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2017-02-23 às 10h56

Infraestruturas tecnológicas e pessoas qualificadas são os trunfos para ultrapassar bloqueios estruturais

Primeiro-Ministro António Costa cumprimenta o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, Lisboa, 23 fevereiro 2017 (Foto: Miguel A. Lopes/Lusa)

«Esta é a primeira revolução industrial para a qual Portugal não parte em posição de desvantagem, ou por carência de recursos naturais, ou pela sua posição geográfica», afirmou o Primeiro-Ministro, António Costa, na conferência «Moldar o Futuro», organizada pela Confederação Empresarial de Portugal, em Lisboa.

O Primeiro-Ministro sublinhou: «Pelo contrário, partimos com duas vantagens competitivas da maior importância: uma infraestrutura tecnológica que suporte esta revolução digital, e recursos humanos altamente qualificados, capazes de fazer a transferência do conhecimento e a inovação no tecido empresarial».

António Costa referiu os fatores que fazem desta conjuntura favorável: Em janeiro, o indicador de confiança atingiu o máximo histórico desde 2000; nos dois últimos trimestres, inverteu-se o rumo de desaceleração da economia, com um crescimento acima da média europeia; e criaram-se mais de 100 mil postos de trabalho líquidos em 2016, além de um crescimento contínuo do investimento.

Contudo, «o problema de crescimento não é de conjuntura, Portugal tem de - de uma vez por todas - concentrar-se, de forma continuada e articulada, na resolução dos bloqueios estruturais», sublinhou.

Competitividade assente no conhecimento e inovação

«É fundamental uma visão para o País e uma estratégia de médio prazo» vertida no Programa Nacional de Reformas assente nos pilares da qualificação, inovação, modernização do Estado, valorização do território, capitalização das empresas, redução de desigualdades e erradicação da pobreza, disse ainda o Primeiro-Ministro.

António Costa sublinhou: «Não voltaremos a ser competitivos numa estratégia que não assente no conhecimento e na inovação. Só assim poderemos ser competitivos e acompanhar a internacionalização e novos mercados globais».

«Se todos fizermos o que o calçado, o têxtil e o agroalimentar fizeram, daqui a 10 anos podemos estar aqui, num novo seminário, sem a angústia e a incerteza de sermos capazes de aproveitar uma boa conjuntura e vencer os bloqueios estruturais», referiu ainda o Primeiro-Ministro, lembrando que estes setores tradicionais «conseguiram sobreviver e encontrar nova vida graças a um crescimento assente na inovação para competir num mercado global mais exigente».

Papel dos parceiros sociais

António Costa afirmou ainda que a estratégia de desenvolvimento do País tem de ser «o plano do conjunto da sociedade, uma agenda para a próxima década, que tem de transcender esta legislatura».

«É, por isso, da maior importância que seminários como este sejam desenvolvidos pelos parceiros sociais, que não são só parceiros de negociação anual com o Governo» acrescentou.

Os parceiros sociais «têm de ser parceiros do dia-a-dia de uma estratégia comum de desenvolvimento, que tem de assentar na execução do nosso Programa Nacional de Reformas», que «não é um plano do Governo», mas de todo o País.

Estabilizar lei laboral e qualificar trabalhadores

«Só o investimento continuado e persistente permitirá resolver os bloqueios estruturais da economia portuguesa», referiu ainda o Primeiro-Ministro, acrescentando que a estratégia para prosseguir esta finalidade deve também incluir a estabilização da legislação laboral, a qualificação dos trabalhadores e a inovação tecnológica.

António Costa disse: «Não é aceitável que 10% dos contribuintes que declaram rendimentos do trabalho se encontrem abaixo do limiar da pobreza. Essa pobreza tem de ser erradicada, a par da pobreza infantil».

«É fundamental não repetirmos o erro de diagnóstico sobre quais são os problemas estruturais», que correspondem às prioridades do Programa Nacional de Reformas.

«É preciso assegurar e proteger o valor da concertação social, mas ele tem de se desenvolver a todos os níveis - ao nível da contratação coletiva e do diálogo social de cada empresa», concluiu.

 

Foto: Primeiro-Ministro António Costa cumprimenta o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, Lisboa, 23 fevereiro 2017 (Foto: Miguel A. Lopes/Lusa)