Trabalhadores destacam maior conciliação entre a vida profissional e familiar e menores níveis de exaustão
95% das cerca de quatro dezenas de empresas que aderiram ao "Projeto-Piloto Semana de Quatro Dias" em Portugal avaliam positivamente a experiência, que teve início em junho e decorreu durante seis meses.
Os resultados foram apresentados esta terça-feira pelos coordenadores do projeto, Pedro Gomes (Professor de Economia, Birkbeck, Universidade de Londres) e Rita Fontinha (Professora Associada de Gestão Estratégica de Recursos Humanos, Henley Business School, Universidade de Reading), e apontam para níveis de satisfação elevados, tanto da parte das empresas aderentes, como dos trabalhadores envolvidos.
Concretamente, da parte dos trabalhadores inquiridos, é de assinalar o ganho em termos de conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar. Se antes da adesão ao projeto essa harmonização era difícil ou muito difícil para 46% dos envolvidos, a percentagem baixou para 8% após quase seis meses de experiência.
65% dos trabalhadores declaram ter passado mais tempo com a família após o início da redução horária. Isto reflete-se, também, na redução em 19% de sintomas de exaustão associada ao trabalho. A frequência de outros sinais negativos a nível de saúde mental também registou uma redução: o índice de ansiedade diminuiu em 21%; o de fadiga em 23%; o de insónia ou problemas de sono em 19%.
Em média, a experiência da semana de quatro dias envolveu uma redução de 13,7% das horas semanais, de uma média de 39,3 para 34 horas, reportada pelas empresas. Em 58,8% das empresas foi proporcionado um dia livre por semana. 41,5% optaram por uma quinzena de nove dias úteis de trabalho.
Dos trabalhadores inquiridos, uma larga maioria – 85% – ponderaria mudar para uma empresa com um funcionamento a cinco dias, após ter trabalhado numa empresa em que vigorasse a semana de quatro dias, mediante um aumento salarial superior a 20%.
Este projeto-piloto, iniciado em junho de 2023, visa proporcionar uma experiência de seis meses na implementação da semana de quatro dias de trabalho, voluntária e reversível, sem contrapartida financeira do Estado, apenas com suporte técnico e administrativo por parte do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
As 41 empresas que participam situam-se em 10 distritos (com Lisboa, Porto e Braga como principais localizações) e operam sobretudo no setor social, da indústria e do comércio.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que encerrou a cerimónia de apresentação do relatório, agradeceu às 41 empresas e aos trabalhadores que se "aventuraram no desconhecido" ao aderirem à iniciativa e considerou que este é um projeto "vencedor" que já está a ser replicado na Bélgica.