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O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que a presença do seu homólogo chinês, Li Keqiang, no Fórum Macau, no dia 12 de outubro, significa o compromisso político da China na cooperação com os países de língua portuguesa, após um encontro com alguns dos empresários chineses da região de Xangai.
Referindo-se à 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, António Costa disse que este Fórum «vai ser muito importante».
«Trata-se de um evento que sublinha a importância que a China continua a atribuir a Macau como ponte para a Lusofonia», acrescentou.
«A presença do Primeiro-Ministro chinês significa um grande compromisso da China ao nível da cooperação com os países lusófonos. No domínio da cooperação trilateral entre a China, Portugal e os restantes países lusófonos há muito que ainda fazer muito em conjunto», afirmou igualmente.
António Costa salientou o conhecimento que Portugal tem dos restantes países de língua portuguesa, assim como «a capacidade que a China possui em investir e em estar presente».
«Pode haver cooperações trilaterais com empresas brasileiras ou africanas. Estamos perante uma oportunidade grande de desenvolvimento», acrescentou.
O Primeiro-Ministro considerou ainda que os primeiros dias da sua visita de quatro dias à China foram positivos. «Esta minha viagem à China teve um duplo aspeto: Um de consolidação sobre aquilo que já existe e um segundo de sementeira de futuro. Espero que daqui a uns anos se possam colher os frutos do que hoje semeamos».
Porta para a União Europeia
Discursando no Fórum Investimento em Portugal, perante centenas de empresários de Xangai, o Primeiro-Ministro disse que Portugal pode ser a porta de entrada dos investidores chineses na União Europeia, aconselhando potenciais investidores chineses a consultarem as empresas que já estão presentes em Portugal.
«Tal como Xangai, Portugal tem uma longa tradição de abertura ao mundo, e é um país membro da União Europeia. Portanto, investir em Portugal, ter visto para entrar ou para residir em Portugal é o mesmo que investir, exportar ou residir em qualquer país da União Europeia», afirmou.
Aliás, existe interesse dos chineses, pois «temos registado um elevado crescimento do número de cidadãos chineses que residem ou investem em Portugal. Não somos um país que se dirige só às grandes empresas, mas a todas as pequenas e médias que queiram investir no País».
«Dirigimo-nos também a todos os que querem estudar em Portugal», afirmou ainda.
Muitos setores para cooperar
António Costa disse que nas relações entre Portugal e a China «ainda há um grande potencial para desenvolvimento nos setores financeiro e da energia», sublinhando que também há boas oportunidades por explorar em Portugal, como no setor automóvel.
Portugal tem já uma tradição de produção, desenvolveu um cluster de componentes na sequência da instalação em Portugal de fábricas alemãs, francesas e japonesas, e tem «feito grandes esforços ao nível da investigação sobre o futuro da indústria automóvel», nomeadamente na mobilidade elétrica.
Há ainda em oportunidades de negócios em Portugal nos setores dos têxteis, do calçado (que disse ser o segundo mais caro do mundo em valor), no agroalimentar (desde a carne, à fruta, ao azeite e ao vinho), e também no turismo.
O turismo em Portugal cresceu 10% no último ano e «a rendibilidade dos hotéis subiu 17%».«Este é um crescimento que vai prosseguir, porque há cada vez mais novos mercados emissores que passam a trabalhar com o mercado de Portugal», acrescentou.
O dia em Xangai do primeiro-ministro começou com um pequeno-almoço com empresários, entre os quais se encontravam representantes de alguns dos maiores grupos económicos desta região da China.
O Primeiro-Ministro esteve ainda presente numa mostra de produtos nacionais em Xangai, intitulada Sabores de Portugal, com a presença de várias marcas nacionais de vinho, azeite, conservas, queijos, enchidos e chocolates.
Foi ainda anunciado que a associação de empresas agroalimentares Portugal Food vai assinar um protocolo com a maior distribuidora de produtos estrangeiros para supermercados da China.
Interesse na Rota Marítima da Seda
Noma entrevista à televisão do Estado (CCTV), o Primeiro-Ministro afirmou que Portugal está disposto a participar ativamente na iniciativa chinesa Rota Marítima da Seda, interessante para potenciar a localização estratégica do País.
«Nós podemos ser de facto uma grande ponte entre a Europa, África, América do Sul e Ásia», afirmou António Costa, aludindo à abertura do novo canal do Panamá e às eventuais novas rotas entre o Pacífico e o Atlântico.
«Esta é uma posição que nós assumimos e estamos empenhados em trabalhar com o Governo chinês para sermos inseridos neste projeto», acrescentou.
A Rota Marítima da Seda, anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, é um plano de infraestruturas que retoma a designação da antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.
Foto: Primeiro-Ministro António Costa com empresários portugueses e chineses em exposição de produtos portugueses, Xangai, 10 outubro 2016 (Foto: Estela Silva/Lusa)
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