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Histórico XXIII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2023-06-06 às 14h43

A História «não se escolhe, assume-se e respeita-se, explica-se e estuda-se»

Primeiro-Ministro António Costa cumprimenta trabalhador de empresa portuguesa em Angola, Luanda, 5 junho 2023
A História «não se escolhe, assume-se e respeita-se, explica-se e estuda-se», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na visita às obras da Fortaleza de São Francisco do Penedo em Luanda, que será o futuro Museu da Luta de Libertação, no segundo dia da sua visita oficial a Angola.

A obra de reabilitação da fortaleza é um dos projetos que conta com o apoio da cooperação portuguesa e está a cargo da empresa de construção portuguesa Mota-Engil.

A Fortaleza de São Francisco do Penedo, representa uma parte da História de Portugal desde o último quartel do século XVII até à atualidade, disse, referindo que «começou por ser uma fortaleza contra tentativas de invasão de outras potências coloniais, foi depois uma instalação militar, um depósito de escravos, uma prisão militar e, finalmente, uma prisão para presos políticos anticolonialistas e antifascistas, angolanos e portugueses».

Assumir tudo

António Costa afirmou que «hoje, há um debate sobre como devemos assumir a História do passado e penso que devemos assumir a História em toda a sua dimensão, no que teve de trágico e no que teve de extraordinário. Os Descobrimentos e a navegação em nada são diminuídos pelo horror que foi o esclavagismo. Mas o brilhantismo do conhecimento científico que permitiu a Descoberta não pode fazer-nos esquecer a dimensão trágica que foi o esclavagismo».

«Aqueles que lutaram contra o exército colonial português eram patriotas, como foram patriotas os soldados portugueses que ao serviço do Estado Português se bateram na Guiné, Moçambique e em Angola de acordo com o mandato que tinham de defender as colónias. E uma vez em paz todos os patriotas podem ser irmãos», sublinhou.

E disse ainda que «agora que estamos quase a assinalar 50 anos em liberdade e em democracia, 50 anos de paz e, no ano seguinte [2025], 50 anos de independências, o que podemos dizer é que honramos toda a História que herdámos, compreendemos bem essa História e sabemos que o maior dever que temos perante essa História é sarar as feridas e construir sobre ela a amizade que nos assegurará muitos bons anos de fraternidade entre os nossos povos, com uma língua comum, um conhecimento comum e uma memória comum».

Escolas portuguesas

O Primeiro-Ministro visitou a Escola Portuguesa de Luanda, que tem presentemente dois mil alunos, tendo conversado com algumas das crianças e jovens.

Numa breve intervenção, disse que, com o investimento que está a ser feito ao longo da legislatura, «será praticamente duplicado o número de escolas portuguesas no estrangeiro, o que significa um avanço muito importante num domínio fundamental da cooperação».

António Costa referiu também que o Governo de Angola «tomou a decisão política» de integrar da escola do Lubango na Escola Portuguesa de Luanda a partir do próximo ano letivo.

O Primeiro-Ministro visitou também o Caixa Angola, banco no qual a Caixa Geral de Depósitos detém 51%, e que tem três décadas de atividade no mercado angolano.

Empresas portuguesas

Na tarde do primeiro dia, António Costa visitou duas empresas portuguesas de referência, Casais Angola e Acail, que «são um bom exemplo de como Portugal e Angola, juntos, fazem mais e melhor».

«As prioridades [de investimento externo] estão definidas pelo Governo de Angola. Estamos perante uma oportunidade de criar emprego, formar recursos humanos, além de se satisfazer necessidades tão diversas como escolas, hospitais, habitação e infraestruturas diferentes», disse.

Portugal financia através da nova linha de dois mil milhões de euros, e «depois, as empresas fazem a obra. É assim que ajudamos ao desenvolvimento», disse, durante as visitas em que foi acompanhado pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho, das Finanças, Fernando Medina, da Economia e do Mar, António Costa Silva, e da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes.

A Casais Angola é uma das principais empresas no setor da engenharia e construção, contando com várias obras de referência, entre as quais as infraestruturas da Vila da Muxima, tendo construído o Hospital Materno Infantil em Camama, nos arredores de Luanda e projetando montar novas condutas para abastecimento de água a Luanda. Investe também na indústria, nomeadamente na metalomecânica e na carpintaria.

A Acail é uma empresa de referência nos produtos siderúrgicos, produção de gases industriais, alimentares e medicinais, pré-fabricados em betão e comércio de medicamentos. Investe ainda na saúde, em particular na conceção, construção e gestão de centros de hemodiálise.

Consulado virtual

Numa receção a uma centena de empresários portugueses, no final do primeiro dia da visita, o Primeiro-Ministro anunciou que o consulado virtual de Portugal vai entrar em funcionamento a partir de 10 de junho.

«Vamos passar a ter no telemóvel de cada um o consulado virtual, que permitirá começar a praticar um conjunto de atos consulares por via digital», através do «o reconhecimento biométrico com total segurança, aliviando a pressão sobre os serviços consulares» de Portugal.