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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2020-07-07 às 20h03

Portugal e Itália juntos na urgência de aprovar um programa de recuperação europeu

Declaração conjunta do Primeiro-Ministro António Costa e do Presidente do Conselho de Ministros de Itália Giuseppe Conte, Lisboa 7 julho 2020
O Primeiro-Ministro António Costa recebeu o Presidente do Conselho de Ministros italiano, Guiseppe Conte, para preparar o Conselho Europeu de 17 e 18 de julho.

Numa declaração conjunta, o Primeiro-Ministro sublinhou que «temos de avançar com ambição porque a situação económica e o desemprego são muito graves em toda a Europa e se as transições digital e climática já eram urgentes, agora ainda o são mais».

«Quando mais tarde começarmos a responder, maior será o dano e mais recursos serão necessários» para fazer frente à crise económica e social criada pela pandemia de Covid-19, acrescentou. 

Previsões mostram urgência da resposta

António Costa referiu as previsões de verão da Comissão Europeia, que apontam que a economia da zona euro e do conjunto da união Europeia sofra «um fortíssimo impacto com esta crise», o que «torna mais urgente do que nunca aprovarmos um programa de recuperação económica e social».

Por isso, é «fundamental que, no Conselho Europeu de 17 e 18 de julho, possamos chegar a um acordo em torno da proposta da Comissão Europeia, que é inteligente, justa e equilibrada», disse, acrescentando que esta proposta «procura ir ao encontro da necessidade de termos uma resposta comum e robusta de ultrapassar o impasse na discussão do quadro financeiro plurianual».

A proposta é «equilibrada nas pretensões dos diferentes Estados e assegura que temos um programa que implica um forte compromisso nacional, que não é nem um cheque em branco, nem uma nova troika, mas, pelo contrário, responsabiliza cada Governo para selecionar os investimentos e reformas que podem contribuir para o aumento o potencial de crescimento».

Os programas nacionais devem ancorar-se «na ambição comum da Europa de acelerar as transições digital e climática, aumentar a autonomia estratégica na economia global, e a resiliência às crises».

Um acordo permitirá responder rapidamente «ao essencial: proteger as empresas, fomentar o crescimento económico, travar o desemprego e criar emprego e proteger o rendimento das famílias, permitindo-nos retomar uma trajetória de prosperidade partilhada», disse.

O Primeiro-Ministro disse também que «é muito importante que os Estados membros da União Europeia articulem entre si posições e vão alisando o caminho para que, no próximo Conselho Europeu possamos ter um acordo tão rápido quanto possível em torno da proposta da Comissão».

«A maior ambição que devemos ter é concluir um acordo em julho», disse, acrescentando que «não é altura para traçarmos linhas vermelhas, mas para abrirmos vias verdes», que permitam a adoção da proposta.

António Costa destacou também que «a forma determinada como Guiseppe Conte soube liderar e enfrentar uma crise desta dimensão», «foi para nós uma grande emoção e uma grande lição».

Sensibilidade comum 

O Presidente do Conselho de Ministros de Itália, Guiseppe Conte, que vai a reunir-se com vários chefes de Governo europeus, disse-se particularmente feliz por começar o périplo em Lisboa com o Primeiro-Ministro António Costa, «com quem conseguimos sempre encontrar a forma de cultivar um diálogo intenso, franco e quase sempre conseguimos encontrar posições comuns». 

A reunião «confirmou a visão e a sensibilidade comum entre a Itália e Portugal, nos objetivos prioritários para a Europa», tendo também sido partilhadas as situações nacionais respetivas, «mas sem perder de vista a casa comum». 

Guiseppe Conte afirmou que há, «neste momento, necessidade de uma retoma económica não só dos nossos países, mas de toda a Europa, acrescentando que «não haverá vencedores isolados ou perdedores isolados, venceremos ou perderemos todos juntos».

«Esta é uma crise sem precedentes e por isso partilhamos a necessidade de uma resposta forte, sólida, coordenada a nível europeu. As receitas nacionais não são suficientes», disse.

Percorrer a última etapa

Referindo que «muitos esforços foram já feitos, não partimos do zero», destacou que «no Conselho Europeu de 23 de abril, os 27 Estados reconheceram a necessidade da urgência de um fundo de recuperação». «Agora temos de percorrer a última etapa».

O Chefe do Governo italiano referiu que «o Conselho Europeu de 17 e 18 de julho será muito importante» e «desejamos que possa chegar a uma solução e lutaremos por isso, porque as previsões de hoje são muito negativas e não temos mais tempo».

«Temos de ter a coragem de decidir imediatamente e não é possível fechar esta negociação com uma proposta de baixo perfil, temos de trabalhar para que esta resposta seja ambiciosa, a decisão política forte que os nossos cidadãos esperam», disse ainda, acrescentando que «as outras instituições europeias mostraram que estavam à altura do seu encontro com a história, e eu e o Primeiro-Ministro António Costa faremos a nossa parte para que o Conselho Europeu também esteja à altura deste desafio».

Os dois Chefes de Governo partilharam «também a necessidade de elaborar o plano de investimentos e reformas estruturais de cada país, que seja eficaz, concreto e adequado ao desafio que estamos a atravessar. A Itália já começou e fico feliz por Portugal também já o está a fazer, como o fizemos em Itália, porque tem de ser assumido por todas as componentes da sociedade».

Tradição comum

António Costa e Guiseppe Conte discutiram ainda as relações bilaterais, «que são excelentes no nível político e podem ser reforçadas», pois «Itália e Portugal estão ligados por uma tradição comum de países marítimos europeus e um sincero vínculo de amizade».

O Chefe do Governo italiano referiu que, comercialmente, a Itália é o 4.º fornecedor e o 6.º cliente de Portugal e, «neste cenário de emergência, aumentar as nossas relações é uma perspetiva muito concreta».

«Aprecio muito a atenção de Portugal com a digitalização, com a transição energética, que também em Itália estamos a perseguir com muita determinação, existindo muita afinidade entre os dois países nestas áreas, porque o meu Governo também está a encaminhar a Itália para um futuro mais digital, mais verde, mais sustentável, mais inclusivo», disse Guiseppe Conte.

No âmbito da preparação do Conselho Europeu, o Primeiro-Ministro reuniu-se com o Presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez, no dia 6, em Lisboa, e reúne-se com o Primeiro-Ministro holandês, Mark Rutte, no dia 13 em Haia. António Costa vai ainda ter contactos com outros Chefes de Governo, tendo referido nomeadamente a Primeira-Ministra dinamarquesa, Mette Fredericksen.