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Primeiro Banco de Cultura em Portugal nasce no Hospital de Santo António no Porto
"Este investimento do Serviço Nacional
de Saúde é uma iniciativa que cria valor para as pessoas, que permite fazer
mais transplantes de córnea e reduzir o tempo de espera para a intervenção",
disse Manuel Pizarro, no Porto, a 13 de outubro, dia em que o Centro Hospitalar de Santo António inaugurou o primeiro Banco de Córneas de Cultura em
Portugal.
O Ministro da Saúde salientou o "elevado
humanismo" da nova resposta. "Tudo isto é feito em nome das pessoas", disse,
acrescentando que o Banco de Córneas do Santo António é um "exemplo perfeito"
de como "o SNS cumpre o desiderato humanista e essencial de democratizar o
acesso à inovação tecnológica e científica na área da saúde".
A criação do Banco de Córneas abre caminho
à duplicação do número de doentes transplantados, robustecendo o programa e
permitindo a oferta de córneas a outros hospitais. O processamento laboratorial
da córnea em meio de cultura, ultrapassando a tradicional conservação a frio,
permite alargar os critérios de colheita, o prazo de validade e a qualidade dos
tecidos colhidos.
A escassez de tecidos é o passo
limitante do processo de transplantação de córneas. Até agora, o Santo António
obtinha 150 a 200 córneas por ano, aquém das potencialidades do programa de
transplantação.
"Precisamos de cooperar em rede,
partilhar os recursos que temos", disse Manuel Pizarro, relembrando que "os
cidadãos pedem serviços de qualidade, mas também exigem rentabilização dos
serviços e dos recursos públicos existentes".
A título de exemplo, Pizarro recordou
que, no Porto, os centros hospitalares de São João e de Santo António partilham
a urgência de oftalmologia, aplaudindo o aumento da capacidade de obter
córneas, possibilitando partilha de tecidos entre hospitais e evitando
importação do estrangeiro.
"Há mais de uma década que o
funcionamento da urgência de oftalmologia é dividido entre os dois principais
hospitais centrais da cidade: numa quinzena funciona no Santo António e em
outra no São João", exemplificou. "É um belo e excelente exemplo do
funcionamento e do potencial da rede do SNS", disse.
Neste contexto, o Ministro da Saúde agradeceu "a dedicação e empenho dos profissionais", destacando que o novo Banco "é uma iniciativa dos profissionais do Santo António, que mobilizaram a sua energia em prol da dignidade das pessoas", concluiu.
Santo António fez o primeiro transplante
de córnea em 1958
A córnea é, no olho, a estrutura
transparente que está à frente da íris. O desafio neste tipo de intervenções é
devolver transparência quando há patologia que põe em causa essa passagem de
luz. Considera-se que a escassez de tecidos é o passo limitante do processo de
transplantação de córneas.
O Hospital de Santo António fez o
primeiro transplante de córnea em 1958 e, até 1980, foram efetuados 198, o que
representava uma média de nove por ano. Em 1980, o hospital criou o Banco de
Olhos para córneas refrigeradas, o que permitiu a conservação das córneas por
alguns dias, possibilitando uma atividade mais regular.
Com este banco de cultura, o número de
potenciais dadores aumenta, bem como o tempo de preservação. A
preservação vai até um mês em vez de uma semana ou duas.
Isto porque a preservação a frio permite
a utilização das córneas até um máximo de 14 dias, tratando-se de um método com
outras limitações porque exclui os dadores acima dos 80 anos de idade e as
vítimas de septicemia.
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