«Desde que a Agência Europeia do Medicamento anunciou que irá apreciar uma vacina a 29 de dezembro, temos mesmo uma luz ao fundo do túnel, mas temos de compreender que o túnel é ainda muito comprido e bastante penoso», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na
apresentação do plano de vacinação para a Covid-19, em Lisboa.
O Primeiro-Ministro advertiu que Portugal vai adquirir 22 milhões de vacinas, «mas os 22 milhões não chegam no primeiro dia, vão chegando escalonadamente ao longo de todo o ano de 2021», e a operação de vacinação «vai desenvolver-se ao longo do ano».
Transparência e confiança
António Costa sublinhou a importância de que, «com toda a transparência sejam definidos os critérios de prioridade na administração da vacina», acrescentando que a comissão que elaborou o plano propôs «um critério claro, transparente e que todos compreendemos».
«Em primeiro lugar, proteger quem nos pode proteger: os profissionais de saúde, o que trabalham nos lares, nas forças de segurança, nas forças armadas, os que são essenciais nos serviços essenciais; em segundo lugar, as populações mais vulneráveis, pelo fator etário ou pelas comorbilidades [doenças] associadas», disse.
O Primeiro-Ministro disse ainda que «saber que podemos contar com as Forças Armadas para todo o exercício de planeamento logístico e de execução da operação, é um fator de confiança», acrescentando que também o é contar «com as forças de segurança para garantirem a segurança desta operação».
«A confiança exige também que os portugueses tenham consciência que é sempre necessário falarmos verdade», e isto significa «saber que toda esta operação está sujeita a um conjunto de imponderabilidades bastante significativo», afirmou.
Desde logo, «a montante, porque não depende de nós a produção nem o licenciamento, e, se houver aí algum atraso, teremos de ter a flexibilidade para readaptar o calendário», disse, acrescentando que «se a Agência Europeia do Medicamento não as aprovar, não teremos vacina no princípio de janeiro».
Marcas do plano
António Costa destacou «quatro marcas do plano: ser universal, para todos; ser facultativo, como é a tradição dos nossos programas de vacinação; ser gratuito; e ser distribuído de acordo com os critérios de prioridade cientificamente definidos».
Sublinhando que Portugal nunca terá «tido um esforço de vacinação com um volume de vacinas tão significativo e em tão pouco tempo», alertou para que «as dificuldades do plano começam agora e serão crescentes conforme o processo se for desenrolando».
A vacinação «é um esforço imenso que vai ser feito, mas que não é menor do que o que os portugueses têm feito ao longo destes meses, prescindindo da sua liberdade para conterem a pandemia, do esforço que as famílias têm feito, suportando fortes perdas do seu rendimento para ajudarem à proteção dos seu postos de trabalho, do esforço das empresas para sobrevierem contra ventos e marés nesta pandeia que extravasou o âmbito da saúde e invadiu a economia e a sociedade», disse.
O Primeiro-Ministro disse ainda que «as crises sanitária, económica e social só serão vencidas no dia em que tivermos atingido a imunização coletiva que nos permita ultrapassar a pandemia», acrescentando que mesmo depois disso «ficarão dores que será preciso continuar a tratar».