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2018-07-18 às 17h32

«Celebrar Mandela é manter viva a sua voz»

Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, na cerimónia de atribuição da distinção de membro honorário, a título póstumo, pela Union Internationale Des Avocats (UIA) a Nelson Mandela, Lisboa, 18 julho 2018
Em 2009, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu o dia 18 de julho - data de nascimento do histórico líder sul-africano - como o «Dia Internacional de Nelson Mandela», reconhecendo o seu inigualável contributo para a paz, democracia, e luta contra a discriminação, e desafiando o Mundo a nunca deixar de lutar por estes ideais. Esta quarta-feira, dia 18 de Julho de 2018, comemora-se o centenário do seu nascimento com o lema sugerido pela Fundação Nelson Mandela: «Be the legacy.»

Em Portugal, a Academia de Líderes Ubuntu, um projeto criado em 2010 pelo Instituto Padre António Vieira, que inspira jovens a liderar como Nelson Mandela, organizou um programa de cinco dias (de 14 a 18 de Julho) de atividades e iniciativas em homenagem ao primeiro Presidente negro sul-africano.

O Ministério da Justiça juntou-se a estas comemorações  através de uma cerimónia, presidida pela Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem no Salão Nobre do Ministério, de atribuição da distinção de membro honorário, a título póstumo, pela Union Internationale Des Avocats (UIA) a Nelson Rolihlahla Mandela.

O professor John Volmink, que teve um papel central na promoção das negociações que puseram fim ao apartheid, e o professor Willie Esterhuyse, que tomou a liderança do processo de  transformação da educação na nova África do Sul, estiveram presentes enquanto fiéis e simbólicos depositários da medalha e do certificado da UIA para entrega à Fundação Mandela, na África do Sul.

A Union Internationale Des Avocats, fundada em 1927, é uma das mais antigas organizações não-governamentais de intercâmbio internacional de Ordens e Associações de Advogados. Atualmente, representa cerca de dois milhões de advogados e é presidida pelo advogado Pedro Pais de Almeida.

Na intervenção, Francisca Van Dunem realçou que Nelson Mandela, depois de ter sido eleito presidente do African National Congress Youth League (ANCYL) em 1951, abriu em 1952 «com o seu amigo Oliver Tambo, o primeiro escritório de advogados para negros, que permitiu ultrapassar uma situação em que a comunidade não conseguia obter representação judicial ou então tinha de enfrentar custos especulativos. Ao assegurar a representação da comunidade, Mandela e Tambo tornaram-se numa espécie de defensores públicos, garantindo o acesso à justiça.»

Isto, numa altura em que, como referiu Pedro Pais de Almeida, num universo de 3000 advogados na África do Sul só 13 eram negros. Centenas de pessoas, injustiçadas pelas leis de segregação brutais instauradas em 1948 pelo National Party, receberam auxílio de Mandela que liderou uma dupla luta, legal e politica, contra o sistema em vigor.

Ao atribuir a distinção de membro honorário da UIA a Nelson Mandela, «homenageamos o advogado na sua dimensão integral de lutador pela causa da liberdade, da não discriminação e da paz», resumiu a Ministra da Justiça.

Hoje celebrou-se, em todo o mundo, o centenário do nascimento de uma figura histórica ímpar que inspirou e continuará a inspirar gerações. Mas, como lembrou Francisca Van Dunem, para manter viva a voz de Mandela não devemos honrar a sua memória apenas hoje:

«Mandela nunca desistiu. Resistiu na prisão e, depois da libertação, foi um exemplo ímpar daquilo que o mundo hoje mais precisa: de entendimento, de capacidade de diálogo, de criação de pontes.
Sejamos dignos do seu exemplo.
Não apenas hoje, que se celebra o aniversário do seu nascimento.
Mas no dia a dia. Porque onde estiver a injustiça, a falta de solidariedade, a discriminação, a iniquidade, aí está Mandela.»