A União Europeia e a Aliança Atlântica têm áreas de convergência «cada vez mais importantes, quando percebemos a diversidade das ameaças, como se verificou esta semana, através da forma inaceitável como a Bielorrússia intercetou um avião civil de uma companhia aérea europeia, que se deslocava entre duas capitais europeias, com o objetivo de deter um opositor», disse o Primeiro-Ministro António Costa numa declaração conjunta com o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg.
O Primeiro-Ministro que classificou a interceção do avião e a detenção do opositor ao regime bielorrusso como uma «violação dos princípios democráticos», e «uma violação clara da segurança da aviação civil», acrescentando que «não obstante o espírito construtivo e de diálogo que temos de manter com todos os nossos vizinhos, para construir um clima de paz global, não podemos ignorar que as ameaças existem e que se materializam da forma mais diversa, desde o terrorismo na nossa vizinhança sul até estes atos na nossa fronteira leste».
António Costa referiu que o Secretário-Geral da NATO «participará na reunião dos Ministros da Defesa da União Europeia, o que é um contributo da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia para o estreitamento das relações entre a UE e a NATO», pois as duas organizações, apesar de nem todos os membros de uma serem membros de outra, podem «cooperar de forma benéfica», havendo «várias áreas de convergência muito importantes».
A visita do Secretário-Geral da NATO a Lisboa «ocorre a poucos dias de uma cimeira que marcará um novo impulso nas relações transatlânticas e num momento em que a NATO está a desenvolver uma reflexão sobre o seu projeto 2020-2030, que temos acompanhado, e em que nos revemos, no essencial, das propostas apresentadas pelo Secretário-Geral», disse.
Além da reunião com o Primeiro-Ministro, Jens Stoltenberg participa na reunião do Conselho de Estado, está presente na inauguração formal de uma instalação da Academia de Cibersegurança da NATO, em Oeiras, participa num exercício da NATO com 9 mil homens, e está presente no Conselho de Ministros da Defesa da União Europeia.
O Secretário-Geral da NATO destacou que, na reunião com o Primeiro-Ministro (em que estiveram também presentes os Ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva, e da Defesa Nacional, Gomes Cravinho), foi debatida «a preparação para a cimeira do próximo mês, destinada a preparar uma aliança capaz de enfrentar um futuro que tem muitos desafios diferentes», que os países não podem enfrentar sozinhos, acrescentando que «a Aliança Atlântica quer reforçar o seu combate ao terrorismo e à instabilidade».
Academia da NATO
Posteriormente à reunião, o Primeiro-Ministro António Costa e o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, acompanhados pelo Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, visitaram a Academia de Informações e Sistemas de Comunicações da NATO, em Oeiras.
António Costa destacou «o significado que tem, para Portugal, acolher esta Academia de Informações e Sistemas de Comunicações da NATO», «uma tão moderna e avançada estrutura de educação e treino, que tem um papel tão importante, não apenas na formação digital de toda a força de trabalho da NATO, mas também em todo o processo de transformação digital» da estrutura da Aliança Atlântica.
Referindo que «todos os dias testemunhamos como é crescente no mundo a procura da cibersegurança», sublinhou que «direta ou indiretamente, a Academia contribui para a proteção e resiliência das infraestruturas críticas e de muitos dos sistemas de informação de que as nossas sociedades modernas cada vez mais vitalmente dependem».
O Primeiro-Ministro afirmou que, para além da sua missão principal de treino de quadros da NATO, «partilhamos com a Agência de Comunicações e Informação da NATO», que dirige a Academia, «a visão desta Academia como um polo de inovação que pode proporcionar oportunidades de estimulantes parcerias» incluindo com o ensino superior e a indústria portugueses.
«Portugal orgulha-se de ser membro fundador da NATO e um membro participante em todas as horas e em muitas das suas operações e missões», disse, acrescentando que «o compromisso de Portugal é claro, tem sido permanente, e só este ano estará envolvido em mais de 10 operações» da organização.
António Costa concluiu afirmando que a Academia deve ser «vista como mais um símbolo do empenhamento de Portugal nos valores que sempre têm sustentado a nossa Aliança ao longo de mais de sete décadas».