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2017-02-23 às 17h43

Programa Interface agrega os vários atores do processo de inovação na economia

Primeiro-Ministro António Costa discursa na apresentação do Programa Interface, Lisboa, 23 fevereiro 2017

O Programa Interface «é, para mim, o programa mais importante, do ponto de vista estratégico, do Programa Nacional de Reformas», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na cerimónia de apresentação do programa, em Lisboa.

Na cerimónia intervieram ainda os Ministros da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

O Primeiro-Ministro afirmou que o Programa Interface «é o mais importante porque é aquele que está centrado no que é o ponto fundamental do nosso modelo e da nossa estratégia de desenvolvimento: a inovação».

«É o mais importante porque agrega transversalmente os mais diversos atores», sublinhou.

Inovação é o grande desafio

António Costa afirmou que «a capacidade de agregar empresas e conhecimento para gerar inovação», «é o grande desafio que o País tem pela frente».

«Se olharmos para os últimos 15 anos da economia portuguesa, a média anual de crescimento foi 0,2%. Alternámos entre anos de recessão e anos de crescimento medíocre», referiu.

Hoje, «aquilo que nos permite dar o salto em frente, voltarmos a ser competitivos, voltarmos a ter capacidade de internacionalização, de crescer e de criar emprego, é investir na inovação».

A inovação «é, no fundo, a história dos setores que ao longo destes anos contrariaram esta média de baixo crescimento» e que «foram aqueles setores que, impropriamente, há 30 anos, considerámos setores tradicionais, e que muitas vezes considerámos precipitadamente sem futuro».

O Primeiro-Ministro referiu que «o calçado, o têxtil, o agroalimentar, são seguramente três exemplos de excelência de setores tradicionais que deram a volta», e «deram a volta porque investiram na inovação».

«Aquilo que eles fizeram é aquilo que temos de fazer no conjunto dos setores, sejam eles tradicionais, sejam novos setores, como o aeroespacial, a bioquímica, a energia», disse.

Inovação é o agregador do Programa Nacional de Reformas

«A inovação é o pilar do Programa Nacional de Reformas que, no fundo, agrega todos os outros», sublinhou.

«Para haver inovação, temos de ter qualificação dos nossos recursos humanos, mas, ao mesmo tempo, é a inovação que motiva o investimento na qualificação dos recursos humanos», disse.

«Se as empresas não tiverem emprego qualificado, não inovam. Mas se não gerarem emprego qualificado ninguém é incentivado a investir na sua formação e aqueles que o fazem, em vez de pretenderem ver o seu futuro em Portugal, acreditam que só têm futuro partindo para o estrangeiro. É por isto que entre inovação e qualificação há um nexo fundamental».

E «há um nexo também entre capitalização e inovação porque para as empresas poderem investir na inovação têm de ter capacidade de investir. Mas, ao mesmo tempo, para terem capacidade de investir é necessário inovarem».

«O programa Capitalizar, que brevemente aprovaremos no seu quadro legislativo, inova, designadamente nos instrumentos financeiros ao serviço das empresas», e «já inovámos em matéria dos incentivos fiscais ao investimento de forma a que as empresas possam investir mais e melhor em inovação».

Na valorização do território, a inovação «não tem só a ver com a alta tecnologia, tem a ver com a capacidade de fazer diferente, de fazer de novo, de acrescentar valor mesmo àquilo que é mais tradicional».

«O grande milagre do vinho português dos últimos 20 anos não foi a dramática alteração do clima nem a extraordinária alteração do solo: foi a capacidade notável de incorporação de conhecimento naquilo que era um saber tradicional e secular na produção do vinho. Foi isso que fez de Portugal produtor de vinhos de grande qualidade», exemplificou.

Igualdade e coesão social

A inovação «agrega, portanto, o conjunto destes pilares», mas «agrega sobretudo aquele que tem de ser o que mais motiva a ambição que temos de ter de uma sociedade decente: que é o pilar de termos maior igualdade e maior coesão social», referiu António Costa.

«Só com inovação conseguimos melhorar a qualidade do emprego», disse, acrescentando que «para termos empresas que apostem na inovação, temos de ter empresas com emprego de qualidade».

«E emprego de qualidade não é nem emprego precário nem emprego com baixos salários», pois «a precariedade e os baixos salários só geram emprego de qualidade dos portugueses que partem para a emigração», sublinhou.

Romper com o crescimento medíocre

«Se quisermos romper com os 0,2% de média de crescimento a que estamos amarrados nos últimos 15 anos, temos mesmo de investir naquilo que faz a diferença», afirmou ainda, acrescentando que «este é o momento decisivo».

«As últimas notícias da conjuntura são boas, (…) mas o maior erro que poderíamos cometer era, à custa da conjuntura, ignorar que os desafios estruturais estão por vencer. E que os desafios estruturais só se vencem com uma estratégia de médio prazo, com uma visão de futuro, com uma agenda para a década, que persistentemente vamos executar».

Essa agenda é «o Programa Nacional de Reformas, que foi o ano passado aprovado pelo Governo e sufragado pela Comissão Europeia, e que define os seis pilares, é a nossa agenda para a década e a nossa visão de médio prazo para o País».

O Programa Interface «é absolutamente central, porque se centra na inovação, que é a chave e o agregador de todos os outros, e faz aquilo que todos sabemos que é essencial fazer: que é pegar na excelência do conhecimento, que os politécnicos e as universidades têm produzido ao longo das últimas décadas, na vontade de valorizar os produtos e os serviços que as empresas, seja dos setores tradicionais, seja dos setores mais inovadores, têm, e juntar estas peças».

«Não há aqui separações a fazer, pelo contrário. Há que juntar esforços, porque só juntos teremos a força suficiente para vencer este desafio», sublinhou, acrescentando que «o País precisa disso, as novas gerações exigem, e as nossas gerações exigem que os nossos filhos não partam para fora porque não encontram futuro em Portugal».

«Esta é uma responsabilidade que impende sobre cada um de nós: impende no Governo, nas autarquias, nas regiões, com certeza, mas também impende nas universidades, nos politécnicos, em cada uma das empresas e nos centros tecnológicos», disse.

Programa conjunto

António Costa cumprimentou os Ministros da Economia e da Ciência, «por terem sabido começar por fazer o que era essencial e bastante fácil: que é juntar dois Ministérios para trabalharem em conjunto, não a fazerem cada um o seu programa, mas a fazerem um programa em conjunto».

O Primeiro-Ministro concluiu afirmando que o «Programa Interface significa um contrato entre todos nós de que vamos por sobre a mesa aquilo que é a capacidade de cada um tem – uns porque criam conhecimento, outros porque o sabem transformar, outros porque o sabem vender –, e é esse saber todo, em conjunto, que nos permitirá vencer estes 0,2% que nos perseguem desde o princípio do século e podermos ambicionar uma década com um outro patamar, uma outra média e uma outra capacidade de crescimento».

«O grande objetivo do nosso Programa Nacional de Reformas é mais crescimento, melhor emprego e mais igualdade. E isso significa inovação».

 

Foto: Primeiro-Ministro António Costa discursa na apresentação do Programa Interface, Lisboa, 23 fevereiro 2017