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2019-01-24 às 21h33

500 anos da primeira viagem de circum-navegação da Terra por Fernão Magalhães

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na apresentação pública do programa das comemorações do V Centenário da Circum-Navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhões, Lisboa, 24 janeiro 2019
O objetivo do programa das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães «é transformar Magalhães, a expedição de Magalhães e as redes magalhânicas num tema, uma espécie de mote contínuo que ilumine o que as escolas, os centros de investigação, a Marinha e os restantes ramos das Forças Armadas, a ação cultural externa, as instituições culturais públicas, as nossas redes de turismo e os nossos sistemas de apoio ao empreendedorismo fazem de 2019 a 2022», disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

O Ministro Augusto Santos Silva falava na sessão de apresentação do plano de comemorações - que decorrerão entre 2019 e 2022 – em Oeiras, onde estiveram também presentes o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e a Secretária de Estado da Defesa Nacional, Ana Santos Pinto.

Santos Silva disse que em vez de ter «um pequeno núcleo de atividades exclusivamente dedicadas às comemorações» esta efeméride servirá «de inspiração, de mote e de alimento» para que entidades de diversos setores possam «pensar o mundo de hoje».

«Aquilo que Magalhães e os outros fizeram, em 1519, foi pensar o seu mundo, as oportunidades do seu mundo, as descobertas possíveis, as maneiras possíveis de abrir novos caminhos e novos espaços», referiu o Ministro, acrescentando que também é isso que nos importa fazer hoje: «pensar a globalização».

O exemplo de Fernão Magalhães ajuda-nos a pensar melhor sobre os temas dos oceanos, das comunicações entre as pessoas, da cooperação entre países diferentes e entre povos diferentes, da ciência, da tecnologia, «do casamento entre o conhecimento da ciência e a sua aplicação lógica». 
Para organizar as comemorações foi criada uma comissão nacional que junta «os diferentes ministérios, as duas regiões autónomas, os municípios portugueses, as freguesias portuguesas, as universidades e demais instituições de ensino superior públicas e privadas, as cidades especificamente organizadas na sua rede, as fundações e as sociedades científicas», disse.

Dimensão internacional das comemorações

Santos Silva referiu também a dimensão internacional das comemorações, uma vez que a expedição de Fernão Magalhães constituiu «um esforço de cooperação» em que participaram «pessoas provenientes de diversos países».

«A concertação entre os países, as culturas e a cooperação entre as sociedades é o alimento essencial de que nós precisamos para enfrentar os problemas que nos tocam hoje a todos», referiu ainda.

O Ministro informou que, no final do primeiro trimestre, será apresentando «em Espanha, com a presença dos portugueses, e em Portugal, com a presença dos espanhóis» o programa de atividades conjuntas luso-espanholas para celebrar a viagem de circum-navegação iniciada por Magalhães e terminada por Elcano.

Estamos «a trabalhar ativamente com outros países, como o Chile ou o Uruguai, que também vão comemorar esta expedição, porque o trajeto de Magalhães é simboliza bem aquele que é o lugar e o papel de Portugal hoje no mundo: uma ponte que liga a Europa, a América Latina, a África e a Ásia», disse ainda.

Augusto Santos Silva comparou os portugueses ao navegador pelo facto de serem «um pouco destemidos», procurarem saber «o que importa saber em cada momento e não ter medo de, com esse saber, desafiar fronteiras criando novas fronteiras».
«Se a fronteira mais importante que nós temos que abrir hoje é a da cooperação internacional entre vários continentes e vários países, Magalhães é uma boa ajuda para isso», afirmou.

Também a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, em declarações à imprensa, referiu que a iniciativa «vai procurar trazer, para os dias de hoje, aquilo que foram acontecimentos que marcaram o mundo», designadamente, «o início da globalização, o início da inovação tecnológica que permitiu aumentar o conhecimento e, também, o início da nossa forma de estar, que é fazer parcerias, e através de parcerias, sejam elas locais, com Espanha ou a nível global».
 
Marinha empenhada nas comemorações

Para assinalar o quinto centenário da circum-navegação, a Marinha vai estar empenhada num conjunto de iniciativas:

A Academia da Marinha vai promover um Ciclo de Conferências subordinada ao tema.
 
O Navio Sagres realizará, em 2020, uma viagem de circum-navegação e, neste âmbito, estará também presente em Tóquio, na altura dos Jogos Olímpicos.

As «Jornadas do Mar 2020», organizadas pela Escola Naval, incidirão sobre as temáticas da viagem de circum-navegação.
 
Será apresentado, nas escolas, a iniciativa «Céu de Magalhães - 3 anos em 30 minutos», que demonstra os feitos do navegador português.
 
O projeto «Roteiros e Rotas de Magalhães» vai investigar e estudar as rotas e revisitar os caminhos percorridos e os procedimentos náuticos dos pilotos, tendo em conta as limitações impostas pelo conhecimento da época, e pelos agentes físicos e características dos navios à vela.

Por fim, «Da Marinha do tempo de Magalhães até à atualidade. Uma experiência a bordo de um navio» consiste na realização de embarques temáticos para jovens em idade escolar, onde será feita uma apresentação da evolução da navegação e embarque em navios do tempo de Magalhães até à atualidade.
 
Fernão de Magalhães (1480-1521) notabilizou-se por ter organizado e comandado a primeira viagem de circum-navegação ao globo e ao serviço do rei de Espanha. A viagem, a bordo da nau Victoria, começou a 20 de setembro de 1519, em Sanlúcar de Barrameda (sul de Espanha), e terminou a 6 de setembro de 1522, no mesmo local.
 
Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a atravessar o estreito entre os oceanos Atlântico e Pacífico, a sul da América do Sul. O navegador não terminou a expedição, uma vez que morreu nas Filipinas, em 1521, aos 41 anos, pelo que a viagem seria concluída pelo navegador espanhol Juan Sebastián Elcano.