Saltar para conteúdo
Histórico XXIII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

Notícias

2022-09-02 às 13h05

Empresas portuguesas estão em Moçambique nas horas difíceis e nas promissoras

Primeiro-Ministro António Costa e Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, visitam a Feira comercial de Maputo, 2 setembro 2022 (foto: Luísa Nhantumbo/Lusa)
O Primeiro-Ministro português e o Presidente Filipe Nyusi afirmaram a vontade de as empresas portuguesas contribuírem mais para o desenvolvimento de Moçambique, na abertura do Fórum de Negócios e de Investimentos, que decorreu no segundo dia da visita de António Costa a Moçambique e no quadro da V Cimeira Luso-Moçambicana.

O Primeiro-Ministro sublinhou que «as empresas portuguesas não estão em Moçambique de passagem, estão há muito tempo e têm estado em todas as horas, nas horas difíceis e nas horas promissoras».

«Esta é a hora promissora» para as empresas investirem em Moçambique, pois «estão criadas condições únicas para incrementar a atividade empresarial privada em Moçambique», disse, referindo que há «mais de 500 empresas» no país e «1500 empresas portuguesas a exportar para Moçambique».

Posteriormente, António Costa referiu também a oportunidade de Portugal «importar produtos moçambicanos de excelente qualidade», o que permitirá «equilibrar a balança comercial e ajudar ao desenvolvimento» do país irmão.

Economias complementares

O Presidente da República de Moçambique disse que a realização do Fórum empresarial teve como objetivo aproximar os empresários dos dois países e facilitar as oportunidades de negócio, numa «cooperação que se quer mutuamente benéfica», destacando a «introdução de um pacote de 20 medidas de estímulo à economia» de Moçambique.

«As economias dos nossos países têm um grau elevado de complementaridade», e «Portugal está entre os dez maiores investidores e Moçambique», mas «mais pode ser feito», sublinhou Filipe Nyusi.

«Ao setor privado de Portugal, convidamo-lo a explorar a língua que nos une» e as potencialidades de Moçambique, como a «localização, as condições climatéricas favoráveis e a longa costa marítima», transformando «os recursos existentes em riqueza», afirmou. Ao setor privado de Moçambique, incentivou-o a «realizar parcerias com o setor privado de Portugal».

Durante o Fórum de Negócios e Investimentos foram assinados nove acordos de cooperação bilateral, entre os quais o Compacto Lusófono, que prevê garantias do Estado português no valor de 400 milhões de euros para investimentos nos países africanos lusófonos.

Gás natural

Numa declaração após o Fórum, o Primeiro-Ministro disse que gostaria de ver gás natural liquefeito moçambicano a entrar na Europa através do porto de Sines, mas esta decisão está nas mãos das empresas privadas de energia. A produção de gás natural liquefeito, que está prestes a começar na plataforma flutuante da bacia do Rovuma, está concessionada por 20 anos.

António Costa disse que se a primeira resposta à crise é acelerar o uso de energias renováveis, na transição, serão necessários «recursos como aqueles em que Moçambique é rico, como o gás natural».
«O início da exploração de gás natural em Moçambique não podia vir em melhor altura para Moçambique para quem é importador, como somos quase todos os países da União Europeia», disse.

«Temos todo o interesse que rapidamente se estabilize a segurança em Cabo Delgado», quer «por razões humanitárias», quer «por razoes que têm a ver com o desenvolvimento de Moçambique, mas também para que a exploração de gás possa ter pleno aproveitamento em mercados que necessitam, como o europeu», acrescentou.

«Se não aumentarmos a oferta de gás natural, dificilmente responderemos a esta crise global de inflação que se vai transmitindo de produto em produto, de país em país, e que contamina a economia mundial», afirmou.

Os ataques terroristas na província de Cabo Delgado têm impedido a construção das fábricas de liquefação de gás em terra – o gás tem de ser liquefeito para ser transportado de barco –, sendo usada a da plataforma flutuante Cora Sul, cuja produção está entregue à BP até 2042.