O Primeiro-Ministro Luís Montenegro afirmou esta terça-feira que o Governo defende um jornalismo livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de qualidade e sem perguntas sopradas. Durante a sua intervenção na conferência "O Futuro dos Media", realizada em Lisboa, Luís Montenegro sublinhou que o Governo rejeita "qualquer tipo de intromissão no espaço reservado ao jornalismo".
O Primeiro-Ministro reiterou a necessidade de "construir os alicerces da sustentabilidade financeira" do setor da comunicação social, para garantir um "maior grau de liberdade" e a "prosseguição do interesse público de informar".
Numa comparação entre a política e o jornalismo, Luís Montenegro afirmou que "é tão importante ter bons políticos como bons jornalistas para que a democracia funcione". Defendeu ainda que a comunicação social deveria ser "mais tranquila na forma como informa e transmite os acontecimentos, evitando a urgência excessiva".
Luís Montenegro abordou ainda a questão sobre a valorização da carreira jornalística, tecendo algumas críticas ao setor: "os senhores jornalistas não estão a valorizar a sua própria profissão, porque parece que está tudo teleguiado, está tudo predeterminado".
Adicionalmente, o Primeiro-Ministro anunciou o fim gradual da publicidade na televisão pública, num processo que se desenrolará ao longo dos próximos três anos, resultando numa redução de receitas anuais de 6,6 milhões de euros .O objetivo é contribuir "para uma maior regulação do setor da comunicação social e para uma codificação de todos os instrumentos legislativos que estão dispersos".
O Primeiro-Ministro destacou ainda que todos os órgãos de comunicação social desempenham um serviço público fundamental na garantia da liberdade de informar e ser informado, não sendo essa responsabilidade exclusiva da RTP. "Serviço público é servir aquilo que é de todos nós, é um compromisso com a coletividade", concluiu.