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Histórico XXIII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2023-10-13 às 13h38

Novo Banco de Córneas duplica número de transplantes

Primeiro Banco de Cultura em Portugal nasce no Hospital de Santo António no Porto


"Este investimento do Serviço Nacional de Saúde é uma iniciativa que cria valor para as pessoas, que permite fazer mais transplantes de córnea e reduzir o tempo de espera para a intervenção", disse Manuel Pizarro, no Porto,  a 13 de outubro, dia em que o Centro Hospitalar de Santo António inaugurou o primeiro Banco de Córneas de Cultura em Portugal.

O Ministro da Saúde salientou o "elevado humanismo" da nova resposta. "Tudo isto é feito em nome das pessoas", disse, acrescentando que o Banco de Córneas do Santo António é um "exemplo perfeito" de como "o SNS cumpre o desiderato humanista e essencial de democratizar o acesso à inovação tecnológica e científica na área da saúde".

A criação do Banco de Córneas abre caminho à duplicação do número de doentes transplantados, robustecendo o programa e permitindo a oferta de córneas a outros hospitais. O processamento laboratorial da córnea em meio de cultura, ultrapassando a tradicional conservação a frio, permite alargar os critérios de colheita, o prazo de validade e a qualidade dos tecidos colhidos.

A escassez de tecidos é o passo limitante do processo de transplantação de córneas. Até agora, o Santo António obtinha 150 a 200 córneas por ano, aquém das potencialidades do programa de transplantação.

"Precisamos de cooperar em rede, partilhar os recursos que temos", disse Manuel Pizarro, relembrando que "os cidadãos pedem serviços de qualidade, mas também exigem rentabilização dos serviços e dos recursos públicos existentes".

A título de exemplo, Pizarro recordou que, no Porto, os centros hospitalares de São João e de Santo António partilham a urgência de oftalmologia, aplaudindo o aumento da capacidade de obter córneas, possibilitando partilha de tecidos entre hospitais e evitando importação do estrangeiro.

"Há mais de uma década que o funcionamento da urgência de oftalmologia é dividido entre os dois principais hospitais centrais da cidade: numa quinzena funciona no Santo António e em outra no São João", exemplificou. "É um belo e excelente exemplo do funcionamento e do potencial da rede do SNS", disse.

Neste contexto, o Ministro da Saúde agradeceu "a dedicação e empenho dos profissionais", destacando que o novo Banco "é uma iniciativa dos profissionais do Santo António, que mobilizaram a sua energia em prol da dignidade das pessoas", concluiu.

Santo António fez o primeiro transplante de córnea em 1958

A córnea é, no olho, a estrutura transparente que está à frente da íris. O desafio neste tipo de intervenções é devolver transparência quando há patologia que põe em causa essa passagem de luz. Considera-se que a escassez de tecidos é o passo limitante do processo de transplantação de córneas.

O Hospital de Santo António fez o primeiro transplante de córnea em 1958 e, até 1980, foram efetuados 198, o que representava uma média de nove por ano. Em 1980, o hospital criou o Banco de Olhos para córneas refrigeradas, o que permitiu a conservação das córneas por alguns dias, possibilitando uma atividade mais regular.

Com este banco de cultura, o número de potenciais dadores aumenta, bem como o tempo de preservação. A preservação vai até um mês em vez de uma semana ou duas.

Isto porque a preservação a frio permite a utilização das córneas até um máximo de 14 dias, tratando-se de um método com outras limitações porque exclui os dadores acima dos 80 anos de idade e as vítimas de septicemia.