A Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e a Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, visitaram, com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, as instalações do CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto) no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), em Évora.
Durante a visita, os membros do Governo assistiram à apresentação do projeto ATL-100, que «está a ser desenvolvido para a construção integral de uma aeronave no Alentejo, desde o seu desenvolvimento até à sua industrialização, envolvendo Évora, Beja e Ponte de Sor» disse Ana Abrunhosa aos jornalistas à margem da sessão. «É um exemplo» de como se pode «ter ciência» e «tecnologia, envolvendo em rede os atores importantes do território», disse Ana Abrunhosa.
Em declarações aos jornalistas presentes, Ana Abrunhosa afirmou que, «àqueles que não acreditarem no futuro do Interior», do Alentejo e de Portugal, vai continuar a pedir que «abram os olhos». «E quando tiverem os olhos abertos, que venham» ao PACT e às instalações do CEiiA. Para verem que o Interior também é «ciência, empresas e tecnologia de ponta».
O projeto apresentado resulta de uma ‘joint-venture’ entre o CEiiA e a empresa brasileira DESAER e vai beneficiar a região, criando cerca de 1.200 novos postos de trabalho e gerando «atividade económica» com «fornecedores» locais e «parcerias no território», acrescentou a Ministra da Coesão Territorial.
«A fronteira não é o fim do País»
Durante a manhã, a Ministra e a Secretária de Estado participaram nas II Jornadas do Interior, realizadas nas Termas de Monfortinho, em Idanha-a-Nova.
«A fronteira não é o fim do País. Não pode ser mais encarada como tal. Tem de ser um espaço de atração e afirmação, de dinamismo e de prosperidade. Tem de ser, em muitas vertentes, o início de Portugal», disse Ana Abrunhosa no seu discurso na abertura da sessão.
O desenvolvimento transfronteiriço é um objetivo partilhado por Portugal e Espanha e «uma das prioridades da área da Coesão Territorial». «Na nossa estratégia de desenvolvimento comum transfronteiriço, este território é o início, é a nossa porta de entrada. É um território com valores únicos, com condições de qualidade de vida relevantes e que deve ser um espaço de atração e de afirmação», acrescentou.
O interior de Portugal é uma prioridade na convergência com a União Europeia e tem de ser um território «qualificado, tecnológico, inteligente na agricultura, na floresta, na agroindústria, nos serviços, que aposta naquilo que já faz bem e que investe nos projetos, nos investimentos que vão permitir que o futuro seja melhor».
A Ministra lamentou que durante muitos anos a fronteira entre os dois países tenha sido uma barreira, mas por estar distante dos centros de decisão e não por falta de pessoas ou de empresas dinâmicas. «Estes estrangulamentos levaram a que muitos se mudassem, partissem daqui. Para outras regiões, para outros países», disse.
Ana Abrunhosa realçou o papel fundamental que os fundos europeus e a União Europeia desempenharam no período recente e que permitiram servir de base à Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, que está estruturada em cinco eixos: mobilidade transfronteiriça, desenvolvimento económico e inovação, ambiente, energia e cultura.
A Ministra salientou também a importância de a população poder decidir como vai empregar as verbas disponíveis: «Seria incompreensível que não déssemos às regiões - às suas pessoas, autarquias, empresas, centros de conhecimento e sociedade civil - a autonomia para decidir como querem utilizar os fundos europeus. A autonomia, a transparência, a capacitação e a descentralização têm de ser palavras-chave na recuperação, com fundos europeus, desta crise que enfrentamos».