«É próprio de uma sociedade justa que os que se esforçam mais tenham o retorno desse esforço e quanto maior for o retorno, maior estímulo damos às pessoas para levarem mais longe a sua ambição. É na base desta ambição saudável que se constroem sociedades fortes e com futuro», disse o Primeiro-Ministro Luís Montenegro na posse dos
novos membros do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Luís Montenegro, que encerrou a cerimónia que decorreu em Lisboa, disse que o Governo permite que «os investigadores, ao mesmo tempo que têm bolsas e projetos com financiamento público, possam ser sócios, acionistas, membros dos órgãos sociais das empresas».
«Queremos que a nossa ciência esteja de mão dada com a nossa economia», disse, acrescentando que «quanto mais perto conviverem as atividades de investigação e os que a aplicam à realidade, mais resultados vamos ter e mais incentivos damos para que as pessoas tenham retorno do investimento que fizeram a investigar».
Ser líderes
O Primeiro-Ministro afirmou também que «queremos ser líderes e temos condições de competitividade para o ser: temos excelente localização geoestratégica, excelentes instituições de ensino, boas condições, e cada vez melhores, de atração e retenção de talento, ligação com a União Europeia, aliança com o Estados Unidos da América e temos uma ponte em cada um dos cantos do mundo».
«Não temos de estar sempre de acordo, nomeadamente em questões de detalhe, mas temos de saber o que queremos alcançar daqui a cinco, dez, 20, 30 ou 40 anos», sublinhou.
Portugal tem potencial para ser um ator global, aproveitando «o que está a começar a ser uma nova vaga de política económica europeia, com aposta da reindustrialização do continente e em maior autonomia nos interesses estratégicos mais importantes».
Sítio único
Entre estes interesses destacou a maior autonomia energética que «é um dos fatores de competitividade reconhecido nos relatórios Letta e Draghi como crucial para a Europa continuar a ser um espaço que concilia as liberdades, a democracia, a iniciativa económica e os direitos sociais».
Luís Montenegro sublinhou que «não há nenhum outro sítio no mundo onde os cidadãos tenham resguardo de direitos socias como na Europa. A questão é como pode [a Europa] manter o que tem e como pode desenvolver-se».
«Estes problemas complexos que nos desafiam exigem que haja bom amparo da capacidade académica». Assim, «este conselho é crucial para o Governo poder tomar as melhores opções».
Não se trata só de «ir ao encontro das expetativas de quem trabalha na área da investigação e de quem quer transformar o conhecimento e a ciência em inovação», mas também de o transformar «em valor económico e social, em soluções que sejam aptas para criar mais bem-estar e perspetivas de futuro».
Grandes desafios
O Primeiro-Ministro referiu os «grandes desafios do ponto de vista ambiental, do ponto de vista da saúde e da medicina, da pobreza, da falta de desenvolvimento harmonioso, que provoca inúmeras consequências, a mais importante de todas, a falta de bem-estar de muitas pessoas», «que provoca fluxos migratórios, que geram tensões que muitas vezes se transformam em problemas globais».
Por isto, «este nosso tempo é um dos mais desafiantes de sempre do ponto de vista de ligar o conhecimento, a criação, a investigação, a inovação, a aplicação à vida socioeconómica, para resolver problemas gigantescos de equilíbrio e de perspetiva de futuro para as novas gerações».
«Talvez nunca antes o mundo se tenha deparado com uma equação tão complexa, o que nos impele a irmos à essência do que é uma sociedade justa, e por isto temos de decidir bem e de ser bem-aconselhados», disse, acrescentando que o conselho é composto «de pessoas altamente qualificadas que trazem a capacidade de várias instituições e empresas e potencial de transformação da nossa economia».
Na cerimónia estiveram presentes os Ministros da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e da Economia, Pedro Reis, e os Secretários de Estado da Ciência, Ana Paiva, e da Economia, João Rui Ferreira, bem como o ex-Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (entre 2015 e 2022), Manuel Heitor.