Saltar para conteúdo

Notícias

2025-02-28 às 14h07

Economia, defesa, energia e língua são as prioridades da relação com França

Declaração do Primeiro-Ministro e do Presidente da República Francesa
Primeiro-Ministro Luís Montenegro e Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, na declaração após a assinatura do tratado e de acordos bilaterais, Porto, 28 fevereiro 2025 (foto: Paulo Novais/Lusa)
O Primeiro-Ministro Luís Montenegro destacou a importância da assinatura do Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e a França numa declaração, lado a lado com o Presidente da República francesa, Emmanuel Macron, no segundo dia da sua visita de Estado a Portugal, a primeira visita de um Presidente da República francesa em 26 anos.

Luís Montenegro destacou «três grandes prioridades na relação bilateral», referindo a economia, incluindo a de defesa, a energia e as línguas portuguesa e francesa.

Na economia, «reforçando o comércio e o investimento», e avançando para a defesa, «uma nova área na qual estamos a trabalhar com muita intensidade», «numa estratégia que queremos alargar a toda a Europa para lhe darmos mais autonomia estratégica», através do «acréscimo do investimento e da capacidade produtiva», criando «mais indústria e mais economia».

Neste campo, Portugal está a comprar material de defesa a França e a França está também a comprar material a Portugal, «e é assim que encaramos a estratégia a nível europeu», disse.

Energia e língua

Na energia, o Primeiro-Ministro reiterou «mais uma vez» a necessidade, e foi «combinada uma iniciativa conjunta para, de uma vez por todas, materializar as interligações energéticas entre a Península Ibérica e a França, em particular as elétricas».

Luís Montenegro disse que «não faz sentido, quando reclamamos para a Europa maior competitividade», e por via disso, «queremos ter menor dependência» e também «baixar o preço da energia, baixando os custos de contexto para que as empresas sejam mais competitivas com os outros blocos» comerciais, que não aproveitemos toda a capacidade instalada, nomeadamente das energias renováveis da Península Ibérica e de Portugal em particular.

Também será bom se nos outros Estados houver produção de energia a baixo custo que chegue à economia portuguesa, disse, acrescentando que «o mercado interno europeu terá de ser uma realidade se quisermos construir uma economia mais competitiva que possa gerar a riqueza de que necessitamos para dar bem-estar às nossas populações».

Foi também acordado o reforço do ensino da língua portuguesa em França e da língua francesa em Portugal, pois «é uma componente importante da cooperação que maximiza a relação entre os dois países, não esquecendo a importância que tem para as comunidades» – entre portugueses e lusodescendentes há mais de 1,2 milhões a viver em França, e há muitos franceses a viver em Portugal e sobretudo, muitos franceses que nos visitam e gozam férias todos os anos.

Economia

Luís Montenegro referiu ainda que «na economia, as nossas interações são cada vez mais diversas e multifacetadas», sendo a França «o nosso terceiro maior cliente e também o terceiro fornecedor», sendo «o segundo país com maior volume de investimento direto estrangeiro», e tendo «aumentado significativamente o número de empresas portuguesas a operar em França».

O Primeiro-Ministro disse que há cada vez mais setores em que os dois países partilham projetos comuns, destacando «um ao qual o Presidente Macron tem dado muita atenção e que é estratégico para os nossos países e para a Europa»; as novas tecnologias e a inteligência artificial. 

«Temos partilhado muita informação e experiência para não perdermos o comboio da modernização da nossa economia, para não ficarmos excessivamente dependentes de outros», acrescentou.

Ucrânia

Luís Montenegro destacou igualmente o «esforço e liderança do Presidente Macron» para construir, no contexto internacional, «as pontes necessárias para assegurar caminhos de paz, de salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, do direito internacional e humanitário, dos grandes valores fundadores do universalismo das nações portuguesa e francesa e da União Europeia».

Na Ucrânia deverá haver «um processo de paz com a Ucrânia, com a União Europeia e com os parceiros transatlânticos», através de «diálogo e espírito de construção de plataformas comuns que aproximem os aliados que somos» – Europa, Estados Unidos, Canadá. 

Saudando a iniciativa do Presidente francês, afirmou que Portugal apoia «uma solução de paz justa duradoura e baseada no respeito do direito internacional». Mas, para que ela seja possível, «é necessário que a União Europeia, as partes envolvidas no conflito e os aliados transatlânticos estejam integrados na solução».  

Finalmente, o Primeiro-Ministro sublinhou que nos conflitos na cena internacional a França tem sido sempre um parceiro de diálogo, de comunhão de valores e de construção de pontes.

Durante a cerimónia foram assinados, além do Tratado, acordos de cooperação no domínio das capacidades de defesa, da proteção de informações e matérias classificadas, policial, entre as instituições de investigação e de ensino superior, de aprendizagem das línguas portuguesa e francesa, na área da língua, educação, ciência, da investigação e da inovação, do ensino superior, cultura, juventude e desporto, e de coprodução cinematográfica.