«A plena materialização das oportunidades da transição digital exige novas competências e novos modelos de negócio, ágeis e flexíveis», razão pela qual «a transição digital das empresas contará com 650 milhões de euros no Plano de Recuperação e Resiliência nacional», disse o Primeiro-Ministro António Costa numa intervenção, na Convenção Nacional dos Serviços, cujo tema é «Os serviços, motor da transição digital e da competitividade e valor – que estratégia para a década?».
O Primeiro-Ministro, que está no Conselho Europeu, em Bruxelas, afirmou, numa mensagem em vídeo, que os fundos do
PRR para a transição digital vão centrar-se «na modernização do trabalho e dos processos de produção, na mitigação do défice de competências em tecnologias digitais, na criação de novos canais digitais de comercialização e na adoção de uma cultura de inovação e experimentação».
Simultaneamente, o Plano terá fundos para «valorização das qualificações, com mais investimento no ensino profissional, na formação de adultos e no ensino superior nas áreas STEAM» (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), e a transição digital do Estado será feita «em parceria com as nossas empresas de serviços, empresas de excelência à escala global».
A transição para uma economia descarbonizada, um dos grandes objetivos do PRR, juntamente com a digitalização, é «promotora da criação de novos empregos verdes na área dos serviços, em domínios como a investigação e desenvolvimento, o ecodesign, a reparação e a reciclagem».
Serviços digitais
António Costa referiu também que «a terciarização da economia global tem vindo a conferir um destaque crescente ao setor dos serviços» e «Portugal soube afirmar-se e alcançar resultados notáveis», tendo o setor «sido determinante para a saúde das nossas contas externas» e «o grande motor da criação de emprego nos últimos anos, sendo responsável, em 2019, por mais de 2,7 milhões de postos de trabalho».
A pandemia afetou profundamente o conjunto do setor, mas «houve segmentos que, felizmente, puderam fortalecer-se»: «os serviços relacionados com as atividades de informação e comunicação, por exemplo, registaram um crescimento robusto de 6,7% do seu valor acrescentado bruto e de 11% do emprego no último trimestre do ano passado».
Referindo que «uma das dinâmicas que a pandemia veio acelerar foi a da digitalização» o Primeiro-Ministro apontou dados da Associação de Economia Digital, segundo os quais «60% das empresas portuguesas têm agora presença digital, quando em 2019 eram apenas 40%. E o comércio eletrónico cresceu mais de 60%».
Porém, alguns setores da fileira dos serviços, «nomeadamente a restauração, o turismo e a cultura, mas também muitos segmentos do comércio a retalho», foram dos mais afetadas pelas medidas tomadas para conter o vírus, tendo registado em 2020, uma queda que «não tem precedente nos últimos 25 anos», tendo sido, por isso «um dos setores que concentrou mais medidas de apoio» criadas pelo Governo.