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2017-04-04 às 19h18

Governo quer mais investimento chinês nos setores produtivos da economia

Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva

«Tentamos que o investimento chinês progrida» pois «não consideramos que seja do interesse de Portugal desmerecê-lo», afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na abertura da conferência «30 Anos da Declaração Conjunta. Portugal, a China e Macau», na Fundação Oriente, em Lisboa.

Sublinhando que «o investimento chinês que mais interessa atrair é de natureza produtiva, mais dirigido para os setores produtivos da economia», o Ministro especificou: «Para o setor agroindustrial e para o setor industrial manufatureiro».

«O investimento chinês já penetrou em setores muito importantes da economia nacional como a energia, a banca e os seguros», lembrou Augusto Santos Silva, realçando que este se trata de um investimento que «vem para ficar, não é de curto prazo, que procura uma rentabilidade imediata a qualquer preço».

Reciprocidade nas relações económicas

«As relações entre Portugal e a China estão hoje muito mais avançadas do que há cinco ou 10 anos», afirmou ainda o Ministro, acrescentando que «há caminho para esse relacionamento económico».

Contudo, «isso implica reciprocidade» ressalvou Augusto Santos Silva, referindo «a necessidade dos produtos portugueses, nomeadamente os agroalimentares, encontrarem menos barreiras à entrada no mercado chinês».

«Portugal é, dos países ocidentais, o que consegue compreender melhor o que se passa na China e como nos podemos relacionar, dada a ligação especial entre os dois países, que há 30 anos acordaram os termos da transição da Região Administrativa Especial de Macau para a administração chinesa, consumada em 1999», disse ainda o Ministro.

Augusto Santos Silva referiu também que «o relacionamento de Portugal com a China tem-se feito, ao longo destes 30 anos, num momento histórico de uma grande mudança em curso na civilização chinesa e no Estado chinês, e cujos futuros desenvolvimentos não conseguimos antecipar totalmente».

Exemplificando, o Ministro lembrou que «a China, um dos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU - com capacidade de veto - foi, a seguir à França, apoiante da candidatura de António Guterres a secretário-geral da organização, baseando-se no argumento de que os chineses conheciam os portugueses, que tinham cumprido todos os compromissos feitos há 30 anos».

Aposta chinesa no ensino do Português

Augusto Santos Silva referiu também «a grande aposta da China no ensino do Português e, em particular, o papel de Macau, que tem hoje programas de ensino e aprendizagem de Português como nunca teve, e se está a afirmar como a plataforma de projeção do ensino de Português para todo o subcontinente chinês».

O Ministro destacou ainda «o relacionamento triangular entre a República Popular da China, Portugal e os países de língua portuguesa de África, que se tem consolidado através do Fórum Macau».

«Esta é uma plataforma institucional que podemos usar cada vez mais para estimular o relacionamento dos países de língua portuguesa com a China, promovendo o papel capital de Portugal na intermediação», acrescentou Augusto Santos Silva.

O Ministro disse que este «é um dos pontos mais importantes no mundo em que se percebe melhor por que é que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa está muito longe de ser uma bandeira ou um tópico de discursos mais ou menos afetivos».

«O modo como Portugal e China podem olhar-se a si próprios como parceiros no investimento em países africanos de língua portuguesa e em países africanos em geral é um dos pontos essenciais do progresso do relacionamento bilateral», concluiu.