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2022-11-16 às 20h17

Primeiro-Ministro assinala «capacidade de inspirar os outros» de José Saramago

Primeiro-Ministro António Costa e Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, na celebração do centésimo aniversário de José Saramago na sua terra natal, Azinhaga, Golegã, 16 novembro 2022
O Primeiro-Ministro António Costa e o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, assinalaram o centenário do nascimento do escritor José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998.

A presença do Primeiro-Ministro e de membros do Governo nas comemorações começaram com a visita à exposição «Porquê – a arte contemporânea em diálogo com José Saramago». No Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa.

António Costa referiu que «José Saramago faz cem anos, mas as suas histórias foram muito mais do que cem anos. Espero que alguém esteja daqui a cem anos a continuar a relembrar as palavras de José Saramago, que se multiplicaram em expressões» artísticas diversas.

A acrescentou que «a capacidade de inspirar os outros é uma das grandes qualidades de Saramago».

Homem do seu tempo

Depois, deslocou-se à Fundação José Saramago onde participou numa sessão dedicada ao escritor, que foi aberta com a leitura de textos do escritor.

Aqui, o Primeiro-Ministro apontou «a universalidade e a intemporalidade» de José Saramago. «É por isso que aqui hoje estamos. Não é para invocar o passado, mas os cem anos que ele gostaria que todos construíssemos a partir de hoje».

António Costa disse que a capacidade de Saramago inspirar outros foi uma das suas grandes missões: «Ele foi muito mais do que um escritor, ele foi um homem do seu tempo, do seu mundo e do mundo com que sonhou e que achou que tínhamos todos o direito e o dever de sonhar e de procurar. Foi por isso um homem de causas».

Saramago promoveu causas que nem todos partilham, disse, mas também «defendeu causas que muitos partilham» e «são causas comuns à humanidade».

O Primeiro-Ministro disse que «há sempre velhas desigualdades que persistem, há sempre novas formas de violar os direitos humanos e há batalhas de sempre, como, infelizmente, as batalhas pela paz – batalhas que se tornam presentes».

Citando Saramago, afirmou que se trata «de tornar mais forte a vontade da paz do que a vontade da guerra». «"A paz é possível se nos mobilizarmos para ela. Nas consciências e nas ruas." Estas palavras, patentes na Fundação José Saramago, atestam a universalidade e intemporalidade do autor», referiu ainda.

Contar a história 

Posteriormente, de tarde, na Azinhaga, concelho da Golegã, terra natal de Saramago, António Costa participou na cerimónia que assinalou a plantação da centésima oliveira numa rua da aldeia, iniciativa da junta de freguesia e da família de Saramago, iniciada em 2019, com o objetivo de celebrar a passagem do centenário do escritor.

O Primeiro-Ministro afirmou então que a melhor maneira de assinalar o centenário de Saramago é «perpetuar a sua obra», o que é uma forma de «perpetuar as causas por que lutou e as gentes a quem resolveu dar voz».

«É muito importante nós não esquecermos Saramago, porque esquecermos Saramago é esquecermos todos aqueles que, tendo nascido em alguma Azinhaga, não chegaram ao prémio Nobel, mas são aqueles que permitiram ao Saramago contar a história que fez dele o primeiro Prémio Nobel da literatura portuguesa», afirmou.

O escritor «quis contar a história das pessoas que não podiam contar a sua própria história e em cada um desses personagens, daqueles que existiram mesmo, como os seus avós, ou daqueles que ele ficcionou, todos aqueles que não podia nomear, a verdade é que ele quis contar» a história de «todas as Azinhagas em qualquer local do mundo».

A cerimónia contou, ainda, com a leitura de um excerto do discurso pronunciado por José Saramago a 7 de dezembro de 1998 perante a Academia Sueca, na cerimónia de entrega do Prémio Nobel e com a interpretação musical de um poema de José Saramago por Nuno Barroso.

À noite, o Primeiro-Ministro assistiu à ópera «Blimunda», de Azio Corghi e José Saramago, com encenação de Nuno Carinhas, no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa.