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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2019-12-02 às 12h28

Temos «o dever imperioso de agir» para salvar a humanidade

Primeiro-Ministro António Costa com o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e o Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sanchez, na conferência do Clima, Madrid, 2 dezembro 2019 ( Foto: Paulo Vaz Henriques)
Primeiro-Ministro António Costa com o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, na conferência do Clima, Madrid, 2 dezembro 2019 ( Foto: Paulo Vaz Henriques)
O Primeiro-Ministro António Costa discursou na sessão de abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Madrid, tendo sublinhado a importância de agir rapidamente no combate às alterações climáticas. 

O Primeiro-Ministro deixou quatro mensagens à meia centena de dirigentes mundiais presentes na cerimónia.

A primeira, «é que temos um duplo dever: o dever de ouvir os cientistas, e o dever imperioso de agir exercendo o nosso poder. O tempo é curto, porque há uma ameaça sobre a própria humanidade», disse o Primeiro-Ministro.

Vale a pena agir

A segunda, «é que é possível agir e que vale a pena agir: como disse o Secretário-Geral das Nações Unidas – recordando as decisões que ele próprio tomou há 20 anos, como Primeiro-Ministro de Portugal» –, Portugal tem «já 54% da eletricidade que consome com origem em fontes renováveis».

António Costa recordou que «muitos receavam o impacto económico desta mudança energética», mas «a verdade é que, só no ano passado, diminuímos três vezes as nossas emissões relativamente à diminuição das emissões no conjunto da União Europeia, e conseguimos ter um crescimento económico acima da média da UE», acrescentando que «a transição energética não prejudicou o nosso crescimento».

«Muitos receavam o aumento do custo da energia», mas «a verdade é que, nos últimos quatro anos, o custo da energia em Portugal se reduziu 8%, enquanto o custo da energia na União Europeia aumentou 6%», disse, acrescentando que «a maior incorporação de energias renováveis não aumenta o custo, pode baixar o custo» da energia.

Energia renovável mais barata

O Primeiro-Ministro disse julgar «que vamos baixar ainda mais» este custo, referindo que «em julho passado» Portugal realizou «um grande leilão para a concessão de licenças para a produção de energia elétrica com base no solar», e nesse leilão «conseguimos obter o recorde mundial do preço mais baixo de energia, 14,76 euros por megawatt/hora», pelo que «a energia renovável pode ser a energia mais barata».

Referindo que «a nossa prioridade na transição energética, no novo paradigma da mobilidade, na economia circular a na gestão eficiente da água tem, aliás, sido reconhecida internacionalmente» António Costa disse que «por isso, Lisboa vai ser em 2020 a capital verde da Europa, e será a primeira cidade do sul da Europa, a ter este título».

Ir mais longe

A terceira mensagem que Portugal deixou à conferência foi a de que «nós temos a responsabilidade de ir ainda mais longe e ainda mais rápido», razão pela qual Portugal aprovou «um roteiro que fixou, até 2030, o esforço mais exigente para atingirmos a neutralidade carbónica em 2050». 

«O nosso objetivo é muito claro: queremos, em 2030, que 80% da nossa energia elétrica tenha origem em fontes renováveis e já tomámos a decisão de, em 2021 e 2023, encerrarmos as duas únicas centrais a carvão que temos em Portugal», afirmou.

Todavia, «iremos todos mais longe e todos mais rápido, se apostarmos na diversificação das fontes de energia e se reforçarmos a nossa capacidade de agir em conjunto». 

Por isso, em Portugal «temos por prioridade a maior produção de hidrogénio verde», pondo as «nossas as boas condições climatéricas ao serviço desta nova energia limpa» e utilizando «os pipelines, que já temos para transportar o gás natural, para exportarmos hidrogénio, e as boas condições portuárias para também o fazermos por via marítima».

Interconexões energéticas

«Por outro lado, há que reforçar as interconexões energéticas, disse o Primeiro-Ministro, acrescentando que «quanto mais interconectados estivermos, melhores condições temos de cooperar, de reforçar a nossa segurança energética e de reduzir o custo da nossa energia». 

Portugal assinou «um acordo com Marrocos para estabelecer uma interconexão energética, e esperamos que possamos reforçar as interconexões com a Europa, através da Espanha e da França, para podermos partilhar, com todos os nossos parceiros europeus, a maior componente de energia renovável que temos condições para produzir».

A quarta mensagem foi a de que «os oceanos são o principal regulador climático e temos de ser capazes de dar a atenção que já damos à transição energética, aos oceanos, se queremos cumprir a nossa ambição e dever de combater as alterações climáticas». 

Assim, «Portugal organizará, em conjunto com o Quénia, no próximo mês de junho, em Lisboa, a segunda conferência das Nações Unidas sobre os oceanos».

António Costa convidou todos os países presentes em Madrid «a participar ativamente nesta conferência», mas, sobretudo, convidou todos a juntarem-se «à ambição que nos pediu o Secretário-Geral das Nações Unidas para que possamos fazer mais, melhor e mais rápido pelo nosso planeta».

Salvar a humanidade 

«E já que estamos em Espanha, numa conferência organizada pelo Chile, podemos inspirar-nos no exemplo de dois homens que há 500 anos partiram de Espanha, Magalhães e Elcano, e que encontraram no Chile a ligação entre o Atlântico e o Pacífico, tendo conseguido realizar a primeira viagem de circunavegação», disse. 

O Primeiro-Ministro concluiu que o mundo deve inspirar-se «neste primeiro exemplo de globalização», «para a globalização que temos hoje de assegurar nesta luta comum para salvar a humanidade».  

Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP25), o Primeiro-Ministro esteve também presente um almoço oferecido pelo Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e participa num debate com a sociedade civil para melhorar a ação conjunta de combate às alterações climáticas. 

Na abertura da 25.ª Conferência de Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que decorre de 2 a 23 de dezembro, estiveram presentes meia centena de líderes mundiais.

Portugal está representado pelo Primeiro-Ministro e pelo Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes. 

A conferência espera delegações de 196 países, assim como os mais altos representantes da União Europeia e várias instituições internacionais.