O Primeiro-Ministro António Costa expressou toda a amizade e solidariedade de Portugal às autoridades legítimas democraticamente eleitas da Guiné-Bissau, afirmando que a sua visita oficial ao país lusófono significa também apoio à estabilidade das suas instituições.
O Primeiro-Ministro começou a visita reunindo-se com o seu homólogo guineense, Nuno Gomes Nabiam, ao que se seguiu uma reunião das duas delegações, a deposição de flores nos monumentos a Amílcar Cabral e aos antigos combatentes da guerra de libertação, um encontro com a comunidade portuguesa, uma reunião com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e o jantar oficial. No dia 6, antes de partir para Cabo Verde, deposita flores no talhão português do cemitério de Bissau.
António Costa referiu-se ao ataque de um grupo armado, que provocou 11 mortos, ao Palácio do Governo: «Condenámos de imediato os acontecimentos de 1 de fevereiro e queríamos reafirmar a nossa solidariedade e a nossa visita aqui significa também um apoio à estabilidade, porque no mundo de hoje os conflitos têm de se resolver por via democrática pelo voto e não por qualquer outra forma».
Programa de cooperação
Numa declaração no final da reunião com o Primeiro-Ministro Nabiam, o Primeiro-Ministro português lembrou que Portugal e a Guiné-Bissau têm um
programa estratégico de cooperação de 60 milhões de euros que só produzirá efeitos que «se houver a necessária estabilidade».
A reunião entre os dois Chefes de Governo permitiu confirmar resultados concretos positivos nas áreas da defesa, educação, mobilidade e ambiente.
O Chefe do Governo guineense sublinhou que a visita de António Costa «demonstra a solidariedade do Governo português com a Guiné-Bissau e demonstra também que o país é estável, há garantias de investimento e que as pessoas podem vir para aqui trabalhar sem qualquer problema».
Projetos
O Primeiro-Ministro destacou «quatro projetos concretos (de cooperação) que gostaríamos de ver avançar rapidamente. O primeiro é relativo ao treino militar com a presença de 30 especialistas de diferentes áreas que nos próximos meses vão deslocar-se para a Guiné-Bissau no cumprimento de uma missão de treino e formação».
O segundo, é construir uma escola portuguesa em Bissau «assim que houver um terreno disponível».
O terceiro, é um navio para melhorar a ligação com o arquipélago dos Bijagós, e o quarto, concluir o estudo que está a ser desenvolvido para o classificar como reserva da biosfera, reconhecimento que vai permitir atrair o turismo de natureza «altamente diferenciador» que, «seguramente» será um contributo para a preservação do património natural e para o desenvolvimento socioeconómico».
Amílcar Cabral
Na deposição de coroas de flores no mausoléu de Amílcar Cabral, fundador do movimento de independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, o Primeiro-Ministro disse ter sentido «grande emoção», pois Amílcar Cabral foi uma «personalidade importante» para a Guiné-Bissau e para os movimentos de libertação de países africanos lusófonos, mas também alguém que ajudou a instaurar a liberdade e democracia em Portugal.
António Costa, que foi acompanhado por membros do Governo português e pelo Ministro da Defesa guineense, Sandji Fati, e pelo Chefe das Forças Armadas guineenses Biagué Na Ntan, destacou que a visita serve para os dois países falarem de paz e de cooperação.
Portugal e a Guiné-Bissau analisaram os pontos em que vão cooperar, nomeadamente as futuras missões conjuntas de segurança no golfo da Guiné visando a paz e a segurança. «Isso é muito importante, é um grande exemplo para a história», disse.
O Primeiro-Ministro foi acompanhado pelos Ministros de Estado dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, e pelo Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.