«A prioridade de saúde pública, neste momento, tem de ser a prevenção dos riscos de contágio, com vista à contenção da epidemia», disse o Primeiro-Ministro António Costa no
debate quinzenal na Assembleia da República sobre «Prevenção e contenção da epidemia Covid-19».
O Primeiro-Ministro acrescentou que «o protocolo de atuação poderá variar, em função da gravidade da situação e da evolução que a epidemia venha a ter no nosso país, desde o internamento hospitalar, ao isolamento profilático em casa ou mesmo à quarentena por determinação das autoridades competentes».
António Costa referiu que a Lei de Bases da Saúde e a Lei 81/2009, preveem a separação de pessoas que não estejam doentes de forma a evitar a eventual disseminação da infeção ou contaminação, existindo, assim, «enquadramento legal para a adoção das medidas que se revelem necessárias para prevenir o contágio num cenário de transmissão comunitária do vírus».
Estas medidas «devem sempre observar o princípio da proporcionalidade, sendo adotadas de forma gradual e apenas em caso de necessidade», «porque o pior vírus é mesmo o do alarme social», sublinhou.
Medidas
O Primeiro-Ministro lembrou que «a 31 de janeiro foi constituída uma task force para a doença causada pelo novo coronavírus (Covid-19)», tendo sido «imediatamente ativados três hospitais de referência: o Curry Cabral, o Dona Estefânia [em Lisboa] e o São João [no Porto]», que
visitou a 3 de março.
«O INEM reservou ambulâncias dedicadas para o transporte de doentes suspeitos de terem contraído o vírus», «a Linha Saúde 24 foi reforçada com mais 100 enfermeiros e foi criada uma nova Linha de Apoio ao Médico que se tem revelado essencial no esclarecimento e aconselhamento aos profissionais de saúde, bem como na validação dos casos suspeitos», referiu.
«A
Direção-Geral da Saúde tem vindo a emitir um conjunto de orientações técnicas relativas às medidas de prevenção, controlo e vigilância a adotar nesta fase, em diversos domínios de atuação, designadamente no que diz respeito aos locais de trabalho ou ao transporte marítimo e aéreo», designadamente de pessoas vindas da China ou de Itália.
Contenção da epidemia
O Primeiro-Ministro afirmou que «com cinco casos positivos até ao momento, encontramo-nos ainda numa fase de contenção da epidemia, embora se trate já de uma contenção alargada», o que «significa que os meios inicialmente mobilizados têm vindo a ser progressivamente reforçados».
Assim, «foram já ativados 4 hospitais de segunda linha e há outros 6 hospitais em estado de prontidão», «estão identificadas cerca de 2 000 camas de isolamento que podem ser disponibilizadas, 300 das quais em cuidados intensivos» e há oito «laboratórios habilitados a realizar testes ao novo coronavírus».
O Serviço Nacional de Saúde «dispõe de uma reserva estratégica de dois milhões de máscaras e outros equipamentos de proteção individual, a que se soma um stock de 1,6 milhões de máscaras da Cruz Vermelha Portuguesa, que se destinam a ser utilizadas essencialmente por profissionais de saúde e pessoas infetadas ou em avaliação, uma vez que a sua utilização pela população em geral não é aconselhada» e «o stock de medicamentos do SNS foi também reforçado em cerca de 20%».
Outros preparativos
António Costa apontou também preparativos noutras áreas, referindo o «despacho determinando que todos os serviços públicos elaborem, no prazo de cinco dias úteis, planos de contingência específicos, à luz das orientações técnicas definidas pela Direção-Geral de Saúde».
A Comissão Nacional de Proteção Civil reuniu-se para «a avaliar o nível de prontidão e definir as ações de prevenção, de preparação e de resposta que todas as entidades competentes devem adotar nos diversos cenários possíveis de evolução desta epidemia», estando agora «em funcionamento permanente para acompanhar o evoluir da situação e tomar as medidas que, em cada momento, se revelem adequadas».
Os «
direitos laborais daqueles que, por razões de saúde pública, não possam ou não devam comparecer nos respetivos locais de trabalho, por decisão de uma autoridade de saúde pública, continuando a receber o seu salário por inteiro, tanto no setor público, como no setor privado», foram também salvaguardados.
Efeitos económicos
O Governo, através do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, reuniu-se com as principais associações empresariais para fazer um ponto de situação e procurar formas de minimizar os efeitos desta epidemia, referiu ainda.
O Primeiro-Ministro disse que «até ao momento, o impacto económico para as empresas portuguesas tem sido moderado ou reduzido», e «não se esperam quebras significativas nas cadeias de fornecimento de componentes, até porque a China está já a retomar a sua atividade industrial».
«Apenas no setor do turismo, viagens e eventos, tem havido uma quebra de procura e alguns cancelamentos, cujo impacto verdadeiramente dependerá da duração e da gravidade do surto epidémico», pelo que o Governo continuará «a monitorizar a situação», podendo vir a «lançar uma linha de crédito para apoio de tesouraria às empresas no valor inicial de 100 milhões de euros».