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2019-06-11 às 13h41

Reforma da floresta não pode ser adiada por mais dez anos

Ministros Adjunto e da Economia, Siza Vieira, e da Agricultura Floresta e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, na conferência de imprensa sobre o cadastro predial rural simplificado, Lisboa, 11 junho 2019
Os Ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, voltaram a sublinhar que a Reforma da Floresta é fundamental para reduzir o risco de fogos rurais e para valorizar o interior, pelo que não pode ser adiada por mais dez anos.

Durante uma conferência de imprensa em Lisboa, sobre a possibilidade de a Assembleia da República poder vir a inviabilizar uma das normas do regime de cadastro simplificado, que permitirá ao estado vir a assumir a gestão dos terrenos identificados como «sem dono conhecido», os dois membros do Governo reiteraram disponibilidade total para prestar todos os esclarecimentos necessários e para dialogar com os partidos parlamentares para que a proposta possa ser aprovada.

Luís Capoulas Santos salientou que «se a alteração feita na Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar for aprovada, o diploma ficará sem efeito prático durante dez anos», pelo que «ficarão ao abandono um número indeterminado de propriedades, dezenas ou mesmo centenas de milhares de hectares, que acumularão combustível e constituirão um fator agravado de risco de incêndio, sem capacidade para produzir riqueza».

Pedro Siza Vieira acrescentou que esta reforma pretende «assegurar uma melhor gestão da floresta, para que esta se torne mais resistente ao risco de incêndio e constitua uma fonte de riqueza». «Não podemos encorajar empresários a investir na floresta se ao lado há terrenos que não são bem geridos», disse.

Decreto-Lei «interessa a todo o País»

De acordo com a medida do novo sistema de informação cadastral simplificado, os territórios sem dono conhecido passariam a ser geridos pelo Estado depois de identificados, o que deverá acontecer dentro de quatro anos. Capoulas Santos sublinhou que nos 15 anos seguintes o património pode ser restituído caso os seus legítimos proprietários façam prova de titularidade da propriedade, só podendo ficar na posse do Estado depois de decorridos estes períodos de tempo sem que os proprietários manifestem qualquer posição.

O Ministro Adjunto e da Economia referiu que este é «um Decreto-Lei que interessa a todo o País» e reiterou a importância de não se adiar a Reforma da Floresta por mais dez anos. «No período 2003-2005 tivemos um ciclo de grandes incêndios. Este ciclo não levou a reformas florestais e pouco mais de dez anos depois permitiu a que o território voltasse a sofrer grandes incêndios. Temos de evitar que isto volte a acontecer», afirmou.

«Se a floresta não mudar estruturalmente, continuará a acumular condições de risco», acrescentou Siza Vieira, destacando que a ausência de uma reforma que contribua para a prevenção e combate ao incêndio florestal «desencoraja o investimento para uma floresta mais produtiva» e impede a melhoria da capacidade de combate e o reforço na capacidade de prevenção.

Novo adiamento na reforma prejudicará Portugal

Capoulas Santos recordou que esta medida do Governo surgiu como uma alternativa ao Banco de Terras – que foi inviabilizado pela Assembleia da República em 2017 – e frisou que serão necessários todos os esforços «para encontrar instrumentos de política que permitam alcançar os objetivos». O regime simplificado já foi testado em 10 municípios com sucesso, na sequência do incêndio florestal de Pedrógão Grande.

«Se vier a ser repetida a inviabilização, o Governo terá de equacionar uma nova medida. A primeira reprovação provocou três anos de atraso, agora poderão ser mais dez. Esta é uma matéria de longo de prazo e, se queremos ter uma floresta resiliente, bem gerida e bem ordenado, será o trabalho para uma geração. Quanto mais adiarmos, pior para o País», disse Capoulas Santos.

Pedro Siza Vieira, por seu turno, reiterou que «a floresta é uma grande fonte de riqueza, que proporciona a valorização dos territórios do interior, podendo assumir-se como uma fonte de dissipação da ameaça climática, de ocupação da população e de diversificação da paisagem». «A floresta portuguesa está em perda, todos os anos vamos perdendo área da floresta porque não fazemos uma gestão correta. Se prescindirmos desta reforma, estamos a abandonar um instrumento muito importante para a valorização dos territórios do interior», acrescentou.