável a todos os outros que se seguirão», acrescentou o Ministro.

Nesse sentido, Pedro Nuno Santos destacou também a importância da ligação em Alta Velocidade do Porto ao Minho e à Galiza, que também começará na estação de Campanhã, passará no Aeroporto Sá Carneiro, em Braga e em Valença, rumo a Vigo.

«Nós sabemos – e isso é suportado pelos estudos – que esta é a ligação entre Portugal e Espanha com maior procura. Sabemos que é aqui que os povos que vivem de ambos os lados da fronteira têm as ligações sociais, económicas e culturais mais estreitas. Sabemos que o Aeroporto Sá Carneiro já é o aeroporto de referência para todo o Noroeste da península e, assim, com as novas ligações mais rápidas para Norte e para Sul, também contribuímos para alargar a sua área de influência», disse.

Prioridades para a próxima década

O Ministro destacou também outras duas prioridades na estratégia do Governo para a próxima década: a conclusão da modernização e eletrificação de toda a rede ferroviária nacional; e a resolução dos estrangulamentos que existem no acesso às Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto e que limitam o aumento de oferta de serviços urbanos e de mercadorias.

«Desta forma, asseguramos um desenvolvimento equilibrado da nossa rede ferroviária e que ela cumpre o seu papel de acessibilidade e coesão territorial», apontou

«Este é um projeto que mudará a face do País de forma permanente e Portugal precisa dessa transformação. Ter o País ligado com comboios rápidos, confortáveis e pontuais está ao nosso alcance, pela mesma razão que fabricar comboios em Portugal também está ao nosso alcance», garantiu o Ministro, acrescentando que «a ferrovia é uma aposta com resultados concretos, com estratégia e com ambição. É um instrumento para o desenvolvimento do país. E é um fator de melhoria da qualidade de vida de todos nós».

A cerimónia de apresentação da nova Linha de Alta Velocidade contou também com a intervenção do Primeiro-Ministro, António Costa.