Portugal e Gâmbia inauguram nova era nas relações bilaterais

«Estamos a inaugurar uma nova era para fortalecer e melhorar as nossas relações bilaterais», afirmou o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, numa conferência de imprensa conjunta com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Gâmbia, Mamadu Tangara.

Santos Silva acrescentou que «esta primeira visita oficial de um Ministro dos Negócios Estrangeiros da Gâmbia a Portugal representa um primeiro passo numa relação em progresso». 

«Temos de melhorar as nossas relações económicas que estão a um nível muito baixo, mas podem crescer. Trocámos informações sobre as nossas economias para ver como podemos cooperar», disse Santos Silva.

O Ministro português agradeceu a participação da Gâmbia, que é membro da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), no «bem-sucedido processo de estabilização da Guiné-Bissau».

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Gâmbia afirmou que esta visita é «uma clara demonstração do compromisso com uma relação mais ambiciosa». 

O Ministro Mamadu Tangara está em Portugal para a cerimónia de lançamento do Centro do Atlântico, na Terceira, Açores, que a Gâmbia integra a convite de Portugal. O Centro do Atlântico é constituído através de uma declaração conjunta de 15 países, de três continentes (Alemanha, Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha, EUA, França, Gâmbia, Guiné-Bissau, Marrocos, Portugal, Reino Unido, Senegal, São Tomé e Príncipe e Uruguai).

O Ministro gambiano disse também que «a condição sine qua non para o desenvolvimento é a paz e a estabilidade, e estamos todos empenhados nesse caminho». 

«Não há muito tempo, a pirataria para nós era um problema muito distante, mas está a aproximar-se cada vez mais». «O centro terá um grande alcance no combate ao tráfico humano e ao terrorismo», acrescentou. 

O Ministro Santos Silva referiu que um dos objetivos principais do Centro do Atlântico (Atlantic Center) é desenvolver a cooperação em matéria de segurança marítima, com especial foco na região do Golfo da Guiné, assolada por ataques de piratas.

«É muito importante que vários países africanos se juntem aos parceiros europeus e americanos para tentar criar uma plataforma para a nossa cooperação multilateral», disse ainda.

Augusto Santos Silva destacou também o projeto de cooperação «Construindo um futuro – Fazê-lo na Gâmbia», que visa contribuir para o desenvolvimento económico do país e para melhorar as perspetivas de futuro da população jovem, através da promoção de emprego e de oportunidades para a reintegração de migrantes.

O projeto é cofinanciado pela União Europeia e está a ser desenvolvido por Portugal (através do Instituto Camões), a Alemanha e a Bélgica, desde 2018.

«A Gâmbia não se desenvolve sem os seus jovens e temos de criar oportunidades para eles. Não podemos impedir as pessoas de sonhar e a migração faz parte da história humana, mas a forma como está a acontecer em África é desoladora», referiu o ministro gambiano.

«Estamos a perder os nossos jovens, estão a morrer a tentar cruzar o Mediterrâneo para a Europa. Por isso, acho que o projeto é um passo na direção certa e juntos podemos, pelo menos, minimizar as migrações irregulares», acrescentou.

O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros elogiou ainda a Gâmbia pelo processo de transição e de reformas em curso desde a eleição do Presidente Adama Barrow, em 2017, nomeadamente pela criação da Comissão de Verdade e Reconciliação.