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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2020-01-15 às 17h54

Portugal deve começar a trabalhar para entrar no clube de produtores de comboios

Reabertura da oficina da CP em Guifões
Oficina da reparação de comboios da CP, Matosinhos, 15 janeiro 2020
«O sonho que todos temos de ter e que temos de ser capazes de transformar em realidade é, daqui a uns anos, podermos dizer que fazemos não só parte do clube dos produtores de automóveis, mas também fazemos parte do clube dos produtores de comboios», disse o Primeiro-Ministro António Costa na reabertura da oficina da CP em Guifões, Matosinhos. 

Para conseguir entrar no clube dos produtores de comboios, o País tem de ser «persistente e não voltar a cometer erros que no passado foram cometidos», como o desinvestimento na ferrovia, de que foi exemplo o encerramento da oficina de Guifões, em 2012.

O Primeiro-Ministro afirmou ainda que temos de, «no futuro, aprender com os erros do passado e não ter dúvidas de que a ferrovia tem de estar mesmo no centro das nossas prioridades em termos de infraestruturas, material circulante e crescimento da economia».

António Costa recordou que há umas décadas Portugal importava automóveis e que, no ano passado, produziu mais de 300 mil automóveis, sendo a sua grande maioria destinada à exportação, o que permitiu que entrasse pela primeira vez no clube dos países produtores de automóveis. 

Igualmente, daqui a 10, 20 ou 30 anos Portugal poderá ser membro dos países produtores de comboios, disse, acrescentando que é «uma ambição difícil» mas necessária, e «uma grande aposta estratégica» para o País. 

Prioridade à ferrovia

Há cinco anos, o Governo definiu que a ferrovia devia ser uma prioridade, tendo investido no programa de infraestruturas ferroviárias Ferrovia 2000, mas também na compra de novo material circulante (22 composições para as linhas regionais) e na recuperação de comboios que estavam parados por avaria, para reduzir a falta de cumprimento dos horários da CP.

António Costa deu como exemplo a recuperação de duas carruagens com um custo de 80 mil euros cada, as quais, se fossem novas, custariam 600 a 700 mil euros, acrescentando que, desta forma, o Estado gasta menos dinheiro, produz em Portugal e cria emprego. 

Seria «absolutamente imperdoável» que o País investisse milhões de euros na importação de material circulante novo e deixasse ao abandono material que já comprou, amortizou e que tem todas as condições de poder ser recuperado e voltar a circular, afirmou. 

A colocação da ferrovia numa posição central na mobilidade de passageiros e mercadorias é também «prova de que o combate às alterações climáticas» é uma oportunidade de crescimento da economia.

A reativação da oficina de Guifões foi anunciada no verão passado como parte do plano do Governo para melhorar o serviço ferroviário, começando por recuperar comboios que tinham sido encostados e podiam ser recuperados.

140 empregos

A reativação da oficina de Guifões foi anunciada no verão passado como parte do plano do Governo para recuperar comboios que tinham sido encostados e podiam ser recuperados.

A reabertura da oficina vai criar 140 novos postos de trabalho, 90 dos quais altamente qualificados, até final de 2021, e a oficina já tem a capacidade das instalações até 2024 com um turno de trabalho diário.

O presidente da CP, Nuno Freitas, disse que até final do ao vão ser recuperadas 13 carruagens Schindler, que são ideais para o serviço comercial da Linha do Douro, e 14 carruagens Inox Soreframe, que serão usadas na Linha do Minho, recentemente eletrificada até Viana do Castelo e estando em curso a eletrificação até Valença.

A entrada em operação destas composições vai permitir libertar material circulante para normalizar o serviço comercial regional da CP no Oeste, no Alentejo e no Algarve, disse.

A oficina vai também fazer a revisão geral de 34 unidades múltiplas elétricas e fazer protótipos de modernização de uma carruagem Sorefame e de uma UDD 450 e de adaptação/construção de um reboque piloto para manobras.

A oficina ainda acolherá o centro de competências da ferrovia, um projeto que visa unir os setores públicos e privados e a academia, para criar capacidade industrial ferroviária, começando com a criação de um centro de formação profissional, uma incubadora de empresas orientadas para a ferrovia e um centro tecnológico com laboratórios colaborativos.

Na cerimónia estiveram ainda presentes os Ministros da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos (que tutela a CP); e o Secretário das Infraestruturas, Jorge Delgado.