O Primeiro-Ministro, António Costa, o Presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy, e a comissária europeia dos Transportes, Violeta Bulc, assinalaram o início das obras do corredor ferroviário internacional sul, com o lançamento do concurso para o troço Évora-Elvas e o começo dos trabalhos no troço Elvas-Caia, na estação ferroviária de Elvas.
O Primeiro-Ministro sublinhou que esta é «a maior obra de linha ferroviária nova dos últimos 100 anos». A obra, que integra o corredor ferroviário que tem como início Lisboa, Setúbal e Sines e como destino Badajoz, em Espanha, implica a construção de 105 quilómetros de via férrea entre Évora e a fronteira.
Na cerimónia foi lançado o concurso para a construção dos 94 quilómetros de via entre Évora e Elvas, que terão continuidade nos 11 quilómetros do troço Elvas-Caia, cujo começo dos trabalhos foi também assinalado.
A obra vai custar 509 milhões de euros, sendo 277 de dinheiros nacionais e 232 de fundos da União Europeia, nomeadamente do Portugal 2020 e dos fundos destinados às redes transeuropeias, e «vai reforçar a competitividade externa e a coesão interna» da União Europeia.
O corredor ferroviário internacional sul vai fazer a ligação entre os Portos de Lisboa e de Sines e a Espanha, assegurando a sua ligação ferroviária ao resto do continente europeu, devendo estar concluído em 2022.
Uma obra emblemática
O Primeiro-Ministro sublinhou o facto de a cerimónia decorrer em Elvas, uma cidade que foi a primeira linha de defesa militar contra Espanha, afirmando que a obra mostra «uma das funções fundamentais da União Europeia, que é unir aquilo que a história separou».
É também «simbólica da visão de que hoje não competimos entre nós, mas que, pelo contrário, a Europa se constrói, afirmando a sua capacidade de ser mais competitiva externamente, para poder ser mais coesa internamente».
Esta ligação «significa reduzir em 30% os custos» de quem recebe mercadorias descarregadas nos portos de Sines, Setúbal ou Lisboa, «reduzindo em 3h30 o transporte e vai encurtar a distância em 140 quilómetros», disse António Costa.
«Ao reforçar a nossa competitividade vai reforçar também a nossa coesão porque vai permitir que em regiões como o Alentejo ou a Extremadura Espanhola, vamos ter a oportunidade de termos plataformas logísticas e plataformas de produção, porque passamos a estar mais conectados com a Europa e com o Atlântico», afirmou.
Este corredor «não vai ligar apenas toda a meseta ibérica ao Atlântico, mas permite que toda a Europa possa beneficiar do porto de águas profundas mais próximo do canal do Panamá», uma vez que os grandes portos do Norte da Europa sofrem de congestionamento, sublinhou.
A obra contribuiu para reduzir o tráfego rodoviário, auxiliando a descarbonização da economia, e aumentando a segurança rodoviária.
Mais 40% de investimento público em 2018
«O investimento na futura ligação ferroviária Évora-Elvas é simbólico do momento que se vive na economia portuguesa» e «significa um reforço do investimento público», sublinhou o Primeiro-Ministro.
«O arranque desta obra é também simbólico do novo momento que vive a economia portuguesa», disse, lembrando que o País «viveu anos de dura crise, mas conseguiu virar essa página».
António Costa referiu ainda «o maior crescimento económico dos últimos 10 anos» em 2017, a par do «défice mais baixo em 43 anos de democracia».
«Este investimento público vai ajudar a sustentar este crescimento económico que tem estado assente, sobretudo, no investimento privado e nas exportações», acrescentou.
Recordando que em 2017, o Governo aumentou em 20% o investimento público em relação ao ano anterior e que este ano aumentará em 40%, mostrando que «chegou a hora de, em primeiro lugar, apostar no investimento público».
António Costa referiu também que «2018 é o ano em que o Plano Ferrovia 2020 entra em velocidade de cruzeiro». O Plano Ferrovia 2020 prevê obras em 1200 quilómetros de via e um investimento superior a dois mil milhões de euros.
Os investimentos principais estão a ser realizados nos corredores internacionais (Linhas do Minho, da Beira Alta, da Beira Baixa, do Sul, e do Leste (a obra hoje lançada e incluem também a modernização e/ou eletrificação nas linhas do Douro, Oeste, Algarve e Cascais.
Mais investimento para melhor emprego
«É um investimento que contribui simultaneamente para melhores condições para o investimento privado, para internacionalização e para exportação dos nossos produtos e serviços», realçou também o Primeiro-Ministro.
«Um investimento público que contribua, não só para o crescimento, mas que ajude os investidores a investir, as empresas a exportar, e as pessoas a poderem ter mais e melhor emprego».
O Primeiro-Ministro disse ainda que o aumento de 40% no investimento público deve «refletir-se de forma positiva nos investimentos em saúde, educação e infraestruturas, para aumentar a produtividade da economia, para além de alagar a capacidade de exportar cada vez mais».
A ferrovia da linha atlântica, entre Évora e a fronteira de Caia (Elvas), terá um custo de mais de 500 milhões de euros (metade proveniente de fundos europeus), permitindo ligar Portugal e Espanha por comboio. Esta ligação visa, sobretudo, o transporte de mercadorias.
«Excelentes notícias» para Espanha
O Presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que o conjunto de obras que Portugal está a desenvolver na ferrovia são «excelentes notícias» e «vão ao encontro desse objetivo de capital importância, que é unir os nossos cidadãos e melhorar o seu dia-a-dia».
Mariano Rajoy destacou o trabalho desenvolvido entre Portugal e Espanha em redor do projeto ferroviário que permitirá aumentar as ligações e o comércio de mercadorias entre os dois países.