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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2021-08-09 às 16h35

«Mais do que salvar o planeta, é salvar-nos a nós próprios como espécie»

Ministro de Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes (foto: PPUE)
O sexto relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas «vem no tempo certo, porque estamos a três meses da Conferência do Clima, e é o tempo de o Mundo assumir o compromisso que a Europa já assumiu e no qual Portugal liderou, que é o de sermos neutros em carbono em 2050», afirmou o Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, numa declaração à Lusa.

No relatório, os cientistas preveem que a temperatura global terá subido 2,7 graus Celsius em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa. O Ministro disse que o relatório tem como grande novidade o ritmo a que o aquecimento global está a acontecer e as consequências que está a provocar.

«Mais do que salvar o planeta, é salvar-nos a nós próprios como espécie», disse, acrescentando que a humanidade não conseguirá «suportar este aumento de temperatura e aquilo que ele provoca dia a dia e os fenómenos extremos que está também a condicionar».

Economia diferente

Por isto, «a economia tem de crescer de forma completamente diferente e com investimentos que sejam focados na sustentabilidade, com a certeza de que esses investimentos vão provocar, ainda mais riqueza e emprego mais qualificado do que os investimentos tradicionais».

Matos Fernandes disse também que «é o tempo de parar de explorar e de continuar a investir na produção de combustíveis fósseis», que provocam a emissão de CO2, lembrando que «Portugal tem feito um caminho, que, obviamente, tem que ser sempre acelerado, que não está isento de falhas», mas que não só no compromisso, como nos investimentos que são consequência desse compromisso, fomos os primeiros do mundo a dizer vamos ser neutros em carbono em 2050».

O Ministro referiu que 38% dos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência são dedicados à ação climática, continuando o que País tem feito para a redução dos gases que produzem efeito estufa, como a compra de 700 autocarros de elevada performance ambiental, os investimentos feitos nos Metro de Lisboa e Porto.

Apontou igualmente que quase 17 mil famílias já apresentaram candidaturas para tornarem os seus edifícios mais eficientes energeticamente.

Pequenos sacrifícios

Todavia, «nunca nada é muito quando se trata de investir para nos salvarmos a nós próprios enquanto espécie do planeta», disse, referindo que «os fenómenos assustadores», como as cheias no centro da Europa, os incêndios na parte oriental da bacia do Mediterrânico e na Califórnia, as temperaturas de 50 graus em Vancouver, no Canadá, têm que fazer as populações pensar, agir e mudar de hábitos.

«É inevitável que o Estado tome as decisões certas e faça os investimentos certos, mas isto não vai lá sem o esforço de todos», esforço que inclui deixar de usar combustíveis fósseis, plástico de uso simples, petróleo, reduzir muito as embalagens, beber água da torneira, utilizar os transportes públicos.

«Tem de haver aqui um pequeno sacrifício da parte de cada um de nós, porque construir o futuro com os instrumentos do passado já sabemos o que é que daí vai resultar: a espécie humana vai desaparecer do planeta», disse Matos Fernandes.