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2023-02-08 às 15h32

Portugal e Espanha devem juntar esforços na produção e transformação do lítio

Primeiro-Ministro António Costa na sessão de encerramento do Forum La Toja - Vertente Atlantica, Lisboa, 8 fevereiro 2023
O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que «Portugal e Espanha têm uma grande oportunidade de cooperação transfronteiriça, porque os dois países têm, em conjunto, as maiores reservas de um recurso natural fundamental para a mobilidade elétrica dos próximos anos: o lítio».

Discursando no encerramento da edição especial do Fórum La Toja, que decorreu em Lisboa, António Costa disse que «mais do que competir para cada um ter a sua fábrica de baterias e cada um ter a sua refinaria, devemos desenvolver em conjunto uma estratégia para valorizarmos em comum um recurso que, sendo a maior a reserva europeia, é ainda assim insuficiente e implicará sempre a importação de mais lítio para se criar uma fábrica sustentável de produção de baterias».

O Primeiro-Ministro sublinhou que «temos toda a vantagem para trabalhar em conjunto» na exploração e transformação do lítio, tal como na aceleração das interconexões energéticas entre a Península e o resto da Europa, como estamos a ter no mecanismo ibérico em vigor para separar o preço da eletricidade do do gás.

Outro contributo

António Costa afirmou que Portugal e a Espanha podem dar «um contributo relevante» para que os países da América Latina e de África deem maior atenção à guerra causada pela agressão russa à Ucrânia.

«Portugal e Espanha têm uma vantagem sobre muitos outros países europeus. Sendo europeus, conhecem o mundo e têm um horizonte mais vasto do que quem vive num enclave entre montanhas», afirmou, acrescentando que «a Europa tem de fazer um esforço de alguma humildade e de compreender que neste mundo global tem de se esforçar mais por fazer amigos».

António Costa disse que «se a Europa tivesse andado mais depressa na negociação do Mercosul, provavelmente os nossos parceiros do Mercosul teriam uma compreensão mais assertiva sobre o momento que estamos a viver na Europa».

O Primeiro-Ministro manifestou a esperança de que a presidência espanhola do Conselho da União Europeia, no segundo semestre deste ano, «dê um forte impulso para se concluir o acordo com o Mercosul».

«A janela de oportunidade é muito estreita, porque o Presidente Lula da Silva já disse claramente que é vontade do Brasil fechar o acordo; o Presidente da Argentina, Alberto Fernández, diz o mesmo. Portanto, é altura de se compreender que não há um quilo de bife produzido na Europa que justifique continuarmos a atrasar a celebração do acordo do Mercosul – o acordo com maior importância económica que pode haver e que pode contribuir para criar uma grande aliança transatlântica», sublinhou.

Recusar protecionismo

António Costa referiu-se igualmente às tensões comerciais com os Estados Unidos, afirmando a necessidade de maior autonomia estratégica da Europa, mas recusando em absoluto qualquer «lógica neoprotecionista». 

E recusou, sobretudo, a abertura «de uma nova guerra comercial», «muito menos com o nosso maior aliado atlântico, que são os Estados Unidos, e que é, neste momento, mais do que nunca, uma aliança que temos de fortalecer para a nossa segurança coletiva e para a segurança coletiva do mundo, designadamente para a paz na Ucrânia».

O Conselho Europeu de 9 e 10 de fevereiro «terá um grande debate sobre as condições de competitividade das empresas europeias perante a resposta norte-americana à crise inflacionista. Há fatores a corrigir na globalização, mas não podemos perder o seu grande ganho». 

«Um continente como a Europa, que precisa de matérias-primas, que precisa de componentes, que precisa de mercados para as suas exportações, é mesmo o último continente que se deve fechar sobre si próprio e adotar uma postura protecionista», afirmou.