O Primeiro-Ministro Luís Montenegro afirmou que «Cabo Verde é um parceiro prioritário de Portugal, pelo que foi simples darmos o mote a esta cimeira – uma palavra chega e diz tudo: Juntos», afirmou na conferência de imprensa conjunta com o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, no final da
Cimeira entre os dois países.
«Juntos pelo futuro, pelo aprofundamento da nossa relação de proximidade e fraternidade, seja ao nível dos Governos, seja, sobretudo, ao nível dos povos», acrescentou.
Luís Montenegro afirmou que «esta cimeira é histórica» porquanto nela foram assinados «um conjunto de instrumentos que são a base para darmos cumprimento nos próximos anos, em praticamente todas as áreas da nossa responsabilidade, a muitas das aspirações de portugueses e cabo-verdianos».
Sublinhando a convergência entre os dois países, disse que ela «começa no relacionamento bilateral, passa pela cooperação nas organizações multilaterais, desde logo na CPLP, e muito especialmente na relação estratégica preferencial e próxima que Cabo Verde tem hoje com a União Europeia, na qual Portugal tem um empenho redobrado, e também na Aliança Atlântica».
«É a partir da conjugação de todas estas dimensões que damos corpo a uma cooperação que é excelente, a uma relação insubstituível, e à resposta a muitas pretensões das nossas sociedades», disse.
30 acordos
O Primeiro-Ministro apontou o elevado número de 30 acordos (que começaram a ser trabalhados quando da sua visita em abril passado), destacando aqueles através das quais os Governos intervêm «positivamente na vida das pessoas, abrindo-lhes mais oportunidades, fomentando a sua qualificação e colocando-os ao serviço do desenvolvimento coletivo».
Mas mais do que o número de acordos, «queremos que a relevância seja a capacidade de executar» de «dar corpo às nossas conversações e aos documentos que delas saem».
Luís Montenegro referiu também «o compromisso dos dois Governos de olhar para os próximos anos como anos de desenvolvimento e crescimento económico, de criação de riqueza» que gere emprego, bons salários, e dinheiro para «assegurar a defesa, a justiça, a segurança e o acesso a bens fundamentais: saúde, educação, mobilidade, habitação».
Economia
Neste âmbito destacou o «lançamento da nova linha de crédito que projeta investimentos das empresas privadas». «Não estamos a cooperar apenas entre as Administrações Centrais dos dois países, estamos a fomentar a iniciativa privada», disse, acrescentando que os 100 milhões de euros acordados se compara com a última linha de crédito, assinada em 2017, de 30 milhões de euros – «mais do que triplicámos esse valor».
Destacou ainda «a prorrogação e o reforço do programa de conversão de dívida de Cabo Verde a Portugal em investimento verde», que ascenderá, até 2030, a 42,5 milhões, «triplicando o valor anterior que era de 12 milhões».
Com estes dois instrumentos «estamos a olhar para a inovação, a atração de investimento e a responsabilidade com a sustentabilidade ambiental, a descarbonização da economia, a produção de energia limpa, como instrumentos para dar maior competitividade às empresas, baixando os custos da energia» e contribuindo para fazer face às alterações climáticas, disse.
Luís Montenegro referiu igualmente a formação profissional através do apoio aos Centros de Excelência de Formação Profissional em Cabo Verde, que vai permitir dois resultados: «o reforço do capital humano em Cabo Verde» para tornar a sua economia mais competitiva, e «aos emigrantes cabo-verdianos que abraçam o projeto de vir ajudar Portugal,» que «o possam fazer com a aptidão que o mercado exige, com garantia de empregabilidade e com a proteção social e laboral que garante plena integração», «dando corpo a uma emigração regulada e que relaciona a busca da oportunidade com a dignidade no acolhimento».
Integração
«A comunidade cabo-verdiana está muito bem integrada em Portugal e no global temos um nível de satisfação elevadíssimo, quer no que os portugueses sentem quer no que os cabo-verdianos sentem», de tal modo que «grande parte desta comunidade assume hoje, por vontade própria, a dupla nacionalidade», afirmou.
Quando há incidentes, «o sentido de responsabilidade e de valorização do mais importante é mais necessário para não sucumbirmos à demagogia, ao populismo e mesmo ao extremismo de algumas posições», acrescentou.
O Primeiro-Ministro afirmou ainda a «satisfação do Governo português em acolher esta cimeira e poder retribuir a hospitalidade com que me acolheram na primeira visita oficial que realizei fora da Europa, a Cabo Verde», em abril passado. Foi aí que se iniciaram «os trabalhos que culminaram hoje com assinatura destes 30 acordos».