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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2021-07-23 às 13h03

CP está a tornar-se a locomotiva de um setor económico

Recuperação de carruagens Arco pela CP Industrial
Primeiro-Ministro António Costa e Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, visitam carruagem recuperada pela CP, Matosinhos, 23 julho 2021 (Foto: Estela Silva/Lusa)
«Em cada uma destas carruagens recuperadas, há 95% de incorporação nacional e houve cerca de 50 empresas a produzir componentes para esta renovação», disse o Primeiro-Ministro António Costa, acrescentando que «a CP se tornou a locomotiva de um setor económico».

O Primeiro-Ministro intervinha na apresentação da recuperação de 50 carruagens antigas compradas a Espanha para, depois de modernizadas, melhorarem o serviço ferroviário, enquanto não chega a encomenda de mil milhões de euros de novos comboios, na oficina da CP de Guifões, em Matosinhos.

António Costa afirmou que «quando se diz que o País tem de se reindustrializar, é disto que falamos», no caso, de aproveitar as indústrias metalo-mecânica, de têxteis técnicos, de componentes para o automóvel, e de as pôr a «produzir componentes para outras indústrias, como a ferroviária», alertando que «é fundamental que todas estas indústrias comecem a ter alternativas à indústria automóvel».

Aumentar o valor

O Primeiro-Ministro afirmou que «o investimento público deve estimular e incentivar o investimento privado», como neste caso, acrescentando que o Plano de Recuperação e Resiliência «tem 11 mil milhões de euros de encomendas às empresas», e referindo que, por exemplo, «quando investimos na digitalização, estamos a investir em quem desenvolve software, em quem produz hardware, em quem integra sistemas informáticos…»

«As empresas que compreendem isto são as que vão ganhar competitividade e novos mercados», pelo que «se aprendermos a fazer comboios, não só forneceremos o País, o que nos pouparia muita importação, mas poderemos começar a exportar», disse. 

António Costa sublinhou que «a economia portuguesa só vai ter maior competitividade e o País maior convergência com a União Europeia, quando produzir bens de maior valor acrescentado».

Produzir comboios

Referindo as reinvenções da indústria agroalimentar, do têxtil e do calçado e o desenvolvimento da metalo-mecânica, «que é hoje o maior setor exportador», perguntou «quantos milhões de pares de sapatos, de metros de tecido, de litros de vinho teríamos de produzir para termos o valor de uma destas carruagens?»

Assim, «se queremos aumentar a competitividade, temos de aumentar o valor agregado da economia, o que passa por não perder nenhum dos setores tradicionais, investir na inovação e qualificação desses setores, para termos mais valor acrescentado», mas também por desenvolver novos setores, como o da produção de material circulante ferroviário.

Para isto, «vamos criar uma escola de formação e um novo centro tecnológico, e uma incubadora de empresas», e o PRR tem um capítulo – as alianças ou agendas mobilizadoras para a reindustrialização – para financiar novas áreas de negócio, novos produtos e novos serviços de maior valor acrescentado que mudem o perfil da nossa economia, que é um desafio ao sistema científico, ao setor empresarial e às autarquias».

«E quando fazemos a maior compra de material circulante da história da CP, seria uma dor que ela não fosse um enorme incentivo ao investimento na indústria nacional para produzir essa encomenda de mil milhões de euros» disse.

Porém, como, para comprar comboios, «não basta querer comprar e ter o dinheiro, é preciso fazer a encomenda e esperar o tempo da produção», «estas carruagens recuperadas permitem-nos preencher o tempo que vamos ter de aguardar pela entrega dessa encomenda», de que as primeira automotoras chegarão em 2026».

Transformar a economia

O Primeiro-Ministro lembrou as decisões tomadas pelo Governo para conter as alterações climáticas, designadamente o incentivo ao transporte público urbano e ferroviário suburbano e interurbano. 

E afirmou também que «o desafio da transição climática, que é um problema para alguns setores da economia, é uma oportunidade para a transformação da base económica do País com novas atividades que podem ser criadas e atividades que podem ganhar nova força e dinâmica», entre as quais a ferroviária.

67 unidades recuperadas

O Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, referiu que «no ano e meio desde que se reabriu esta oficina» - que esteve fechada 10 anos - «foram recuperadas 67 unidades, com produção nacional, com dezenas de empresas nacionais a trabalhar, algumas a começar a trabalhar, num setor que está em expansão em toda a Europa devido à transição ambiental».

Afirmando a importância de «termos uma sociedade mais amiga e respeitadora do ambiente», disse que temos de ter «também uma sociedade mais responsável na utilização dos recursos públicos».

Pedro Nuno Santos lembrou que a CP comprou 50 carruagens Arco à Renfe por cerca de 1,6 milhões de euros (30 mil euros cada, em média), investiu menos de 160 mil em cada, pelo que as carruagens vão ficar por pouco mais de 180 mil euros cada uma», apesar de valerem «mais de um milhão de euros novas» e demoram 5 anos a ser entregues.

Já estão prontas 3 carruagens e há 9 com trabalhos em curso. Estas carruagens têm nova imagem, novos interiores, novo sistema de alimentação elétrica, tomadas usb, abertura e fecho de portas comandado da cabine, novo sistema de informação a passageiros, espaço para bicicletas, novo sistema WiFi.

O Ministro referiu também que «o Centro de competências ferroviárias, junta o conhecimento da Universidade do Porto, as necessidades das empresas públicas e uma plataforma que é já de 84 empresas privadas».

Nas oficinas de Guifões, a CP Industrial já recuperou 14 locomotivas, 17 automotoras (6 das quais unidades quadruplas para Lisboa), 18 carruagens de via larga e 6 de via estreita, num total no total de 67 unidades móveis, que valeriam mais de 120 milhões de euros se fossem adquiridas hoje e que foram recuperadas por menos de 10% desse valor.