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2019-07-09 às 18h18

Negar que há racismo em Portugal «conduz ao desastre e à radicalização de posições»

Ministra da Justça, Francisca Van Dunem, na conferência Racismo, Xenofobia e Discriminação Étnico-Racial em Portugal, Assembleia da República, 9 julho 2019 (DR)
«O negacionismo e a persistência na desvalorização do fenómeno do racismo conduz ao desastre e à radicalização de posições», afirmou a Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, na conferência Racismo, Xenofobia e Discriminação Étnico-Racial em Portugal, na Assembleia da República.

Acrescentando que «apregoar a inexistência de fenómenos racistas na sociedade portuguesa tornou-se quase um lugar comum» e que «a maior expressão de preconceito racial consiste, precisamente, na sua negação», a Ministra referiu que «a ideia de que a escola, o conhecimento e a cultura se encarregariam de resolver a questão não vingou».

«Apesar de, geração após geração, ter aumentado o nível de escolarização, não diminuiu o discurso de ódio ou a reação perante a diferença racial e étnica», disse Francisca Van Dunem, afirmando que «mais escola poderá tornar as reações mais subtis, mas não tem a faculdade de as eliminar».

E sublinhou: «Pelo contrário, parece ter-se refundado, em pleno século XXI, um discurso de ódio ao diferente, com óbvio recrudescimento das sociedades xenófobas e racistas».

Conhecimento contribui para soluções

«Uma das soluções possíveis será a inclusão», afirmou também a Ministra, acrescentando que «só se chegará a esta situação se os que aparentemente não são iguais frequentarem as mesmas creches, forem vizinhos ou colegas de trabalho», em suma, «tiverem os mesmos estímulos».

A Ministra realçou: «A discriminação é hierarquizada, com uns mais no fim da cadeia social do que outros», «a estrada que importa percorrer é imensa e, não raras vezes, o caminho parece infinito».

Congratulando o relatório da subcomissão parlamentar para a Igualdade e Não Discriminação sobre esta temática feito ao longo de cinco meses, Francisca Van Dunem disse que esta é «uma forma de obviar a falta de informação ampla e abrangente» sobre o racismo, xenofobia e discriminação étnico-racial em Portugal.

«Perguntas tão simples como saber quantos são os membros desta comunidade, que idade têm, quantos nasceram em Portugal, há quantos anos aqui residem ainda estão por responder», concluiu.

Partidos políticos mais representativos, campanhas de recrutamento para agentes de segurança nas comunidades ciganas e afrodescendentes ou acabar com turmas exclusivas de uma minoria étnica são algumas das soluções propostas pelos relatores.