«Esta linha circular é mais do que apanhar o Metro no Rato e poder ir até ao Cais do Sodré. A criação deste anel, como elemento central da rede de metropolitano, servirá todos os que entrem no Metropolitano em Odivelas, no Campo Grande, no Parque das Nações ou no Aeroporto», disse o Primeiro-Ministro António Costa na assinatura da consignação das primeiras obras do plano de expansão do Metropolitano de Lisboa para ligação das linhas Amarela e Verde entre o Rato e o Cais do Sodré.
«Esta linha circular serve todas as outras linhas e permite uma melhoria do desempenho do Metropolitano ao toda a sua rede. Por isso, esta obra é muito mais do que fazer 2km e duas novas estações», sublinhou o Primeiro-Ministro na sessão em que também
discursou o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes.
António Costa disse também que a criação de uma linha circular em Lisboa «é mais um elo numa cadeia de várias intervenções que temos vindo a fazer um pouco por todo o País», como a recente adjudicação de
duas novas linhas do Metro do Porto ou o «desenvolvimento de redes de transportes pesados em cidades que nunca os tiveram, como Braga», que terá um autocarro rápido (BRT), e a concretização do novo
sistema de mobilidade do Mondego.
A extensão do metro de Lisboa, «tal como o conjunto das obras previstas no Plano Nacional de Investimentos, pertence a um todo integrado que representa uma nova visão sobre a mobilidade sustentável em meio urbano», disse ainda.
Neutralidade carbónica
O Primeiro-Ministro lembrou que «a humanidade está comprometida com o objetivo fundamental de alcançar a neutralidade carbónica em 2050» e que «Portugal foi o primeiro país do mundo, em 2016, na conferência de Marraquexe, a assumir o compromisso da neutralidade carbónica em 2050».
«Recentemente a União Europeia conseguiu, finalmente, um acordo para assumir esse objetivo e a presidência portuguesa da União Europeia vai lograr aprovar a primeira lei europeia do clima, que consagrará legalmente este objetivo», acrescentou.
«Sabemos que chegar à neutralidade carbónica passa essencialmente pelas cidades, porque elas são 75% dos pontos de emissão de gases com efeito de estufa», e que «para vencer esta batalha nas cidades há duas frentes de trabalho fundamentais: melhorar a eficiência energética dos edifícios e assegurar a sustentabilidade do sistema de mobilidade», disse.
Por isso, «investir no transporte público é crítico» e, «para isso, temos de começar hoje a fazer estes investimentos», «porque cada decisão de linha de Metro leva muito tempo a ser concretizada» e a «ser incorporada na vida diária de todos cidadãos».
António Costa referiu o «passo de gigante com o lançamento do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos transportes públicos (PART)», acrescentando que, além da redução de preços dos transportes «temos de aumentar a oferta, o que é aumentar o número de composições, de autocarros, e, seguramente, melhorar as frequências».
Financiamentos
O Primeiro-Ministro apontou também o encadeamento dos diferentes instrumentos de financiamento nas obras necessárias para criar um sistema de mobilidade sustentável que contribua para conter as alterações climáticas.
A obra de fecho do Metro de Lisboa «ainda vai ser financiada pelo
Portugal 2020, o alargamento da linha vermelha até Alcântara e o sistema de Metro Ligeiro de Loures já vão ser financiados pelo
Plano de Recuperação e Resiliência, e as outras intervenções nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto como, por exemplo, os sistemas de elétrico rápido que ligarão Alcântara a Odivelas e Santa Apolónia a Sacavém, serão financiados no
Portugal 2030», disse.
O «programa global da Área Metropolitana de Lisboa, que é extraordinariamente ambicioso, e que cobre as margens norte e sul – incluindo a extensão do Metro Sul do Tejo até à Costa de Caparica, no quadro do Portugal 2030 –, inclui ainda obras que são financiadas pelo Portugal 2020, pelo PRR e pelo Portugal 2030 e, seguramente, pelo Portugal 2040, quando se concluirá a maior revolução de transportes na área metropolitana de Lisboa que alguma vez foi feita», afirmou.
Sinal de política económica
António Costa disse que «esta obra é um importante sinal de política económica: há 10 anos, quando enfrentámos a anterior crise, a decisão tomada foi parar todas as obras que estavam em curso e pude então testemunhar» as consequências da paralisação da expansão da rede de Metropolitano. Passada a crise, «a cidade recuperou, recomeçou a crescer e o Metro continuou parado», um erro para a cidade, para o ambiente e para a economia.
«Foi por isso que desta vez tomámos a decisão fundamental de não só não parar nenhum investimento, mas de acelerar todos os investimentos», disse, acrescentando que «esta obra significa que apesar de estarmos na maior crise, sanitária, económica e social das últimas décadas, o Metro não vai parar, vai alargar-se».