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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2021-11-26 às 14h11

Primeiro-Ministro destaca importância da Autoeuropa no desenvolvimento da indústria portuguesa

Intervenção do Primeiro-Ministro na Cerimónia do 30.º Aniversário da AutoEuropa
«Com recursos naturais, posição geográfica e recursos humanos qualificados, encaramos com confiança os desafios» da mobilidade elétrica que vão mudar a indústria automóvel, «reforçada pela experiência dos que, no passado, investiram no nosso País e hoje sabem qual é o nosso valor», disse o Primeiro-Ministro António Costa na cerimónia do 30.º aniversário da Autoeuropa.

António Costa agradeceu à administração do grupo Volkswagen «a confiança transmitida quanto ao futuro da Autoeuropa» - a empresa vai investir 500 milhões de euros nos próximos cinco anos -, «neste momento desafiante de transição da indústria automóvel, devido aos progressos dos veículos elétricos e às necessidades de descarbonização da economia para conter as alterações climáticas»..

O Primeiro-Ministro lembrou que «a Autoeuropa não foi só o maior investimento direto estrangeiro feito em Portugal, mas teve e tem tido um potencial profundamente transformador da nossa economia, representando 6% das exportações e produzindo e exportando mais do dobro do que há 30 anos. 

Cultura de formação permanente

A Autoeuropa «contribuiu muito para mudar a cultura empresarial em Portugal. Um dos seus maiores contributos foi a compreensão de como a qualificação e requalificação permanente dos recursos humanos é fundamental para que uma empresa se mantenha liderante no seu setor».

«A academia de formação ATEC, de que a Autoeuropa foi copromotora, é um modelo que tem sido replicado com sucesso noutros setores e que inspira uma das linhas principais de investimento do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030», destinada a reforçar a qualificação dos recursos humanos.

Uma outra dimensão que a Autoeuropa trouxe foi que se desenvolveu «um verdadeiro cluster automóvel, que ajudou a criar um vasto conjunto de empresas que trabalham para a Autoeuropa, e também outras que, a partir do que aprenderam a trabalhar para a Autoeuropa, trabalham para muitos outros construtores de automóveis», cluster que representa 7% do PIB.

Reindustrializar a Europa

O Primeiro-Ministro sublinhou que a pandemia «ensinou a todos que a Europa deslocalizou excessivamente a sua capacidade industrial de produção de componentes fundamentais para a sua atividade industrial».

«Não podemos ter cadeias de valor tão longas nem incompletas no quadro da União Europeia, pelo que a Europa tem de fazer um enorme esforço de reindustrialização, voltando a produzir o que deslocalizou para outras geografias», disse, apontando o exemplo dos semicondutores, cujo atraso na entrega criou sérios problemas à produção da indústria europeia.

Assim, «um dos grandes esforços que a Europa tem de fazer e no qual Portugal pode ter uma posição liderante, é substituir por produção europeia e portuguesa muitas das componentes que hoje importamos», afirmou.

Conceber e produzir

António Costa disse que «a transformação económica e social do País tem feito com que investidores internacionais, desde logo o grupo Volkswagen, olhem para Portugal não só como um local de produção de bens, mas como um País com recursos humanos que lhes permitem criar e desenvolver», apontando o caso do novo Centro de desenvolvimento de soluções digitais da VW, recentemente instalado em Portugal.

«Está na moda dizer que não queremos ser um país de Made In, mas um país de Created in, mas eu gostaria de ser mais ambicioso: queremos ser um país de Created In e de Made In», afirmou, acrescentando que «desta conjugação poderemos criar condições para atrair e fixar indústrias que produzem bens e serviços de maior valor acrescentado».

Recursos para a nova mobilidade

Por isto, «encaramos com atenção e confiança os desafios da mobilidade elétrica e da mobilidade conectada, descarbonizada, para movida a eletricidade, seja movida a hidrogénio verde».

O Primeiro-Ministro sublinhou que Portugal «tem recursos naturais para ter uma posição estratégica para a nova mobilidade: tem o preço mais baixo da indústria solar do mundo», «tem as condições para a hidrólise do hidrogénio verde», desde logo o mar, e «tem a maior reserva de lítio da Europa e a oitava mundial». 

Estas condições «otimizam o nosso País como local das atividades e das transformações para as quais estes recursos são decisivos». Também «temos os recursos humanos, e podemos dizer com orgulho que só a Áustria e a Alemanha têm maior taxa de formação de engenheiros na União Europeia», disse.

Qualificação

António Costa lembrou que «o País que a Autoeuropa encontrou há 30 anos evoluiu extraordinariamente nas qualificações. Hoje temos quatro vezes mais licenciados do que há 20 anos». 

«Então, Portugal tinha cerca de 20% da população com o ensino secundário completo e hoje tem 89%; então tinha uma única via no secundário e hoje tem um secundário com intercomunicação entre diferentes vias que oferece sólida formação académica e profissional», trabalhando este ramo «com as especificidades próprias do tecido empresarial regional», disse.

O Primeiro-Ministro afirmou que «não é por acaso que no grupo VW, a Autoeuropa tem sempre as melhores qualificações entre todas as fábricas do grupo», dando os parabéns a todos os que, ao longo de 30 anos, fizeram e fazem a Autoeuropa.