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2018-05-31 às 13h47

«A Europa une profundamente Portugal e a Alemanha»

Primeiro-Ministro António Costa em declaração conjunta com a Chanceler Angela Merkel
Primeiro-Ministro António Costa com a Chanceler alemã Angela Merkel, no final da visita oficial a Portugal, Lisboa, 31 maio 2018
«A Europa é algo que une profundamente Portugal e a Alemanha», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na declaração conjunta que fez com a Chanceler Angela Merkel, no final da visita de dois dias que a Chefe do Governo federal alemão realizou a Portugal.

O Primeiro-Ministro acrescentou que Portugal e a Alemanha «nem sempre partilham os mesmos pontos de vista sobre o futuro mas têm sido dos países mais constantes em estarem de acordo quando ao essencial: a imprescindibilidade de defendermos o projeto europeu, da UE como garantia da paz e da prosperidade para todos».

Portugal e a Alemanha são também «países que sempre procuraram ser fontes de compromisso», disse ainda António Costa, na declaração conjunta no final da reunião de trabalho dos Chefes de Governo e também das delegações dos dois países.

A Chanceler Merkel afirmou que as posições de Portugal e da Alemanha nem sempre coincidem nas matérias europeias, mas que os dois países estão unidos no «compromisso com a Europa»: «Não reagimos a situações difíceis a queixarmo-nos, mas a tomar as decisões certas», sublinhou.

Europa vive momento crucial

Quer o Primeiro-Ministro quer a Chanceler sublinharam que a Europa vive um momento crucial.

António Costa referiu que «temos de tomar decisões sobre o quadro financeiro, sobre a política de migrações, sobre a reforma da zona euro, e, tendo em conta os pontos de vista de cada um, procurem encontrar soluções que digam positivamente aos cidadãos que não nos limitamos a prometer soluções, mas que conseguimos resultados».

Obter resultados «é fundamental para retomar a confiança dos cidadãos na Europa, numa Europa que os protege da insegurança externa, da ameaça terrorista, que protege o seu modo de vida na capacidade de termos uma economia que cresça, gere empregos e prosperidade partilhada para todos».

A Chanceler disse que «um país como Portugal quer convergência com os Estados-membros da União Europeia», e a Alemanha tem «interesse que haja essa convergência, porque caso contrário muitos dos benefícios da União, como livre circulação, são postos à prova. Temos interesse no desenvolvimento equilibrado dos países», acrescentou.

Portugal está numa situação otimista

Angela Merkel recordou que «a minha última visita foi há cinco anos. Hoje Portugal apresenta-se numa situação otimista e é motivo de alegria para mim».

«A Chanceler regressou a Portugal depois de termos virado a página da crise económica e financeira, tendo hoje uma trajetória sustentável de redução do défice e da dívida, e estando com o melhor crescimento económico desde a adesão ao euro e com a criação de emprego mais elevada das últimas décadas», assinalou o Primeiro-Ministro.

António Costa acrescentou que «temos que continuar a trabalhar para vencer os défices estruturais, em particular na área das qualificações, para alcançarmos a convergência com a União Europeia».

Quadro financeiro e zona euro

O Primeiro-Ministro referiu que «é muito importante que do Conselho Europeu de junho saiam sinais positivos, quer quanto à capacidade de, em tempo útil, fecharmos as negociações sobre o próximo quadro financeiro plurianual, dando um sinal de confiança aos empresários e investidores, quer para termos um quadro da zona euro que, sem diminuir a responsabilidade de todos quanto ao cumprimento dos compromissos que assumimos em conjunto, permita termos um euro amigo do crescimento, da criação de emprego e da prosperidade». 

A Chanceler alemã afirmou a necessidade de a União Europeia trabalhar para que o «quadro financeiro seja aprovado rapidamente, se possa concluir a união económica e monetária e a questão da governação da zona euro», tal como as migrações, sobre as quais deseja avanços.

«A aprovação do quadro financeiro plurianual [2021-2027] será tão complicada como a quadratura do círculo, depois da saída de um país, de um contribuinte líquido [Reino Unido, em março de 2019], e ao mesmo tempo com o acréscimo de tarefas. É de facto um enorme desafio», afirmou Angela Merkel.

«Enquanto União Europeia, temos de enfrentar esses desafios e, com um pouco de boa vontade, seremos bem-sucedidos», sublinhou a Chanceler. 

Portugal pensa de forma global

A Chefe do Governo federal alemão referiu ainda a «grande importância» da cooperação estruturada permanente na área da defesa entre os países da União Europeia, e apontou os «desafios externos, no que diz respeito aos conflitos na Líbia, Síria ou Ucrânia», nos quais a Europa deve ter «um papel cada vez mais ativo».

«É de grande interesse também falar sobre África, que é um grande desafio para nós enquanto continente vizinho», disse a Chanceler, acrescentando que «as iniciativas para o desenvolvimento em África ainda não são tão dinâmicas como é desejável». 

Angela Merkel sublinhou igualmente que Portugal como «país de navegadores e que sempre pensou de forma global» introduz nas discussões europeias uma perspetiva que a Alemanha, «como país mais a Leste, não pode ter».

O Primeiro-Ministro agradeceu à Chanceler Angela Merkel «esta visita de trabalho muito intensa», em que conheceu «exemplos da excelência do investimento alemão em Portugal, que marcam o novo tipo de relacionamento económico entre os nossos países associando a capacidade empresarial à excelência dos recursos humanos, à qualidade da nossa investigação e inovação», mostrando «como em conjunto, a Europa pode ser competitiva no mundo com base na inovação».