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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2021-08-15 às 21h55

Portugal disponível para receber refugiados afegãos

Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho
Portugal vai integrar a operação da União Europeia e da NATO para proteger cidadãos no Afeganistão e está disponível para receber afegãos, disse o Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, numa declaração à RTP.

«Acompanhamos com grande preocupação» a situação no Afeganistão, onde os talibãs estão a retomar o poder, disse, acrescentando que «o nosso objetivo imediato é apoiar, criar condições para que possam sair do país, em segurança, os funcionários que trabalharam com a NATO, com a UE, com as Nações Unidas, e Portugal participará no esforço coletivo que se está agora a desenhar».

João Gomes Cravinho referiu também que, «neste primeiro momento», o Governo português está «a dar conta às autoridades da UE, da NATO e das Nações Unidas» da sua «disponibilidade para apoiar, para receber afegãos em território português».

O número de refugiados a receber em Portugal ainda está a ser avaliado, mas «em relação aos funcionários do aeroporto» de Cabul, onde esteve a força portuguesa destacada no país, nos últimos anos, «há 243 funcionários afegãos, mais as suas famílias, o que dá cerca de mil pessoas, que precisarão de sair do país». 

Relação com governo talibã

O Ministro salientou ainda que Portugal «estará muito ativamente empenhado, com os Estados membros da União Europeia, na procura de uma posição comum europeia, e com os países da NATO». 

Sobre a futura relação com o governo de talibãs no Afeganistão, Gomes Cravinho afirmou que é preciso «ver até que ponto é possível dialogar com as novas autoridades».

«Mais do que as suas palavras e mais do que a sua reputação, que é muito preocupante, importa saber como se vão comportar, e a nossa expectativa é que o futuro regime no Afeganistão se comporte de acordo com todas as normas internacionais, seja no seu diálogo externo, seja na forma como trata a sua população», realçou.

O Ministro acrescentou que «o fundamental é o respeito pelos direitos humanos, muito em particular os direitos das mulheres e das raparigas que sofreram abusos terríveis entre 1996 e 2001 quando os talibãs estiveram no poder».

«A expectativa é de que agora o comportamento seja diferente. Isso naturalmente será uma ponte para um diálogo com a comunidade internacional. Não havendo essa ponte, será extremamente difícil haver um diálogo produtivo com o regime talibã», afirmou Gomes Cravinho.

Retirada infeliz

João Gomes Cravinho condenou o acordo assinado entre os Estados Unidos e os talibãs em fevereiro de 2020 sobre a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão, um acordo que «foi feito de uma forma extremamente imperfeita, foi feito com um calendário de retirada das tropas estrangeiras negociado unilateralmente pelos Estados Unidos e não pela NATO».

«Depois desse acordo, aquilo que se está hoje a passar iria acontecer em algum momento». «Este desfecho tornou-se inevitável» e «era uma questão de mais uns meses ou menos uns meses». 

O Ministro sublinhou que «há muitas lições a retirar deste processo, que é um processo profundamente infeliz, do qual os países ocidentais não se podem orgulhar».