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Histórico XXIII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

Intervenções

2022-07-02 às 17h07

Intervenção do Secretário de Estado da Internacionalização na Sessão Solene de Entrega de Diplomas da Universidade Lusíada

«Assim, perguntamo-nos: o que nos poderá ensinar a pandemia e a guerra na Europa?

Antes da pandemia e da guerra, a Europa enfrentava já dois desafios profundos. Refiro-me aos impactos das alterações climáticas e da transição da 3.ª para a 4.ª Revolução Industrial, caracterizada pela aceleração e massificação da automação e da inteligência artificial. 

Uma e outra são factos que já transformam e transformarão cada vez mais o mundo, os nossos países, as nossas empresas e organizações, as nossas famílias e cada um de nós. 

Na primeira, teremos que reduzir até 2030 - dentro de apenas 8 anos - 50% das emissões de gases com efeito de estufa e até 2050 eliminá-los. A dimensão da transição energética é profundíssima e deveríamos ter começado há muito a prepararmo-nos para as suas consequências. E se antes da invasão da Ucrânia, já estávamos obrigados a mudar 150 anos de hábitos de consumo para salvar o planeta, a guerra fez com que, como disse o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, pela primeira vez a ciência e a geopolítica caminhem de mãos dadas.

Na transição digital, há ainda mais perguntas do que respostas: que empregos irão desaparecer e que empregos irão ser criados? Que modificações serão necessárias considerar na Educação e na formação ao longo da vida? Que modelos de organização empresarial serão mais eficazes? Como funcionarão os mecanismos de segurança social e fiscalidade?

A pandemia contribuiu também para darmos resposta a um outro debate que hoje poderá parecer longínquo, mas que alimentou acesas discussões nas Universidades, na Comunicação Social, nos Parlamentos e nas Sociedades Europeias, e em outras democracias durante anos. 

Dois anos depois da investigação científica em rede para se descobrirem as vacinas, do financiamento dos apoios sociais que permitiram que aos impactos sanitários não se somassem os impactos sociais e económicos dos confinamentos e da organização logística que permitiu a vacinação em massa das nossas populações, poucos serão os que ainda duvidarão do lugar do Estado e das Políticas Públicas nas sociedades modernas. Mas se lhes reconhecemos um papel renovado, temos de ser muito mais exigentes quanto à qualidade das nossas instituições e à legitimidade das nossas democracias.

Encontrarmos as respostas para a transição energética, a transição digital e o reforço dos mecanismos de participação legítima das nossas instituições democráticas exigem um esforço coletivo e colaborativo de todos, se quisermos agir depressa e bem.

Estes desafios, em si mesmos gigantescos, têm efeitos no nosso relacionamento com o Mundo. Todos nos lembramos da aflição quando descobrimos que o mundo fechado pelos confinamentos não permitia o funcionamento das linhas de produção e distribuição que garantiam o acesso aos equipamentos necessários para dar resposta à pandemia. E todos estamos cientes do impacto que a guerra está a ter nos custos dos alimentos, das matérias-primas, da energia e do dinheiro. 

Neste quadro, a União Europeia anunciou duas novas políticas, ambas necessárias e bem-vindas: A re-industrialização da Europa e a aceleração da independência energética. Repito: ambas necessárias e ambas bem-vindas.»

Leia a intervenção na íntegra.