União Europeia deve evitar fratura Este-Oeste a propósito das migrações

O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que os Estados-membros devem trabalhar em conjunto para evitar uma fratura Este-Oeste a propósito das migrações.

«Quem se lembra dos efeitos nefastos da fratura Norte-Sul na crise económica e financeira, não quererá agora certamente reabrir com outras denominações, outros pontos cardeais, as mesmas fraturas», disse o Primeiro-Ministro no último dia do Conselho Europeu que decorreu em Bruxelas.

António Costa reforçou a importância da criação de um sistema comum para as migrações da União Europeia, promovendo «uma aproximação pragmática» à forma como todos os Estados-membros terão de participar «num sistema comum que assegure a responsabilidade internacional de acolher os refugiados».

Cada um dos Estados-membros deve participar de acordo com as suas necessidades, as capacidades e as oportunidades de inserção nas suas sociedades. No caso de Portugal, o País tem não só a capacidade para acolher migrantes mas também a necessidade, uma vez que «em muitas áreas de atividade e em várias regiões» regista-se um défice de recursos humanos.

«Haverá outros países que não têm a necessidade de obter recursos humanos, porque têm taxas de desemprego muito elevadas, mas que podem participar nesse sistema de outra forma. Se tivermos alguma inteligência e espírito efetivamente solidário, podemos ter aqui um bom sistema que evite fraturas internas e nos permita, no respeito pelos valores da União Europeia, assumir as nossas responsabilidades internacionais», acrescentou.

O Primeiro-Ministro destacou também o facto de o Conselho Europeu ter apoiado a nova Aliança com África, prioritária para Portugal e agora para toda a Europa.

«No topo das prioridades das nossas relações externas, o Conselho aprovou a nova parceria entre União Europeia e África, que a Comissão recentemente propôs no debate do Estado da União, o que consagra definitivamente as relações com o continente africano como uma prioridade comum de toda a União Europeia», disse António Costa.

O Conselho Europeu considera que as relações entre a União Europeia e África são «da maior importância num contexto mundial em rápida mutação».

«A nossa cooperação deverá ser elevada a um novo patamar, com o apoio dos recursos necessários, inclusive através do Plano de Investimento Externo Europeu e do Fundo Fiduciário da UE para África. O Conselho Europeu congratula--se com a apresentação da iniciativa da Comissão em prol de uma nova Aliança África-Europa para investimentos e empregos sustentáveis e apela a que se avance com ações, nomeadamente através de propostas concretas para a participação dos Estados-Membros», pode ler-se no documento adotado.