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2018-05-30 às 19h21

«Se queremos ser competitivos no futuro, é com base na inovação e no conhecimento»

Primeiro-Ministro António Costa e Chanceler alemã Angela Merkel visitam Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Porto, 30 maio 2018 (Foto: Manuel Fernando Araújo/Lusa)
«Aqui onde estamos, há 20 anos, a Blaupunkt produzia rádios; hoje deixámos de produzir rádios e passámos a produzir conhecimento», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na inauguração do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento da Bosch, no âmbito da visita a Portugal da Chanceler alemã, Angela Merkel.

A visita da Chanceler Angela Merkel, que se iniciou com honras militares no aeroporto do Porto e prosseguiu com a inauguração do centro da Bosch, vai reforçar as relações entre Portugal e a Alemanha, e permitir aos dois Governos trabalharem em conjunto para que a Europa seja mais próspera e solidária.

Referindo que a Alemanha é «desde há muitos anos o primeiro investidor produtivo em Portugal», o Primeiro-Ministro sublinhou que «nos últimos anos, temos assistido a uma transferência importante do tipo de investimento que as empresas alemãs têm vindo a fazer em Portugal» cada vez mais na tecnologia e no conhecimento.

O espírito europeu é fazer em conjunto

António Costa apontou ainda o facto de a Bosch ser parceira em dois projetos fundamentais (Laboratórios Colaborativos e Clube dos Fornecedores) no âmbito do Programa Interface, «o mais importante do Programa Nacional de Reformas», porque visa transferir conhecimento e tecnologia dos centros de saber para as empresas.

«Se queremos ser competitivos no futuro, é com base na inovação e no conhecimento», disse o Primeiro-Ministro, acrescentando que a Bosch é um «excelente exemplo» do que é o espírito europeu.

«O espírito europeu não é só juntar países à volta de uma mesa do Conselho para tomarmos decisões. É muito mais que isso: é a capacidade de juntarmos os recursos, o saber, capacidade de fazermos em conjunto», disse.

Só assim será possível «construir uma Europa que possa defender o seu modelo social, o seu standard de vida, os seus standards ambientais e o seu modo de viver neste mundo globalizado que é tão desafiante para a Europa».

«A nossa prosperidade depende de sermos inovadores»

A Chanceler Angela Merkel afirmou que «sabemos que a nossa prosperidade depende de sermos inovadores», pois «o resto do mundo não fica de braços cruzados», acrescentando que é «para mim uma enorme alegria ver que aqui se está a trabalhar no futuro da Europa em cooperação entre dois países fisicamente distantes».

A Chefe de Governo federal alemão apontou o setor da tecnologia como rumo a seguir para combater o desemprego: «Peço aos professores que despertem o entusiasmo aos alunos pelas novas tecnologias porque são profissões do futuro, sabemos que o desemprego foi, e ainda é, um problema, mas a questão é saber qual o rumo a seguir para ter um futuro e os números mostram quais são os setores do futuro», disse. 

O novo Centro de Tecnologia e Desenvolvimento da Bosch mostra a importância de Portugal para o grupo, que está presente desde o início do século XX e que conta atualmente com quatro unidades (Braga, Aveiro, Ovar e Lisboa) e com mais de quatro mil empregados.

O centro, que surge da diversificação dos projetos de inovação na empresa, incluindo o desenvolvimento de software, é resultado da cooperação entre a Bosch, a Universidade do Minho e o Governo português, disse o administrador da empresa, Dirk Hoheisel. 

No novo centro de Braga, irão trabalhar mais de 200 engenheiros para produção de sensores e funções de software para condução autónoma. Entre 2015 e 2017, a Bosch investiu cerca de 200 milhões de euros em Portugal.

«Demonstração do espírito europeu»

O Primeiro-Ministro António Costa e a Chanceler Angela Merkel visitaram também o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto, que agrega três institutos: de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, de Biologia Molecular e Celular, e de Engenharia Biomédica.

O Primeiro-Ministro disse que a inclusão do i3S na se deve ao facto de ser «a demonstração do espírito europeu, um espaço aberto ao que é mais importante no futuro da Europa», que é o conhecimento.

«O conhecimento exige a mobilização de todos» e «produz-se em todo o sítio, produz-se de forma descentralizada e trabalhando em rede», disse, acrescentando que «o conhecimento não é de ninguém», sendo posto à disposição de todos e permitindo «fazer ciência ao melhor nível global».

«Se cada um dos centros de inovação o fizer, seguramente a Europa, no seu conjunto, irá beneficiar», disse.

Reforço do dinheiro para a ciência

Nesta visita, António Costa destacou o «reforço bastante significativo», em 25%, do dinheiro para a investigação e a ciência, previsto na proposta de orçamento da União Europeia para 2021-2027. O aumento da verba destinada à ciência é «essencial para que Europa continue a ser motor da economia global», disse.

O i3S é um exemplo desta importância, pois o projeto que uniu os três institutos que o integram recebeu 85% de financiamento da União Europeia. 

É também exemplo de uma Europa capaz de afirmar os seus valores essenciais, como a liberdade, a possibilidade de unir, circular e abrir fronteiras, pois nele trabalham profissionais de 34 nacionalidades diferentes.

António Costa e Angela Merkel visitaram o laboratório Bioengineered 3D Microenvironments, que trabalha na interface entre a bioengenharia e a biomedicina, no desenvolvimento de biomateriais avançados para estratégias de engenharia de tecidos e medicina regenerativa, e para investigação na área do cancro.

Visitaram também o laboratório Nanomedicines & Translational Drug Delivery, centrado no desenvolvimento de sistemas de colocação de fármacos nos locais a tratar, recorrendo à nanotecnologia, designadamente para diabetes, cancros gastrointestinais e a infeção por HIV.

E visitaram ainda a plataforma Bioimaging, que visa promover o avanço, melhoramento, integração e utilização de soluções no domínio da bioimagem.

No final do dia, realizou-se um encontro dos dois Chefes de Governo com os estudantes de doutoramento da Universidade do Porto, que incluiu as respetivas intervenções e debate com os alunos, no âmbito da iniciativa «Encontros com os Cidadãos sobre o futuro da Europa».