O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que «é preciso evitar uma saída desordenada» do Reino Unido da União Europeia, pois esta «seria a pior forma de resolver o problema quer para a UE, quer para o Reino Unido, quer para a economia mundial».
«Uma situação dessas não deixaria de impactar no conjunto da economia mundial e não seria só um problema da economia europeia», disse, numa declaração no final de uma reunião com o Presidente do Peru, Martin Vizcarra, que visita oficialmente Portugal.
«Se a decisão soberana do Reino Unido for sair, lamentamos, respeitamos e negociamos a saída. Se for continuar por mais algum tempo, ficamos satisfeitos. Se a decisão do Reino Unido for ficar duradouramente na UE, ficamos muito satisfeitos», afirmou.
Evitar o Brexit caótico
No dia 25, o Primeiro-Ministro tinha-se mostrado favorável ao adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia para evitar um Brexit caótico, referindo-se à possibilidade de a União Europeia para aceitar uma extensão do Artigo 50 caso viesse a ser requerida pela Primeira-Ministra britânica, Theresa May.
«É a visão de que se não é possível resolver em duas semanas, damos a oportunidade para resolver em mais tempo, mas sobretudo não vamos desistir de criar condições para que não haja Brexit ou, a haver Brexit, ele se desenvolva de uma forma articulada e planeada e não de forma caótica, como estava à beira de acontecer», disse.
«Tudo o que se possa fazer para evitar um Brexit caótico é desejável e saudável», acrescentou António Costa numa declaração feita após a cimeira entre a União Europeia e a Liga Árabe, no Egito.
A principal razão pela qual o Governo britânico não consegue fazer com que o Parlamento aprove o acordo que assinou com a União Europeia e os seus 27 Estados é o mecanismo destinado a evitar o regresso de uma fronteira física entre a República da Irlanda, Estado-membro da UE, e a Irlanda do Norte britânica.
Solução democrática para a Venezuela
Acerca da Venezuela, o Primeiro-Ministro disse que Portugal considera que «a solução tem de ser encontrada de forma democrática, seguramente pelos próprios venezuelanos e de maneira nenhuma com base numa intervenção militar externa, que seria de todo inaceitável e contraproducente.
A posição de Portugal, concertada com a União Europeia, «foi muito clara, de reconhecer o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como Presidente interino, com a legitimidade para a convocação de eleições», acrescentou.
António Costa sublinhou que «a nossa absoluta prioridade é a proteção da segurança e do futuro da comunidade portuguesa».
Portugal tem também «acolhido com gosto e com grande sucesso portugueses e não portugueses que têm encontrado em Portugal um local para prosseguir as suas vidas».
Venezuela deve voltar a ser «uma democracia real»
O Presidente do Peru afirmou que a Venezuela deve voltar a ser «uma democracia real. A partir do mês janeiro, dissemos que o regime do Presidente (Nicolás) Maduro é ilegítimo, por isso saudamos a designação do Presidente interino (Juan) Guaidó».
«Inclusive, na semana passada, recebemos as cartas do embaixador designado para o Peru pelo Presidente interino Guaidó», acrescentou.
O Presidente Martín Vizcarra afirmou ainda que o Peru e os outros países do Grupo de Lima vão «juntar esforços para apoiar o povo venezuelano para que recupere a sua democracia», devendo este regresso «ser um movimento dos próprios venezuelanos, que vemos que se vem incrementando».
O Presidente peruano disse ainda que «o Presidente interino Guaidó já tem o reconhecimento de mais de 50 países, o que lhe dá o respaldo internacional para tomar decisões no interior da Venezuela».
O Grupo de Lima é composto pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lucia, tendo sido criado em 2017, quando a Venezuela foi palco de violentas manifestações, que causaram 125 mortos.
O Chefe de Estado peruano disse ainda que o seu país apoia os 700 mil venezuelanos que fugiram para o Peru devido à crise humanitária na Venezuela, mesmo que isso tenha provocado problemas socioeconómicos no Peru.
Na reunião, o Primeiro-Ministro António Costa e o Presidente da República do Peru discutiram o reforço das relações comerciais e económicas entre os dois países, e questões internacionais.
No final, foram assinados dois acordos nas áreas do transporte aéreo e sobre instrumentos de férias com trabalho para a mobilidades de jovens.