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2020-12-03 às 17h24

Apesar da vacina vamos ter de continuar a cumprir as regras de segurança

Apresentação do plano de vacinação para a Covid-19
Ministra da Saúde, Marta Temido, na apresentação do plano de vacinação para a Covid-19, Lisboa, 3 dezembro 2020 (foto: André Kosters/Lusa)
«A disponibilização de vacinas, quando acontecer a e ao ritmo a que acontecer, vai continuar a precisar de ser acompanhada, durante largos meses, pelo cumprimento das demais regras imprescindíveis para mantermos os nossos sistemas sociais e económicos a responder no período em que ainda não se tenha alcançado a imunidade», disse a Ministra da Saúde, Marta Temido na apresentação do plano de vacinação contra a Covid-19, em Lisboa.

A Ministra destacou o rigor técnico da equipa de coordenação do plano para a distribuição e administração das vacinas. O processo relacionado com a vacinação não começa agora, pois Portugal está, desde junho, a acompanhar o processo da União Europeia sobre o desenvolvimento, produção e disponibilização de vacinas, disse. 

Marta Temido afirmou que «as vacinas a distribuir terão carácter universal e gratuito», serão «administradas de acordo com as características do medicamento», e «disponibilizadas no Serviço Nacional de Saúde, usando o mais possível a cadeia do SNS, e depois eventualmente expansível a outros pontos do sistema» de saúde, com logística segura e registos que permitam monitorizar o processo.

A Ministra referiu também que há ainda incertezas técnicas, de produção pela indústria farmacêutica e de aprovação pelas entidades técnicas, na sessão que foi presidida pelo Primeiro-Ministro António Costa.

Plano

O coordenador do grupo de trabalho que elaborou o plano, Francisco Ramos, afirmou que os objetivos do plano são «reduzir a mortalidade e o internamento em Unidades de Cuidados Intensivos, controlar os surtos nas populações mais vulneráveis, e preservar a capacidade de resposta dos serviços universais».

Os grupos prioritários foram definidos a partir dos dados conhecidos, que mostram que as pessoas mais de 50 anos são 97% dos óbitos, 91% dos internamentos hospitalares e 81% dos internamentos em cuidados intensivos. Há outras doenças que são fatores de risco importante, destacando-se as coronárias, renais e pulmonares.

Fases 

Segundo o plano, na primeira fase, serão vacinadas as pessoas com 50 ou mais anos, com uma das doenças referidas acima, os residentes em lares e em unidades de cuidados continuados e respetivos profissionais, os profissionais de saúde e dos serviços essenciais, representando no conjunto 950 mil pessoas.

Na segunda fase, serão vacinadas dois grupos de pessoas: as com mais de 65 anos sem doenças, e as com entre 50 e 65 que tenham diabetes, cancro, insuficiência hepática e renal, obesidade e hipertensão, representando, o primeiro subgrupo, 1,8 milhões e o segundo mais 900 mil.

Na terceira fase, será vacinado o resto da população, se a indústria conseguir produzir vacinas à velocidade suficiente; se não o conseguir, serão criados novos subgrupos prioritários, que serão vacinados ao ritmo a que as vacinas sejam produzidas.

A vacinação em Portugal começa em janeiro, como em toda a União Europeia – a vacina será distribuída a todos os países a mesmo tempo –, mas ainda sem data, por depender da aprovação das vacinas e do ritmo de produção.

No tempo, a primeira fase deverá decorrer em janeiro e fevereiro dependendo do ritmo de abastecimento das vacinas, podendo estender-se até abril. A segunda deverá decorrer no segundo trimestre.

Locais

Os pontos de vacinação serão os do Serviço Nacional de Saúde, que tem 40 anos experiência, circuitos e rotinas estabilizados e 1200 pontos que existem em todo o País.

Os residentes em lares e internados em unidades de cuidados continuados serão vacinados nesses locais, pelas próprias equipas de enfermagem ou por equipas dos centros de saúde, os profissionais, serão vacinados pelos respetivos serviços de saúde ocupacional. Os restantes 400 mil portugueses do primeiro grupo, serão vacinados nos 1200 pontos do SNS.

Não há ainda plano detalhado para a segunda fase, que implica a expansão da rede de vacinação, dependendo do ritmo de abastecimento de vacinas.

Haverá um registo muito apertado, robustecendo o registo de vacinas eletrónico comum, pois os serviços de saúde têm de ter a certeza de que quem toma uma primeira dose fica imediatamente com a segunda dose marcada, com data, local e a garantia que é administrada a mesma vacina na segunda dose.

Na primeira fase, o sistema será a chamada das 400 mil pessoas pelos serviços de saúde, através dos centros de saúde, ou, para as que não usam o SNS por declaração médica.

Devido à novidade da vacina, haverá estudos de seguimento clínico e de efetividade.

Na logística, ao contrário da descentralização normal do SNS, haverá um comando e controlo de toda a operação no Ministério da Saúde, apoiado pelas Forças Armadas e pelas forças de segurança. 

Comunicação

Terá de haver uma comunicação muito ampla, que gere confiança na população: um site com toda a informação relevante e linhas telefónicas de apoio à população e aos profissionais.

Francisco Ramos, tal como a Ministra da Saúde, destacou a incerteza que existe em todo o processo, referindo que até à aprovação de uma vacina pela autoridade britânica do medicamento, a única informação sobre as vacinas provinha das farmacêuticas que as estão a produzir.