O Primeiro-Ministro Luís Montenegro afirmou que o Conselho Europeu teve «uma discussão muito produtiva de troca de experiências a propósito» de uma «guerra que está neste momento com maior incidência em alguns países da União Europeia: a guerra da desinformação, da manipulação, da utilização de instrumentos anómalos, seja pelo financiamento de operações legais, de campanhas eleitorais».
Na sua declaração no final da reunião do Conselho Europeu, Luís Montenegro disse que «vários Estados partilharam situações muito preocupantes que acrescem às que já conhecimentos de ciberataques e invasões de privacidade de informação sigilosa de Estados».
Esta «é uma matéria à qual a União Europeia dará um enfase grande nos próximos meses, porquanto esta guerra é mais difícil de combater no pressuposto de não se saber bem quem é o adversário, que instrumentos tem à sua disposição, muitos deles sendo já uma utilização abusiva das potencialidades da inteligência artificial».
Estas operações de guerra passam também por criar, nas redes sociais, «ondas de adesão a informação manipulada que fere de morte os princípios mais basilares da democracia que é a fidedignidade da expressão da vontade popular e da liberdade de opinião», acrescentou.
O Primeiro-Ministro começou por referir que o Conselho Europeu teve a sua «primeira reunião presidida por António Costa, o que foi um motivo de satisfação especial para o Governo português», e nela «experimentámos uma nova metodologia, na qual grande parte do tempo foi ocupada numa discussão mais política e menos técnica ou mesmo, burocrática».
Apoio à Ucrânia
Luís Montenegro disse também que houve «uma viva troca de impressões com o Presidente Vladimir Zelenski a propósito da situação na Ucrânia», não tendo havido «nenhuma oposição às
conclusões».
«A conclusão é muito focada na manutenção de todo o apoio político, militar e financeiro que a União Europeia vem prestando, para além daquele que decorre dos acordos bilaterais com vários Estados da UE, entre os quais Portugal. Este ano de 2024 a ajuda financeira da União ascendeu a 16,2 mil milhões de euros. A perspetiva é que, no próximo ano, essa ajuda possa 12,5 mil milhões de euros a que acrescerão os 45 mil milhões do compromisso do G7», referiu.
Esta conclusão «não coloca em causa nenhuma iniciativa que esteja em curso nem unidade dos 27 Estados-membros da UE – é sabido que nem todos pensam exatamente da mesma maneira», mas, «no essencial, decidiu prosseguir todos os esforços que visam obter um caminho de pacificação de cessar-fogo, que possa constituir uma base na qual se possa constituir um entendimento que não deve deixar de contar, sempre, com a Ucrânia».
Influência mundial
O Conselho teve também «uma rica discussão a propósito do papel que a União Europeia pode ter no mundo, não havendo nenhuma dúvida sobre a prioridade da Aliança Atlântica», «de diversificar o relacionamento com outros blocos comerciais e políticos», em particular com o continente africano, e com a América do Sul.
No que respeita ao acordo comercial com o Mercosul, «todos os esforços devem ser assumidos para que não haja nenhum falhanço na concretização» que, «se não for bem-sucedida, significará um bloqueio e a Europa aparecerá mais enfraquecida no contexto internacional».
«Ninguém pode garantir que o acordo vai ter aprovação necessária, mas quero dizer, em nome de Portugal, que se isso acontecer a Europa vai ter de assumir que falhou redondamente, porque dará um sinal ao mundo de que não nos conseguimos entender para prosseguir as nossas ambições – e este acordo é uma ambição com 24 anos de existência», sublinhou.
Alargamento
No dia 18, realizou-se uma cimeira entre a UE e os países dos Balcãs Ocidentais candidatos à adesão, na qual «ficou muito assente o percurso para materializar a adesão no novo contexto político, havendo várias evoluções positivas».
Esta adesão, contudo, colocará outro desafio que é «a reponderação dos instrumentos de governação, o mesmo é dizer, uma reforma das instituições que evite que uma União Europeia mais alargada possa ter mais ainda dificuldade em obter consensos ou maiorias para decidir», concluiu.