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Pabasa, Irtieru e
Horsurkhet são residentes do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) desde 1993.
Durante quase trinta anos, estas múmias humanas fizeram parte da exposição de
antiguidades egípcias do Museu, a maior do país, com 584 peças.
Esta semana foram
realojadas. Até à conclusão das profundas obras de requalificação do MNA – o
maior investimento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em museus,
monumentos e palácios, no valor de 32,7 milhões de euros – ficarão guardadas
num contentor com condições de temperatura e humidade reguladas, para garantir
a sua conservação.
Como elas, claro, o
resto da coleção. "A transferência destes testemunhos materiais é extremamente
importante e foi alvo dos maiores cuidados", explica Maria José Albuquerque,
coordenadora do serviço educativo do MNA.
"As nossas múmias
tinham uma deferência especial, porque eram tratadas pelo seu nome. Os antigos
egípcios acreditavam que cada vez que se diz o nome de um defunto ele vive",
conta Maria José.
A iniciativa Lisbon
Mummy Project procurou descobrir a história de cada uma destas múmias,
sobretudo através de análises radiológicas. "A investigação pela TAC,
não-invasiva e não-destrutiva, de artefactos antigos, e especialmente restos
humanos, significa muito mais do que identificar sexo, idade, uma possível
causa de morte ou descobertas isoladas. Procura conhecer as suas relações com o
meio ambiente, as suas vidas, sofrimentos e doenças, respeitando a ética, a
sensibilidade da comunidade, e sempre honrando essas pessoas milenares", pode
ler-se no site do projeto.
Através desta
investigação, foi possível descobrir, por exemplo, que Horsukhet terá morrido
há mais de 2300 anos de cancro na próstata, "uma patologia que se pensava ser
recente, mas já matava no Antigo Egito", conta Maria José Albuquerque. Ou que
Irtieru, que terá morrido com uma idade entre os 35 e os 40 anos, viu a sua
vida encurtada por um problema renal, que ficou gravado nas resinas que o
conservaram.
"Vestígios de um
passado muito longínquo, mas que é património da Humanidade, aliados a
tecnologia de ponta, revelaram-nos estes segredos extraordinários, transmitidos
assim a todos os que visitavam as antiguidades egípcias", afirma Maria José
Albuquerque.
Por
agora, a coleção egípcia, assim como as restantes coleções do Museu Nacional de
Arqueologia, vai ter de esperar. "As nossas múmias não vão dormir esquecidas.
Não, vão repousar, porque elas vivem eternamente. Vão preparar-se para, quando
este museu abrir, se anunciarem a todos e saírem para a luz do dia, como os
egípcios acreditavam, num museu completamente renovado, um museu do século
XXI", declarou Maria José Albuquerque.
A reabertura do museu está prevista para 2026.
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