«As ocorrências de junho foram classificadas pelo Consejo de Seguridad Nuclear como eventos de nível 0», segundo a Escala Internacional para Eventos Radiológicos e Nucleares, da Agência Internacional de Energia Atómica, disse, acrescentando que esta escala «é constituída por 7 níveis. Os níveis de 1 a 3 são designados incidentes e os níveis de 4 a 7, acidentes».
Matos Fernandes deu como exemplo de um evento de Nível 0 «a entrega de um radiofármaco utilizado em medicina nuclear ao hospital errado», ou seja, trata-se de eventos que «não têm significado em termos de segurança, nem impacto nos trabalhadores, na população ou no ambiente».
Espanha informou Portugal
Apesar de os eventos de Nível 0 não terem obrigação legal de reporte ao nível europeu, internacional ou bilateral, «a autoridade reguladora espanhola, através dos mecanismos de notificação bilaterais, disponibilizou a Portugal informação detalhada sobre os eventos ocorridos na Central de Almaraz».
O Ministro disse que a ocorrência de 22 de junho «resultou numa paragem não programada da turbina do reator I, causada pela atuação da proteção elétrica do alternador principal» e que a ocorrência de 27 de junho «provocou a paragem automática e inesperada do reator da unidade II, e sucedeu como resultado da atuação de um dos sistemas de proteção do reator II».
«Segundo a autoridade reguladora espanhola, todos os sistemas da central agiram de acordo com o previsto para estas ocorrências. Ainda de acordo com o Consejo de Seguridad Nuclear, os parâmetros da Central Nuclear de Almaraz encontram-se estáveis e em valores normais e a operar normalmente», afirmou.
Matos Fernandes referiu também que, segundo o Plano Nacional Integrado de Energia e Clima de Espanha, «foi decidido o encerramento de todas as centrais nucleares espanholas de uma forma faseada, entre 2025 e 2035», estando «previsto o encerramento definitivo da Central Nuclear de Almaraz em 2028», sendo «a primeira a encerrar».
Rede nacional de alerta de radioatividade
O Ministro referiu ainda que «em Portugal, a radioatividade no ambiente é monitorizada em contínuo através da RADNET, a Rede Nacional de Alerta de Radioatividade no Ambiente», que «permite a deteção de situações de aumento anormal de radioatividade no ambiente e a disponibilização de informação ao público».
A rede «é constituída por 22 estações, das quais 19 são estações fixas, duas são portáteis e uma está instalada numa viatura», sendo possível «robustecer a rede em caso de emergência e substituir temporariamente estações inoperacionais».
Até ao final do ano, está prevista a instalação de «cinco novas estações: uma de monitorização de radioatividade no ar, na zona norte do distrito de Viana do Castelo (previsivelmente em Monção); uma de monitorização da radioatividade na água no Rio Guadiana (previsivelmente em Juromenha, Alandroal); e três automáticas, para a monitorização de aerossóis radioativos e iodo radioativo, que serão instaladas em Vila Real, Abrantes e Évora».
«Com esta melhoria significativa, Portugal está dotado de uma rede moderna, com maior cobertura territorial e com capacidades para a deteção e identificação dos radioisótopos que estejam na origem de qualquer alarme», disse ainda Matos Fernandes.