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2022-10-24 às 10h30

«Queremos que todas as pessoas tratem o digital por tu»

Primeiro-Ministro, António Costa, intervém na sessão de abertura do Fórum Nacional das Competências Digitais
Primeiro-Ministro António Costa no Fórum Nacional das Competências Digitais, Lisboa, 24 outubro 2022 (foto: João Bica)
«Uma das maiores mudanças de fundo que está a acontecer na sociedade é a da transição digital», afirmou o Primeiro-Ministro na sessão de abertura do Fórum Nacional das Competências Digitais - #tratarodigitalportu, que teve lugar no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.

O evento está inserido no conjunto de ações que estão a decorrer durante o mês de outubro- mês dedicado pelo Governo às Competências Digitais à Literacia Digital-  em todo o território nacional, no âmbito da iniciativa INCoDe.2030.

António Costa recordou que «não é por acaso que o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) definido pela União Europeia de resposta à crise económica e social gerada pela pandemia assentou precisamente na resposta à dupla transição climática e digital». 

Posição geográfica favorecida

«A transição digital é para nós um desafio, mas é também a primeira grande revolução para a qual Portugal parte sem estar numa posição de desvantagem à partida», disse, explicando que nas outras grandes revoluções «tivemos sempre algum fator que nos comprometeu ou porque assentava em matérias-primas que não tínhamos ou porque a nossa posição geográfica nos desfavorecia ou porque não tínhamos as qualificações necessárias para a podermos aproveitar plenamente». 

Para o Primeiro-Ministro esta, pela primeira vez, «é uma revolução industrial que não depende da matéria-prima, onde a localização geográfica não é decisiva, pelo contrário, no nosso caso pode ser uma oportunidade, e que ocorre num momento em que começamos a ter as qualificações necessárias para a aproveitarmos plenamente». 

António Costa destacou o facto de Portugal ser o ponto de amarração dos cabos de fibra ótica que ligam a Europa à América Latina e à África do Sul e que brevemente ligarão também a Europa ao Norte de África e à Ásia. «Seremos, porventura, o País do mundo com maior ligação direta por cabo a todos os continentes e esta interconexão é uma enorme oportunidade para atrair toda a fileira relacionada com a ciência dos dados, designadamente, as novas atividades empresariais associadas aos dados». 

Por outro lado, o PRR habilita as empresas com um vasto volume de recursos para a sua modernização e para a transição digital, em particular no setor da indústria. 

«Aquilo que temos verificado, no programa das Agendas Mobilizadoras, é uma fortíssima adesão do tecido empresarial para que o digital não seja só algo 'startups', algo que tenha a ver com as grandes empresas do serviços do setor digital, mas pelo contrário tenha uma tradução prática e multipliquem-se os projetos que têm a ver com a adaptação à fábrica do futuro, no têxtil, no calçado, em vários daqueles setores que nos habituámos a designar por setores tradicionais, mas que compreendem como as ferramentas digitais são uma grande oportunidade para reinventar aquilo que é a sua atividade. E essa reinvenção é essencial», garantiu.

O Primeiro-Ministro referiu ainda que entre 2010 e 2019, a produtividade nacional cresceu 0,8%, nos últimos anos tem crescido 1,5% e no acordo a médio-prazo que o Governo assinou com todos os parceiros sociais, foi fixada «uma nova meta muito ambiciosa»: que a produtividade cresça 2% por ano. «Para que isso aconteça é fundamental investir nas qualificações, nas novas tecnologias e na capacidade de produzir mais e com um maior valor acrescentado».

Modernização do Estado

António Costa salientou que a transição digital é «uma enorme oportunidade» não só para as empresas, mas para o Estado se modernizar, simplificar o seu funcionamento e se relacionar de outra forma com o cidadão. 

«As oportunidades que a inteligência artificial oferece ao Estado para reinventar as suas práticas ainda estão por explorar», disse, salvaguardando a necessidade de se assegurar a devida proteção de dados, mas não esquecendo que «é fundamental para cada um dos cidadãos poder ser melhor servido pelo Estado, melhor atendido no Serviço Nacional de Saúde, poder beneficiar mais rapidamente da atenção da Segurança Social ou qualquer outra transação das múltiplas que todos os dias temos de fazer com o Estado». 

«Se queremos uma imagem para o que deve ser o resultado do nosso trabalho nestes próximos quatro anos, é conseguirmos passar do fantástico modelo da Loja do Cidadão para o modelo possível de termos cada um nos nossos telemóveis uma Loja do Cidadão», exemplificou.

Competências digitais acessíveis a todos

António Costa prosseguiu o seu discurso relembrando que para que todas as oportunidades referidas possam ser plenamente aproveitadas, seja nas empresas, no Estado e sobretudo por cada um dos cidadãos «é fundamental que tenhamos as competências e o saber necessários».

«O objetivo não é tornarmo-nos todos especialistas em computação quântica, mas que cada um dos portugueses e portuguesas possa movimentar-se com as ferramentas digitais com a mesma capacidade com que pode ler um livro ou conduzir um automóvel». 

Seguindo o mote do mês das competências digitais, #tratarodigitalportu, «aquilo que temos de conseguir é que estas tecnologias se tornem acessíveis e sejam práticas normais do dia-a-dia e é por isso que estes programas do conjunto das competências digitais são da maior importância», concluiu.

Segurança no espaço digital

O Primeiro-Ministro destacou também a importância das competências digitais «para nos podermos proteger dos riscos que este novo espaço digital constitui para a nossa liberdade, direitos de personalidade e privacidade». António Costa afirmou que a cibercriminalidade não existe só quando há um ataque de um grupo organizado a uma grande empresa ou instituição do Estado, seja para obter um resgate ou comprometer a segurança nacional, mas que existe também «para espiolhar a nossa vida, falsificar e duplicar a nossa identidade». 

António Costa relembrou que «não basta ligar o telemóvel e ir a um motor de busca, não basta ligar um computador e saber teclar. Temos de saber andar com segurança no espaço digital e só assim podemos aproveitar plenamente as oportunidades que as novas ferramentas digitais nos proporcionam».

«O nosso lema tem de ser não deixar ninguém para trás. Este é um desafio para todas as gerações», frisou.