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Histórico XXIII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2022-09-02 às 21h11

Visita a Moçambique «foi francamente positiva em todos os domínios»

Primeiro-Ministro António Costa e Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, à entrada para o jantar oferecido ao Chefe do Estado moçambicano, Maputo, 2 setembro 2022
«Esta Cimeira foi francamente positiva em todos os domínios», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa num balanço global da visita de dois dias a Moçambique, acrescentando que «do ponto de vista político, do ponto de vista económico, do ponto de vista militar e da segurança, foi claramente positiva».

Numa declaração à imprensa, em Maputo, no final da visita de dois dias que incluiu a V Cimeira entre os dois chefes de Governo, António Costa disse que «do ponto de vista político, há, de facto, uma grande sintonia e vontade política de reforçar a cooperação entre os dois Governos».

Antes, o Primeiro-Ministro recebera a comunidade portuguesa na Escola Portuguesa, tendo assinalado que o Fórum de investimento «teve uma grande participação das empresas portuguesas» e que os dois países assinaram «um conjunto de instrumentos financeiros novos de apoio ao investimento das empresas portuguesas aqui em Moçambique».

Investir em Moçambique

António Costa afirmou que o Governo moçambicano transmitiu «uma mensagem muito forte de desejo de que as empresas portuguesas venham para Moçambique, invistam em Moçambique, ajudem Moçambique».

«Temos um conjunto novo de áreas de cooperação a desenvolver e, sobretudo, uma vontade comum das autoridades moçambicanas e das autoridades portuguesas para trabalharmos juntos para ajudarmos a desenvolver Moçambique e também para reforçar a amizade tradicional entre os nossos povos e os nossos países», disse.

Acerca do terrorismo e regiões do norte do país, apontou que Portugal lidera a missão da União Europeia em Moçambique e «estamos, em conjunto com as autoridades moçambicanas, com os seus parceiros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e com o Ruanda, a dar resposta efetiva à ameaça terrorista em Cabo Delgado».

O Primeiro-Ministro referiu-se também ao esforço para «melhorar cada vez mais a qualidade dos serviços consulares», destacando o objetivo de «ter um consulado no telemóvel» e um «contacto permanente com as autoridades portuguesas» a partir do telemóvel, fazendo aquilo que não necessita de ser feito presencialmente, para «reservar o consulado para aquilo que não é possível fazer à distância».

António Costa disse ainda que os 40 mil portugueses residentes em Moçambique são 40 mil são «os melhores representantes daquilo que Portugal é, são cada uma e cada um dos portugueses que vivem e trabalham em Moçambique».

Penitenciar-se perante a história

No jantar oficial oferecido pelo Primeiro-Ministro ao Presidente moçambicano, António Costa, pediu desculpa pelo massacre de Wiriyamu: «Neste ano de 2022, quase decorridos 50 anos sobre esse terrível dia de 16 de dezembro de 1972, não posso deixar aqui de evocar e de me curvar perante a memória das vítimas do massacre de Wiriyamu, ato indesculpável que desonra a nossa história», quando militares portugueses mataram cerca de 400 civis.

«Uma relação tão intensa e com tal longevidade», como que une Portugal e Moçambique «está inevitavelmente marcada pela diversidade dos encontros e dos desencontros, da escravatura e da libertação, do progresso e da pobreza, da guerra e da paz, por momentos que queremos seguramente recordar, mas também por momentos e acontecimentos que temos o dever de nunca por nunca esquecer», disse.

«As relações entre amigos são feitas assim, são feitas da gentileza de quem é vítima e faz por não recordar, mas também por quem tem o dever de nunca deixar esquecer aquilo que praticou e perante a história se deve penitenciar», acrescentou.

O Primeiro-Ministro afirmou que esta penitência deve ser feita porque Portugal soube reinventar a sua história com o derrube da ditadura, «que abriu as portas à paz para que a conquistada independência de Moçambique definitivamente tenha consagrado as nossas relações como relações de amizade entre países soberanos, livres e iguais».

«É a partir desta consciência que de coração aberto e com vontade todos os dias renovada olhamos e queremos construir um futuro em comum», disse ainda.