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2018-02-02 às 17h56

Primeiro-Ministro presidiu à entrega do Prémio Camões a Manuel Alegre

Primeiro-Ministro António Costa cumprimenta Manuel Alegre na cerimónia de entrega do Prémio Camões 2017, Lisboa, 2 fevereiro 2018 (Foto: Paulo Vaz Henriques)
Primeiro-Ministro António Costa felicita Manuel Alegre na entrega do Prémio Camões 2017, Lisboa, 2 fevereiro 2018 (Foto: António Pedro Santos/Lusa)
A entrega do Prémio Camões a Manuel Alegre, mais do que merecida estava predestinada porque «há, entre a obra de Luís de Camões e a obra de Manuel Alegre, uma comunhão que atravessa os séculos e os seus acontecimentos», disse o Primeiro-Ministro António Costa na entrega do Prémio Camões 2017, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. 

O Primeiro-Ministro referiu que «na obra de Manuel Alegre, os grandes temas e motivos camonianos - a Pátria, o mar, a história, o amor, a saudade, a liberdade - são retomados, cantados e transfigurados pela sua aventurosa experiência pessoal e pela sua visão de homem do nosso tempo». 

As duas obras «são um diálogo connosco mesmo, com o nosso passado e com o nosso futuro, com a nossa memória e com a nossa esperança», acrescentou.

O prémio, criado pelos Governos de Portugal e do Brasil em 1988, foi entregue juntamente por António Costa e pelo Embaixador do Brasil, Luís Alberto Figueiredo Machado, numa cerimónia em que estiveram também presentes os Ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.

Expansão da língua portuguesa é prioridade política

«Num mundo em risco de massificação, de uniformização e de hegemonização, a língua é uma condição insubstituível de afirmação da individualidade e da diversidade», pelo que a expansão da língua portuguesa é uma prioridade política, afirmou Primeiro-Ministro. 

O Primeiro-Ministro, que reafirmou «o compromisso do Governo com a língua portuguesa, com os seus valores e as suas valências, da mais simbólica e poética à mais prática e instrumental», sublinhou a prioridade da sua difusão. 

«Cada língua representa um mundo e uma visão do mundo, é uma singularidade e uma pluralidade, é uma fixação e um movimento, é um passado, um presente e um futuro, é uma oportunidade e uma afirmação», disse. 

Por isso «reitero a nossa vontade de reforçar, ampliar e modernizar uma política de língua mais ativa e mais eficaz, mais partilhada e mais presente». 

António Costa disse que a sociedade civil «tem de saber mobilizar-se para esse grande desígnio, que não é apenas dos Estados e das instituições, mas também das sociedades e de todos os lusofalantes».

«Os povos, países e comunidades dispersas pelo mundo que falam o português» são «representantes dessa comunidade maior, grande e vasta, que fala a língua de Camões, de José Craveirinha e de Carlos Drummond de Andrade; de Pessoa, de Guimarães Rosa e de Luandino Vieira; de Saramago, de Arménio Vieira e de Jorge Amado; de Baltazar Lopes, de Cecília Meireles, de Mia Couto e de Manuel Alegre», declarou.

Poeta e político

O Primeiro-Ministro referiu que Alegre «foi militante e poeta» e a sua vasta obra de poesia, ficção, ensaio, crónica, discursos, «é irredutível a uma só das suas dimensões, por mais poderosa que seja, pois vive de uma variedade de inspirações e de motes».

É uma «obra de coragem e de convicção, poesia de combate e de resistência, é-o com certeza. Poesia de combate pela liberdade e pela libertação, poesia de resistência à opressão e ao despotismo», acrescentou.

«Para além e para aquém da resistência política que nesta obra se afirma, ela é, no entanto, antes e depois disso, uma obra de resistência poética», disse António Costa. 

Destacando a «valentia, a dignidade e ousadia» do poeta e do político que é Manuel Alegre, afirmou que ele é «um poeta da liberdade e um homem livre». «Nisso, não há nele contradições, ambiguidades ou conflitos. É em nome da liberdade que fala, que escreve e que age. É em nome da liberdade que diz, que continua a dizer sim e não».