O navio-patrulha oceânico «Setúbal» largou da Base Naval de Lisboa para uma missão de cooperação de três meses no Golfo da Guiné, no âmbito da Iniciativa Mar Aberto, um projeto que promove a Cooperação no Domínio da Defesa com países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em áreas como a segurança marítima e atividades científicas.
Até 30 de maio, o navio comandado pelo capitão-de-fragata Dias Marques, com uma guarnição de 58 militares, vai participar em exercícios internacionais, ações de cooperação e de presença naval em Angola, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gana, Guine´-Bissau, Nigéria e São Tome´ e Príncipe, nesta missão que se constitui também como a primeira presença marítima coordenada da União Europeia, um projeto-piloto concretizado na presidência portuguesa.
«Com esta missão Mar Aberto, vamos inaugurar uma etapa nova da União Europeia em termos de capacidade marítima. Em vez das diversas marinhas dos países europeus fazerem as suas missões de forma independente, autónoma, desconectada umas das outras, passam a coordenar as presenças, calendarizando-as, de modo a que haja continuidade, e passando informação de modo a aumentar conhecimento situacional», afirmou o Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, acrescentando que se esta nova fórmula tiver sucesso «pode ser replicada noutras regiões».
Golfo da Guiné
Gomes Cravinho referiu ainda que «a zona do Golfo da Guiné, infelizmente, tem-se revelado de grande instabilidade, com 95% dos casos de pirataria mundial», e «80% do comércio externo da UE vai por via marítima e uma parte passa pelo Golfo da Guiné, além de haver vários países que nos são muito próximos: Cabo Verde não está longe, a Guiné-Bissau está ali também. É uma região de grande interesse para nós».
O patrulha oceânico «Setúbal» é o mais recente navio da Armada portuguesa, construída nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e ao serviço há pouco mais de dois anos, com uma guarnição que inclui uma equipa de abordagem, uma equipa de mergulhadores, um médico naval e ainda um aspirante a oficial da Escola Naval em estágio.
Trata-se de uma unidade não combatente, embora armada com duas metralhadoras de 12,7 mm, com vocação para «exercer funções de autoridade do Estado e a realizar tarefas de interesse público nas áreas de jurisdição ou responsabilidade nacional», disse o Ministro.
O navio tem capacidade para «tarefas de busca e salvamento Marítimo, fiscalização da pesca, controlo dos esquemas de separação de tráfego, prevenção e combate à poluição marinha, prevenção e combate a atividades ilegais como o narcotráfico, imigração ilegal, tráfico de armas e outros ilícitos», afirmou João Gomes Cravinho.